PREFEITURA SANTANA

Câmara conclui votação em primeiro turno da PEC dos BenefĂ­cios Sociais

Parlamentares rejeitaram todos os destaques ao texto

Por Redação em 13/07/2022 às 19:32:33

A Câmara dos Deputados concluiu hoje (13) a votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15 de 2022, que que cria um estado de emergĂȘncia para ampliar o pagamento de benefĂ­cios sociais até o fim do ano. Nesta quarta-feira, os parlamentares rejeitaram todos destaques, ou seja, propostas que ainda poderiam modificar trechos da medida. Entre eles, o que previa a retirada da expressão "estado de emergĂȘncia" do texto.

O texto-base foi aprovado na noite de ontem, mas a sessão foi suspensa em razão de um apagão no sistema de informĂĄtica da Casa.

A PEC dos BenefĂ­cios Sociais gera R$ 41,2 bilhões em despesas excepcionais, ou seja, fora do teto de gastos, divididos entre benefĂ­cios sociais, a exemplo do AuxĂ­lio Brasil e do vale-gĂĄs de cozinha, e econômicos, como a concessão de crédito tributĂĄrio para a redução de impostos para produtores e distribuidores de etanol. As medidas valem a partir do dia 1° de agosto até 31 de dezembro de 2022.

Estado de emergĂȘncia

Para tanto, a PEC estabelece um estado de emergĂȘncia "decorrente da elevação extraordinĂĄria e imprevisĂ­vel dos preços do petróleo, combustĂ­veis e seus derivados e dos impactos sociais deles decorrentes". Na prĂĄtica, é como se o governo declarasse que o paĂ­s vive um momento excepcional, como ocorreu durante a pandemia do novo coronavĂ­rus (covid-19).

Para o deputado Dr. Frederico (Patriotas-MG) a medida é necessĂĄria diante do aumento na expectativa de inflação que atinge o Brasil e vĂĄrios paĂ­ses do mundo. "Se a gente estĂĄ na maior inflação nos Estados Unidos e na Europa dos Ășltimos 40 anos, não dĂĄ para a gente falar que não é uma emergĂȘncia de carĂĄter econômico", defendeu.

Na avaliação do deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), a medida tem um carĂĄter eleitoreiro por permitir que o governo ultrapasse as restrições da legislação eleitoral, que proĂ­be criar ou ampliar benefĂ­cios ou vantagens durante ano eleitoral, exceto nos casos de calamidade pĂșblica, de estado de emergĂȘncia ou de programas sociais autorizados em lei e jĂĄ em execução orçamentĂĄria no exercĂ­cio anterior. "Estamos criando uma geringonça que ninguém sabe como agasalhar, porque não hĂĄ uma regulamentação", criticou Calheiros. "Se os preços dos combustĂ­veis estão elevados é porque o governo estabeleceu uma polĂ­tica que dolarizou o preço do petróleo no Brasil", acrescentou.

Sessão virtual

Antes da votação dos destaques, deputados de diversos partidos criticaram a decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de realizar a sessão de maneira virtual. A decisão ocorreu após a retomada da sessão suspensa na noite de ontem em razão de um "apagão" nos sistemas de informĂĄtica da Casa.

"Sistemas paralelos caĂ­ram ao mesmo tempo, a Câmara ficou sem comunicação. Nossa intenção foi de preservar uma possibilidade regimental para que os deputados pudessem expressar a sua vontade", disse Lira

O deputado Glauber Braga (PSol-RJ) disse que a mudança foi para impedir que a oposição aprovasse um destaque, de autoria do PT, retirando a expressão "estado de emergĂȘncia" da PEC. Segundo Braga, Lira suspendeu a sessão de ontem de maneira antirregimental e chamou sessão virtual hoje para garantir que aliados votassem contra a retirada da expressão.

"Parlamentares aliados dele e da base do governo jĂĄ não mais estão em BrasĂ­lia e ele tem medo de não conseguir votos suficientes para uma PEC que exige 308 votos favorĂĄveis", criticou. "Aqui tem o regimento interno da Câmara. Não tem aqui o regimento interno do deputado Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados", acrescentou Braga.

Deputados da base aliada defenderam a manutenção da expressão, com o argumento de que dĂĄ mais segurança jurĂ­dica para o governo realizar os gastos.

"É importante votarmos o estado de emergĂȘncia porque o Brasil precisa desse respaldo. O governo não estĂĄ usando isso com efeitos eleitorais. Estamos num ano eleitoral, mas em um ano em que estamos saindo de uma pandemia e com uma guerra mundial", defendeu a deputada Soraya Manato (PTB-ES).

Por 361 votos contra e 142 favorĂĄveis, o destaque que queria retirar do texto da PEC a expressão estado de emergĂȘncia foi rejeitado. Entre os destaques rejeitados, estĂĄ ainda o que previa a retirada do texto da expressão "imprevisĂ­vel". Foram 354 contra e 131 a favor.

Os deputados rejeitaram também um destaque do PSB, que retirava do texto a previsão de que o pagamento extra do auxĂ­lio Brasil se darĂĄ no perĂ­odo de cinco meses, até o dia 31 de dezembro de 2022.

O lĂ­der do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), se posicionou contra a iniciativa argumentando que o pagamento teria que ser excepcional, até depois das eleições por ser uma medida emergencial. "O que estamos discutindo agora é uma matéria importante, é um desejo de todos que pudéssemos levar esse aumento de R$ 600 para sempre, mas uma emergĂȘncia não é para sempre. Ela se dĂĄ num determinado momento, numa conjuntura onde temos dois anos de pandemia, guerra da RĂșssia e da Ucrânia, aumento de preços de combustĂ­veis e de energia em todo o mundo, inflação muito elevada", disse Barros.

Ao defender o destaque, o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) afirmou que a intenção era tirar o carĂĄter eleitoreiro da medida e tornar a extensão do benefĂ­cio permanente. "O que a gente estĂĄ propondo é tirar o carĂĄter eleitoreiro, oportunista e dizer que vamos proteger as famĂ­lias brasileiras com fome. Garantir que este auxĂ­lio seja permanente até o momento que não tenhamos mais fome, miséria e não até o momento definido por um governo em sua reta final".

Com a conclusão da votação em primeiro turno, a intenção é concluir a votação do segundo turno ainda nesta quinta-feira. Para tanto, o governo quer aprovar um requerimento com a quebra de interstĂ­cio regimental de cinco sessões, previsto na legislação como prazo para a votação entre os dois turnos.

Edição: Aline Leal

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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