PREFEITURA SANTANA

Comissão aprova anistia a PMs envolvidos no Massacre do Carandiru

Vencidas essas etapas, se aprovado pelos deputados, a proposta vai à anĂĄlise do Senado

Por Redação em 02/08/2022 às 21:17:27

Em sua primeira reunião após o recesso parlamentar de julho, a Comissão de Segurança PĂșblica da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (2) um projeto que defende anistia aos policiais militares processados ou punidos pela atuação no massacre do Carandiru, em 1992. De autoria do deputado Capitão Augusto (PL-SP), apesar de ter avançado hoje, o texto ainda tem longo caminho na Casa. Antes de seguir ao plenĂĄrio, precisa ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Vencidas essas etapas, se aprovado pelos deputados, a proposta vai à anĂĄlise do Senado.

Na justificativa do texto, o parlamentar argumento que, durante uma rebelião, os policiais tĂȘm que agir de maneira proporcional "para conter a violĂȘncia dos rebelados e, assim, cumprir sua missão de manter a ordem pĂșblica". Ele ressaltou que o princĂ­pio da "individualização da pena" não é respeitado quando os episódios relacionados ao massacre são julgados e os policiais acabam condenados "somente por estarem no local do fato".

O texto concede anistia aos crimes previstos no Código Penal, nas leis penais especiais, no Código Penal Militar e nas infrações disciplinares conexas. "Após quase 30 anos, policiais que atuaram nesse fatĂ­dico episódio ainda enfrentam, de forma injusta e desproporcional, processos judiciais que preveem condenações que vão 48 a 632 anos de prisão, mesmo sendo impossĂ­vel determinar se houve excesso doloso ou culposo e ainda individualizar qualquer conduta dos policiais. Sem um deslinde final até a data de hoje, esse caso se tornou um dos imbróglios jurĂ­dicos mais longos da história desse paĂ­s", avaliou Capitão Augusto.

Para o parlamentar, não hĂĄ qualquer respaldo constitucional para a condenação desses profissionais sem elementos individualizados que apontem a relação entre os fatos delituosos e a autoria.

Durante o debate, o Ășnico contrĂĄrio foi o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). Em outra reunião do colegiado, o parlamentar jĂĄ havia apresentado um pedido vistas da matéria, que voltou à pauta hoje. "Eu não quero ser aqui de forma nenhuma ser leviano, desinteressado na matéria, mas ela é fruto de uma série de narrativas que não correspondem à realidade. Acho que a comissão erra ao, sem ter uma unanimidade, aprovar algo tão delicado", disse.

Histórico

No dia 2 de outubro de 1992, 111 detentos morreram no massacre durante invasão da PolĂ­cia Militar a fim de conter rebelião na Casa de Detenção que ficava na Zona Norte de São Paulo. Os policiais foram julgados e condenados a penas que variavam de 48 a 624 anos de prisão. À época, os PMs alegaram que atiraram nos presos para se defender e que cumpriam ordens superiores.

Ao todo, entre 2013 e 2014, 74 policiais foram julgados e condenados à prisão. Somente um dos agentes estĂĄ preso, mas por outros crimes. Os demais continuam em liberdade. Em 2016, as condenações foram anuladas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu as condenações.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro

ComentĂĄrios

DETRAN AL