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Crianças com sĂ­ndrome congĂȘnita da zika tĂȘm mais chances de morrer

Um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para SaĂșde (Cidacs), da Fiocruz Bahia, acompanhou 3.308 bebĂȘs

Por Redação em 24/02/2022 às 13:21:07

Um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para SaĂșde (Cidacs), da Fiocruz Bahia, acompanhou 3.308 bebĂȘs com sĂ­ndrome congĂȘnita da zika até os 3 anos de idade e identificou uma mortalidade 11 vezes maior que a das crianças sem a doença. As principais causas das mortes variam de acordo com a idade, e entre elas estão anomalias congĂȘnitas, doenças infecciosas e parasitĂĄrias e causas relacionadas ao sistema nervoso central.

O estudo foi divulgado hoje (24) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na revista cientĂ­fica The New England Journal of Medicine. É a primeira pesquisa a acompanhar crianças diagnosticadas com a sĂ­ndrome até o terceiro ano de vida e faz parte da Plataforma de Vigilância de Longo Prazo para Zika e suas ConsequĂȘncias, coordenada pelo Cidacs/Fiocruz Bahia.

Para chegar a essa amostra de mais de 3 mil crianças com a sĂ­ndrome congĂȘnita, foram analisados dados de mais de 11 milhões de recém-nascidos cadastrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), entre 2015 e 2018.

A sĂ­ndrome congĂȘnita da zika ocorre por alterações no sistema nervoso central dos bebĂȘs causadas quando o vĂ­rus infecta as mães durante a gravidez. A forma mais conhecida da doença é a microcefalia, mas hĂĄ também anomalias funcionais, como a dificuldade para engolir, ou sequelas clĂ­nicas, como a epilepsia.

Entre as mais de 3 mil crianças com a doença acompanhadas, houve 398 óbitos até os 3 anos de idade. Os pesquisadores identificaram que, para bebĂȘs que nascem com menos de 32 semanas ou menos de 1,5 kg, não hĂĄ diferença na mortalidade quando as crianças com a sĂ­ndrome são comparadas com as que não tĂȘm.

JĂĄ para crianças que nascem com 32 a 36 semanas, a sĂ­ndrome causada pelo zika aumenta as chances de morrer até os 3 anos em nove vezes. E para aquelas que nascem após as 37 semanas, esse risco aumenta em 14 vezes.

O estudo mostra ainda que a chance aumentada de morrer se estende por todo o perĂ­odo de vida analisado. Até os 28 dias de vida, o risco é sete vezes maior do que para as crianças sem a sĂ­ndrome. JĂĄ entre 1 e 3 anos de vida, a possibilidade chega a ser 22 vezes maior.

Uma das autoras do estudo, a pesquisadora associada do Cidacs e professora assistente da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) Enny Paixão, explicou à AgĂȘncia Fiocruz de NotĂ­cias que nĂșmeros tão alarmantes requerem ações após o nascimento que ajudem a melhorar a sobrevivĂȘncia dessas crianças. "Precisamos de protocolos pós-natais bem estabelecidos, incluindo intervenção precoce, para ajudar a diminuir sequelas e melhorar a sobrevida delas", defende.

Outra autora do trabalho, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia Glória Teixeira, destacou a importância de aumentar a disponibilidade de leitos neonatais para evitar mortes por sĂ­ndromes congĂȘnitas neurológicas.

"Nós observamos que as crianças morriam com maior frequĂȘncia em localidades com poucos leitos de UTI neonatal. Essas crianças precisam de centros de reabilitação: elas nascem com menos neurônios e com neurônios danificados, mas tĂȘm neurônios passĂ­veis de serem estimulados, o que pode melhorar o processo de cognição e motor", disse à AgĂȘncia Fiocruz de NotĂ­cias.

"É fundamental disponibilizar serviços e profissionais capacitados para o atendimento no nĂ­vel local. Os gestores e técnicos da Vigilância em SaĂșde dos trĂȘs nĂ­veis de gestão devem trocar informações e pensar em estratégias para capilarizar as ações", disse a professora.

As pesquisadoras chamam atenção ainda para relevância da prevenção da infecção pelo vĂ­rus zika, que é uma das arboviroses carregadas pelo mosquito Aedes aegypti. Uma das principais medidas de prevenção contra a proliferação do mosquito é evitar o acĂșmulo de ĂĄgua parada e descoberta, onde o inseto possa depositar seus ovos e se reproduzir.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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