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Metade das crianças com sĂ­ndrome do zika não frequenta escola no RJ

Pesquisa da UFRRJ propõe frentes de ação para reverter o quadro

Por Fabiana Sampaio - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro em 15/02/2023 às 20:34:48
Imagem de 41330 por Pixabay

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Mais da metade das crianças da Baixada Fluminense com a sĂ­ndrome congĂȘnita associada à infecção pelo vĂ­rus Zika não frequenta a escola.

Uma pesquisa liderada pela professora MĂĄrcia Pletsch, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), tenta reverter esse quadro a partir de vĂĄrias frentes de ação.

Além da avaliação dessas crianças e anĂĄlise da realidade das famĂ­lias, a pesquisa desenvolve ações de acompanhamento da escolarização e desenvolvimento nas escolas, focando também na formação de professores, além de avaliar as ações intersetoriais dos municĂ­pios.

Um dos motivos para que essas crianças em idade escolar estejam fora do ensino formal, segundo Marcia Pletsch, foi a adoção do ensino remoto em 2020, que acabou se estendendo em alguns locais até meados do ano passado.

Mas, de acordo com a pesquisadora, além de outros problemas, como dificuldades econômicas e de locomoção, também hĂĄ medo e insegurança por parte das famĂ­lias.

"A gente tem esclarecido, e tem dados da pesquisa [de quem matriculou a criança] dos aspectos positivos dessa matrĂ­cula. As próprias famĂ­lias, as mães das crianças, nos colocaram a importância da entrada de seus filhos na escola, não só para o desenvolvimento dessas crianças, mas também para a melhora da sua condição de saĂșde, de seu bem estar. E também para as próprias mães, que tĂȘm agora um tempo pra si".

Um dos grandes desafios na escolarização das crianças com a sĂ­ndrome congĂȘnita do zika vĂ­rus, segundo Marcia Pletsch, é pensar ações e polĂ­ticas municipais envolvendo educação, saĂșde, assistĂȘncia social, além de secretarias, como as de transporte.

"A questão da intersetorialidade estĂĄ prevista na legislação brasileira, tanto na Lei Brasileira de Inclusão, como também na PolĂ­tica Nacional de Educação Especial em uma Perspectiva Inclusiva, de 2008, e a gente ainda tem uma fragilidade enorme das ações desenvolvidas localmente. De maneira geral, quando elas ocorrem, elas ocorrem focando a assistĂȘncia e a saĂșde, e não envolvem a educação. HĂĄ a necessidade de articular essas polĂ­ticas e essas ações intersetoriais junto com a educação."

O projeto jĂĄ criou um aplicativo com 100 atividades para trabalhar a comunicação e ampliar a interação dessas crianças com os familiares e em sala de aula. Além disso, também gerou formação continuada para mais de 1,4 mil profissionais de educação que atuam em diferentes redes de ensino do Estado.

As iniciativas para a escolarização dessas crianças reĂșnem 11 municĂ­pios, sendo nove da Baixada Fluminense e dois da região Sul do estado.

A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento CientĂ­fico e Tecnológico (CNPQ).

Edição: Denise Griesinger

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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