Campinas, no interior paulista, tem enfrentado sobrecarga nos leitos para atendimento de recém-nascidos, segundo a prefeitura do municĂpio. Desde o segundo semestre de 2021, o hospital da Universidade Estadual de Campinas (Caism - Unicamp) estĂĄ em reforma o que, segundo a administração municipal, tem pressionado o atendimento em outras instituições.
A unidade de terapia intensiva (UTI) da Maternidade de Campinas, hospital filantrópico da cidade, estĂĄ com mais da metade dos leitos interditados pela Vigilância SanitĂĄria devido a falta de médicos. Das 36 vagas disponĂveis na UTI do hospital, 20 não podem ser utilizadas pela carĂȘncia de profissionais de saĂșde.
A maternidade foi multada na Ășltima sexta-feira (24) por manter 31 bebĂȘs na UTI. O hospital diz que as crianças foram mantidas na unidade porque não foram disponibilizados outros leitos na rede do Sistema Ănico de SaĂșde (SUS) para receber os pacientes. "Por princĂpio ético, moral e legal, as gestantes e os bebĂȘs receberam todo o atendimento médico adequado e necessĂĄrio aos recém-nascidos, prematuros, que precisaram ser internados na Unidade de Terapia Intensiva, mesmo com o nĂșmero de leitos ocupados sendo superior ao determinado pela Vigilância SanitĂĄria", diz a nota da maternidade.
Segundo a prefeitura de Campinas, gestantes com risco de parto prematuro tĂȘm sido encaminhadas para o Hospital da PontifĂcia Universidade Católica e para o Caism da Unicamp. De acordo com a administração municipal, a quantidade de leitos disponĂveis no municĂpio atende ao estipulado pelo Ministério da SaĂșde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
A prefeitura disse, em nota, que vai solicitar à Secretaria Estadual de SaĂșde a ampliação urgente dos leitos neonatais no Hospital de Sumaré, municĂpio da Região Metropolitana de Campinas, para garantir o atendimento à população.
A prefeitura de Campinas investiga a suspeita de que trĂȘs bebĂȘs morreram na Maternidade de Campinas por diarreia. O hospital reconhece que enfrentou um surto da doença entre os dias 6 e 9 de fevereiro. Mas, segundo a instituição, o problema foi controlado e não hĂĄ ligação com a morte do recém-nascido ocorrida na Ășltima quinta-feira (23).
Em nota, a maternidade destaca que são atendidos na unidade bebĂȘs em risco. "A UTI Neonatal atende recém-nascidos a partir de 390 gramas, com malformações e outras comorbidades, sendo referĂȘncia para prematuridade extrema". Sobre os outros dois casos, ainda são aguardados os resultados dos exames laboratoriais.
A maternidade diz que a falta de profissionais para manter o adequado funcionamento da UTI acontece devido a escassez de profissionais no mercado e às dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição. O hospital entrou em recuperação judicial em agosto do ano passado.
O hospital filantrópico afirma que teve a situação financeira agravada com a pandemia de covid-19 que "acarretou um grande aumento das despesas e impactou na receita proveniente dos convĂȘnios privados e particulares". Segundo a maternidade, 60% dos atendimentos são feitos pelo SUS, mas, apenas 40% das receitas chegam pela rede pĂșblica.
A maternidade faz 750 partos por mĂȘs, sendo 60% deles pelo SUS. A unidade tem mil funcionĂĄrios diretos e 600 indiretos.
A instituição, que tem 109 anos de existĂȘncia, lançou uma campanha de arrecadação para tentar equilibrar as contas.
Edição: Valéria Aguiar
Fonte: AgĂȘncia Brasil