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Mapa Social do Corona destaca ações comunitĂĄrias no combate à pandemia

Estudo aponta importância do trabalho voluntĂĄrio e social no perĂ­odo

Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 07/02/2023 às 20:02:37
© Divulgação/Observatório de Favelas

© Divulgação/Observatório de Favelas

A 14ÂȘ edição do Mapa Social do Corona, divulgada hoje (7) pelo Observatório de Favelas, evidencia que a chamada pĂșblica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para ações emergenciais de enfrentamento à covid-19 em favelas do Rio de Janeiro foi uma polĂ­tica pĂșblica inovadora ao reconhecer o protagonismo das representações locais.

Segundo a entidade, 54 organizações da sociedade civil, distribuĂ­das em favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro e da Costa Verde, foram contempladas pela chamada pĂșblica com financiamento para realização de ações contra o novo coronavĂ­rus. O edital contou com recursos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no total de R$ 20 milhões, com repasse feito com base na Lei 8.803/20.

Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, o coordenador do Eixo de PolĂ­ticas Urbanas do Observatório de Favelas, Aruan Braga, disse que o relatório, o primeiro de 2023, reforça a importância do trabalho voluntĂĄrio e social feito em 2021 e 2022por organizações e lideranças comunitĂĄrias durante a pandemia da covid-19. O mapa tem foco na atuação das organizações Museu Sankofa da Rocinha, na zona sul; Centro de Integração da Serra da Misericórdia, na Penha, zona norte; e Fundação Angélica Goulart, em Pedra de Guaratiba, zona oeste do Rio.

Segundo Braga, as 54 organizações beneficiadas pelo edital jĂĄ vinham desenvolvendo ações de enfrentamento à covid-19 em seus territórios e receberam financiamento para fortalecer atividades ao longo de 2021 e 2022, quando o edital foi pago. "Estamos falando de uma polĂ­tica pĂșblica que conseguiu efetivar para a população de favela, sobretudo para as organizações e lideranças comunitĂĄrias, um suporte para a luta, para as ações que jĂĄ vinham sendo desenvolvidas no enfrentamento da pandemia", afirmou.

De acordo com Braga, o que se percebeu no perĂ­odo foi que as organizações, coletivos e associações de moradores promoveram as primeiras reações dos territórios populares para enfrentar a pandemia. "As ações pĂșblicas mais concretas vieram só muito tempo depois. Na primeira ação de mitigação dos danos da pandemia, as organizações e coletivos foram fundamentais. E a polĂ­tica pĂșblica veio para coroar e fortalecer esse processo."

Braga explicou que isso pôde ser feito porque a chamada pĂșblica permitiu qualificar as ações e ampliar o nĂșmero de beneficiados. Para ele, a chamada da Fiocruz permitiu também desenvolver institucionalmente os coletivos e organizações. Além do suporte emergencial no cenĂĄrio da pandemia, Braga diz que é possĂ­vel haver um efeito mais longevo de fortalecimento das organizações, que continuarão a desenvolver seus trabalhos no médio e longo prazos.

Exemplos

Na avaliação de Aruan Braga, os territórios da Rocinha, da Penha e de Guaratiba são exemplares para entender como as ações de enfrentamento da pandemia vinham sendo realizadas pelas organizações locais. Nas favelas da Penha e de Pedra de Guaratiba, foram ações voltadas para a segurança e soberania alimentar, um dos principais desafios enfrentados pelas comunidades ao longo da pandemia. Isso foi disseminado na maior parte dos demais territórios analisados. "Mais de 80% dessas organizações também atuaram com a segurança alimentar, a soberania alimentar, nos territórios populares".

Na Rocinha, a preocupação foi desenvolver ações de comunicação e orientação para o território. O Observatório de Favelas percebeu que as informações não chegavam aos territórios ou, quando chegavam, não tinham conexão com a realidade local. "A simples orientação para lavar as mãos era inviabilizada com frequĂȘncia em diversas favelas que não tinham abastecimento de ĂĄgua regular, por exemplo."

O que o coletivo da Rocinha fez foi organizar e disseminar as informações com precisão, com responsabilidade, no território, para que as comunidades tivessem mais legitimidade nas ações para evitar a contaminação pela covid-19. Os trĂȘs casos foram exemplares entre as ações efetivadas nas favelas, enfatizou Braga.

De acordo com Braga, isso reforça a importância das medidas adotadas, sobretudo quando se pensa em cenĂĄrios crĂ­ticos como o da pandemia, que tendem a agravar, em momentos futuros de crise, as desigualdades entre as populações mais vulnerabilizadas hoje,.

No inĂ­cio de março, o Observatório de Favelas deve lançar a 15ÂȘ edição do Mapa Social do Corona, com o relatório focado em educação, refletindo e aprofundando a anĂĄlise sobre as desigualdades educacionais durante a pandemia. Nesse perĂ­odo, o acesso das crianças à escola foi afetado de maneira significativa, bem como a socialização delas no ambiente escolar, que foi interrompida durante a pandemia.

Edição: NĂĄdia Franco

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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