Projeto de estudantes busca meios de conter elevação do nĂvel do mar
O projeto Ă© baseado em modelagem elaborada pelo Climate Central, organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, e prevĂȘ um cenĂĄrio crĂtico de mudanças climĂĄticas, com aumento de 3 metros do nĂvel do mar
Alunos da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e da Universidade de CiĂȘncias Aplicadas de Roterdã, na Holanda, uniram-se para pensar soluções para proteger o Rio de Janeiro da elevação do nĂvel do mar provocada pelas mudanças climĂĄticas. Os estudantes projetaram uma barragem de 9,5 quilômetros de extensão por 11 metros de altura, a ser implantada na Ponte Rio-Niterói, que ajudaria a evitar a inundação de parte dos municĂpios do Rio de Janeiro, incluindo o Aeroporto Internacional Tom Jobim-Riogaleão, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, ItaboraĂ e São Gonçalo.
O projeto é baseado em modelagem elaborada pelo Climate Central, organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, e prevĂȘ um cenĂĄrio crĂtico de mudanças climĂĄticas, com aumento de 3 metros do nĂvel do mar.A UVA foi a Ășnica universidade brasileira a participar do desafio Protecting Delta Cities: International Student Challenge, promovido pela universidade holandesa. A iniciativa teve por objetivo estimular jovens pesquisadores de nove paĂses a pensar em alternativas para proteger cidades localizadas em deltas e regiões litorâneas de um aumento de 3 metros do nĂvel do mar. A lista das cidades potencialmente atingidas incluĂa o Rio de Janeiro; Nova Iorque, nos Estados Unidos; Durban, na África do Sul; e Taipei, na ilha de Taiwan.Segundo Viviane JapiassĂș, professora dos cursos de graduação em Engenharia Ambiental e Mestrado Profissional em CiĂȘncias do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora do projeto Que Chuva É Essa?, na Holanda, a Universidade de Roterdã selecionou grupos de alunos para trabalhar sobre cada cidade. Estes uniram-se aos alunos da UVA em reuniões semanais, durante um mĂȘs, para elaborar uma proposta para a BaĂa de Guanabara.As soluções formuladas pelos grupos foram apresentadas em um seminĂĄrio realizado em novembro deste ano.Viabilização
"A ideia é dar continuidade à colaboração, para ver como viabilizar a proposta e adequar algumas limitações que possam aparecer", disse Viviane à AgĂȘncia Brasil. Na semana que vem, o grupo da UVA terĂĄ uma reunião com representantes da prefeitura do Rio para falar sobre a proposta e os caminhos para viabilizar ou readequar o projeto.
De acordo com a professora, as cidades que estão na ĂĄrea costeira brasileira vão sofrer muito com o aumento do nĂvel do mar.Os alunos da Veiga de Almeida focaram o projeto na BaĂa de Guanabara, levando em conta a grande expertise da Holanda na construção de barragens marĂtimas. Todos os estudantes holandeses que participaram do desafio cursam engenharia civil, enquanto a maioria dos alunos da UVA estudam engenharia ambiental e apenas um, engenharia elétrica. O grupo teve ainda participação de estudante do mestrado profissional em ciĂȘncias do meio ambiente, que integra o projeto de pesquisa e extensão Que Chuva É Essa?, que desenvolve estudos e ações voltados para a redução de riscos de desastres associados a chuvas extremas no Rio."O tempo todo a gente focou na importância socioambiental da BaĂa de Guanabara", disse Viviane. A professora explicou que a solução não poderia se restringir a fechar a BaĂa de Guanabara. A opção pela implantação de uma barragem na ponte, e não na entrada da baĂa, objetivou permitir a circulação de navios no Porto do Rio, facilitando o trĂĄfego marĂtimo de grandes embarcações, além de preservar o ecossistema local, que tem importância socioeconômica para comunidades do entorno, como a de pescadores artesanais."Uma vez que a gente consiga reter a elevação nesse ponto, protegerĂĄ também os municĂpios e o Aeroporto do Galeão, que seria inundado com esses 3 metros de elevação do mar", explicou a professora.Energia
O projeto dos estudantes prevĂȘ ainda a instalação de painéis solares na barragem capazes de gerar mais de 80 megawatts/hora de energia por dia, o suficiente para abastecer mais de 14 mil residĂȘncias da região ou para bombear mais de 2 mil litros de ĂĄgua da baĂa de volta para o mar. Outro potencial de geração de energia descrito no projeto viria do aproveitamento da vibração gerada pelos veĂculos ao passarem na Ponte Rio-Niterói.
Dois rapazes e cinco mulheres formavam o grupo da Universidade Veiga de Almeida, e a turma olandesa tinha somente rapazes. No total, a equipe contou com dez participantes.Uma das estudantes cariocas que integram o grupo é Larissa Stankevicius, que cursa o 8Âș perĂodo de engenharia ambiental. Após o choque cultural inicial, o grupo passou a se encontrar toda semana, para desenvolver a solução, contou Larissa. Ela disse à AgĂȘncia Brasil que é preciso dar continuidade ao projeto, para que este venha a ajudar de alguma maneira, se for possĂvel.O projeto de barragem criado por alunos da UVA e da Holanda pode ser visto no YouTube.
Fonte: AgĂȘncia Brasil