PREFEITURA SANTANA

Governo edita medidas para dar protagonismo a catadores de reciclĂĄveis

Presidente Lula recria Programa Pró-Catador

Por Agência Brasil - Brasília em 13/02/2023 às 19:52:01
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva assinou hoje (13) decreto que institui o Programa Diogo Sant"ana Pró-Catadoras e Catadores para a Reciclagem Popular, uma atualização do antigo Programa Pró-Catador, extinto em 2020. O objetivo é colocar novamente os catadores como atores centrais na cadeia de reaproveitamento de materiais reciclĂĄveis e reutilizĂĄveis no Brasil e realizar uma mudança no modelo atual de economia circular e logĂ­stica reversa do paĂ­s.

Lula também assinou também decreto que revĂȘ conceitos da logĂ­stica reversa, que revoga o programa Recicla+, lançado no ano passado, e institui trĂȘs novos instrumentos: o Certificado de Crédito de Reciclagem; o Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral; e o Crédito de Massa Futura.

NotĂ­cias relacionadas:

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que os catadores fazem a parte mais importante e mais difĂ­cil do gerenciamento de resĂ­duos, "coletando materiais nas ruas, em pontos de coletas seletivas e até mesmo em circunstâncias bastante penosas e inaceitĂĄveis, como é o caso dos lixões".

"Graças ao trabalho deles é possĂ­vel que grande parte dos resĂ­duos retornem ao ciclo produtivo como matéria-prima, diminuindo a emissão de gases e evitando que sejam depositados em lixões, contaminando o solo, a ĂĄgua e causando doenças", disse. "Ao mesmo tempo, fazer apoio a esse segmento da sociedade é um beneficio social, ambiental e compromisso ético e politico de cuidar do meio ambiente ao mesmo tempo em que se cuida das pessoas", completou.

Segundo Marina, os dois decretos trazem instrumentos que possibilitarão aos catadores receber um adicional à renda. "E que esse pagamento possa ser feito de forma a que o catador não tenha que ficar dependendo apenas daquele que vai comprar o seu material, porque antecipadamente ele jĂĄ tem esse direito como se fosse espécie de crédito pelo trabalho que presta", explicou, sem detalhar a medida.

A ministra destacou ainda que dar protagonismo à classe dos catadores é uma forma de combater o racismo ambiental. "A maior parte das pessoas que trabalham com materiais reciclĂĄveis são pessoas pretas, sobretudo mulheres chefes de famĂ­lias, que são obrigadas a buscar essa alternativa para poder sobreviver", disse. "Por isso, quando se faz polĂ­ticas pĂșblicas que restauram a dignidade, que os tratam como profissionais, que os remuneram para além dos materiais que são coletados mas pelo trabalho que prestam de serviços ambientais à comunidade, é uma forma de combate o racismo ambiental", ressaltou.

Apoio financeiro

Os decretos foram elaborados por um grupo técnico de trabalho coordenado pela Secretaria-Geral da PresidĂȘncia da RepĂșblica. O grupo contou, ao longo de 12 reuniões, com a participação de representantes das cooperativas de catadores de materiais reutilizĂĄveis e reciclĂĄveis e do setor empresarial que atua na polĂ­tica de logĂ­stica reversa, além de membros convidados de oito órgãos governamentais.

Para o ministro da Secretaria-Geral, Marcio MacĂȘdo, os catadores realizam um serviço de utilidade pĂșblica de preservação ambiental e não podem estar no mesmo patamar que empresas e cooperativas de catadores na cadeia da logĂ­stica reversa, que tem tecnologia para processar os materiais. Ainda assim, segundo ele, é preciso "reconhecer o papel das empresas na medida correta da sua contribuição, da importância da reciclagem para alavancar a economia".

"O novo decreto reconhece o papel das empresas, recoloca os atores centrais do processo de reciclagem no seu devido lugar, ajusta os mecanismos da logĂ­stica reversa para que catadores, individualmente ou em cooperativas, possam continuar exercendo sua profissão com dignidade", disse.

Segundo MacĂȘdo, as instituições financeiras - BNDES, Caixa e Banco do Brasil – se colocaram à disposição para criarem medidas indutoras e linhas de financiamento para execução dos projetos do Programa Pró-Catador para reciclagem popular, para dar iguais condições de se tornarem empreendedores nas mesmas condições que a indĂșstria. Entre os projetos, ele citou construção e ampliação de unidades de recuperação de reciclĂĄveis, aquisição de equipamentos e de veĂ­culos para coleta e transporte de materiais.

"É fundamental ter apoio financeiro de implementação de projetos de coleta e reciclagem, contemplando intervenções que visam contribuir para aumentar postos de trabalho e capacidade de beneficiamento dos resĂ­duos passĂ­veis de reciclagem, bem como melhorar as condições de trabalho e renda dos catadores", disse MacĂȘdo.

Monitoramento

Os decretos também instituem o ComitĂȘ Interministerial para Inclusão Socioeconômica das Catadoras e dos Catadores de Materiais ReutilizĂĄveis e ReciclĂĄveis. O órgão terĂĄ como objetivo a coordenação, a execução e realização do acompanhamento, do monitoramento e da avaliação do programa.

Ele serĂĄ formado por representantes de 15 pastas. Da PresidĂȘncia, integram a Secretaria-Geral, a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais, e os ministérios da Justiça e Segurança PĂșblica; Educação; SaĂșde; Trabalho e Emprego; Meio Ambiente e Mudança do Clima; Desenvolvimento e AssistĂȘncia Social, FamĂ­lia e Combate à Fome; Cidades; Planejamento e Orçamento; Gestão e Inovação em Serviços PĂșblicos; Direitos Humanos e Cidadania; Mulheres e Igualdade Racial.

Os trabalhos serão coordenados pela Secretaria-Geral.

Homenagem

O Programa Pró-Catador foi criado durante o segundo governo do presidente Lula, em 2010, e reunia ações de apoio a trabalhadores de baixa renda que se dedicavam a coletar materiais reutilizĂĄveis e reciclĂĄveis. Em 2020, o programa foi extinto e, agora, com a recriação, serĂĄ rebatizado.

A pedido dos catadores, receberĂĄ o nome de Diogo Sant'ana, em homenagem ao advogado e professor que, em 2010, foi responsĂĄvel pelo programa no âmbito da Secretaria-Geral da PresidĂȘncia. Ele faleceu em 31 de dezembro de 2020 aos 41 anos de idade. Além da Secretaria-Geral, Diogo Sant"ana também trabalhou no gabinete da PresidĂȘncia da RepĂșblica e na Casa Civil durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.

"Pessoas que tĂȘm um coração do tamanho do que o Diogo tinha não morrem nunca", disse Lula durante seu breve discurso. "O corpo vai embora, mas os ideais do Diogo estão perambulando aqui na cabeça de cada catador e catadora", completou.

Edição: Fernando Fraga

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro

ComentĂĄrios

DETRAN AL