O presidente da RepĂșblica, Jair Bolsonaro, promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. O texto, aprovado pelo Senado em fevereiro do ano passado, foi publicado hoje (11) no DiĂĄrio Oficial da União (DOU). Com a publicação, a convenção é incorporada ao ordenamento jurĂdico nacional e passa a ter o status de emenda à Constituição Federal.
A convenção foi adotada em julho de 2013 pela Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em reunião realizada na Guatemala. O texto define que os paĂses integrantes da OEA devem adotar o compromisso de "prevenir, proibir, punir e erradicar o racismo, a discriminação racial e de todas as formas de intolerância correlatas".
Os Estados se comprometem ainda a adotar medidas ou polĂticas especiais e ações afirmativas "necessĂĄrias para assegurar o gozo ou exercĂcio dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas ou grupos sujeitos ao racismo, à discriminação racial e formas correlatas de intolerância, com o propósito de promover condições equitativas para a igualdade de oportunidades, inclusão e progresso para essas pessoas ou grupos."
A convenção determina ainda que tais medidas ou polĂticas não serão consideradas discriminatórias ou incompatĂveis com o propósito da convenção, não resultando na manutenção de direitos separados para grupos distintos e não se estenderão além de um perĂodo razoĂĄvel ou após terem alcançado seu objetivo.
De acordo com a convenção, os Estados partes deverão formular e implementar polĂticas cujo propósito seja proporcionar tratamento equitativo e gerar igualdade de oportunidades para todas as pessoas. Entre elas, polĂticas de carĂĄter educacional, medidas trabalhistas ou sociais, ou qualquer outro tipo de polĂtica promocional, e a divulgação da legislação sobre o assunto por todos os meios possĂveis, inclusive pelos meios de comunicação de massa e pela internet.
O texto também diz que os sistemas jurĂdicos e polĂticos do Estado devem refletir adequadamente a diversidade de suas sociedades, "a fim de atender às necessidades legĂtimas de todos os setores da população".
A convenção determina que o Estado deve garantir às vĂtimas do racismo, discriminação racial e formas correlatas de intolerância um tratamento equitativo e não discriminatório, acesso igualitĂĄrio ao sistema de justiça, processo ĂĄgeis e eficazes e reparação justa nos âmbitos civil e criminal, conforme pertinente.
Para acompanhar o cumprimento da convenção, o Estado deve criar uma instituição nacional que serĂĄ responsĂĄvel por monitorar o cumprimento das medidas previstas.
Também serĂĄ estabelecido um ComitĂȘ Interamericano para a Prevenção e Eliminação do Racismo, Discriminação Racial e Todas as Formas de Discriminação e Intolerância. Esse comitĂȘ serĂĄ constituĂdo por um perito nomeado por cada Estado Parte, que exercerĂĄ suas funções de maneira independente e cuja tarefa serĂĄ monitorar os compromissos assumidos na convenção.
Além disso, a convenção prevĂȘ ainda que qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental juridicamente reconhecida em um ou mais Estados membros da OEA, pode apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos petições que contenham denĂșncias ou queixas de violação desta convenção por um Estado Parte.
Fonte: AgĂȘncia Brasil