Após anos de espera, 684 famĂlias vão receber apartamentos construĂdos pelo programa Minha Casa, Minha Vida em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. As obras dos dois conjuntos habitacionais foram contratadas em 2013. A maior parte dos desembolsos, segundo dados disponibilizados pelo governo federal, foi feita em 2015 e 2016.
No entanto, os prédios praticamente acabados não foram ocupados e, com isso, se deterioraram e sofreram até com furtos de instalações elétricas e peças de acabamento. Foram necessĂĄrias reformas para que eles possam ser entregues hoje (14). O Residencial Vida Nova Sacramento tem 244 unidades habitacionais, com um investimento de R$ 14,6 milhões, e o Residencial Vida Nova Santo Amaro I é composto por 440 apartamentos, com investimento de R$ 26,4 milhões.
Com o companheiro EmĂdio Barbosa, a dona de casa Sandra Cristina dos Santos, de 48 anos, também visitou o apartamento enquanto o condomĂnio passava pela Ășltima vistoria e limpeza antes de ser entregue aos novos moradores. "Mais de dez anos que estou esperando. Agradeço a Deus por ter saĂdo", afirma.
Sandra diz que estĂĄ endividada pelo empréstimo consignado oferecido a partir do AuxĂlio Brasil, no ano passado, e que vai se mudar com a mobĂlia antiga mesmo. "Eu não tenho muitos móveis, mas tenho umas besterinhas. Os meus bagulhos vou trazer". O filho Emanuel, de 13 anos, estĂĄ empolgado com a infraestrutura de lazer oferecida no local. "Meu filho ficou alegre por causa das quadras, ele gosta bastante de futebol. O sonho dele é ser jogador", conta.
O Ministério das Cidades informou que fez uma série de esforços nos Ășltimos 30 dias para garantir que as obras paralisadas do Minha Casa, Minha Vida fossem entregues. A pilha de processos que chegou no Ășltimo mĂȘs à mesa da coordenadora de Habitação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Santo Amaro, Maria da Purificação Ribeiro, confirma isso. Ela conta que esperou, durante todo o ano passado, que os processos fossem enviados pela Caixa Econômica Federal e agora tem que se desdobrar para dar conta da demanda.
Os imóveis destinados à Faixa 1, com renda de até R$ 2,6 mil, atendem, de acordo com ela, a muitas famĂlias em grande vulnerabilidade. Ribeiro explica que nas ĂĄreas rurais do municĂpio muitas pessoas vivem em casas de taipa, sem acesso a saneamento ou em ĂĄreas de risco. A pasta não conta com dados precisos sobre as necessidades de moradia no municĂpio. Porém, só na enchente de 2015, chegaram a ficar desalojadas 757 famĂlias, o que dĂĄ uma dimensão de quantas pessoas vivem em situação precĂĄria.
Como parte das exigĂȘncias do Minha Casa, Minha Vida, a secretaria vai apoiar os novos moradores na organização coletiva necessĂĄria para gerir os espaços de uso comum. "Nós vamos orientĂĄ-los a se organizar como condomĂnio. Existem praças, parques e quiosques que são de uso comum. Então, a gente vai orientar como vão usar para preservar aquele lugar", diz.
Além disso, como as experiĂȘncias das famĂlias são muito diferentes, Ribeiro destaca que é preciso trazer também orientações de como lidar com o novo patrimônio. "Fazer com que as pessoas desenvolvam o sentimento de pertencimento, que aquela casa é sua. Porque muitas famĂlias nunca tiveram um lugar. SaĂam de um lugar para o outro. Nunca souberam o que é um banheiro, coleta de lixo", acrescenta.
*Matéria foi atualizada às 12h45 para revisão de informação
Edição: Graça Adjuto
Fonte: AgĂȘncia Brasil