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Terras indĂ­genas ajudam a evitar casos de doenças respiratórias

Estudo revela que ĂĄreas protegem comunidades a 500 km de distância

Por Letycia Bond -- Repórter da Agência Brasil - São Paulo em 12/04/2023 às 20:24:06
© Divulgação TV Brasil

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Uma pesquisa divulgada na revista Communications, Earth & Environment, do grupo Nature, revela que as terras indĂ­genas da Amazônia Legal podem absorver 26 mil toneladas de poluentes lançados no ar por queimadas, todos os anos. Com isso, evitam-se cerca de 15 milhões de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares e, como consequĂȘncia, o Sistema Único de SaĂșde (SUS) pode economizar US$ 2 bilhões.

O estudo Protecting Brazilian Amazon Indigenous territories reduces atmospheric particulates and avoids associated health impacts and costs analisou Ă­ndices de uma década para chegar às conclusões. Os autores do trabalho são pesquisadores da Clark University, EcoHealth Alliance, George Mason University, Universidade Nacional Autônoma do México e da Universidade de São Paulo.

Segundo a bióloga e ecóloga Paula Prist, pesquisadora sĂȘnior da EcoHealth Alliance e principal autora do estudo, foram fontes dos dados o DataSUS e relatórios de satélites da Nasa e do MapBiomas. "Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, em que havia ecólogos de paisagem, epidemiologistas, economistas ambientais, especialistas em sensoriamento remoto e em anĂĄlise de dados, para saber qual seria a melhor fonte de dados, como acessĂĄ-los e, depois, como trabalhar com esses dados", disse à AgĂȘncia Brasil.

Entre os nĂșmeros em destaque, que se relacionam, estĂĄ o volume de partĂ­culas liberadas por queimadas, a cada ano, no perĂ­odo de seca, que começa em julho, é de 1,7 tonelada, resultando em 2 milhões de casos de doenças cardiovasculares e respiratórias. Para mensurar as emissões, o que se fez foi reunir dados de mapeamento de satélite.

De acordo com os pesquisadores, terras indĂ­genas com floresta mais encorpada tĂȘm assegurado a proteção de populações rurais e também urbanas, situadas, muitas vezes, a uma grande distância, do lado sudeste da Amazônia, no chamado "arco de desmatamento" – nome dado à região por causa da perda da maior parte da cobertura florestal, em decorrĂȘncia do avanço de atividades legais e ilegais, como o agronegócio, o garimpo e a grilagem.

O que a anĂĄlise demonstra é que as terras indĂ­genas protegem populações que podem estar a 500 quilômetros de onde ocorrem os incĂȘndios. Sozinho, um conjunto de cinco territórios chega a responder por 8% da capacidade de absorção das partĂ­culas dos incĂȘndios, destacam os autores do estudo.

No artigo que sintetiza o trabalho desenvolvido, os pesquisadores afirmam que os incĂȘndios florestais nos paĂ­ses de floresta tropical são responsĂĄveis por 90% das emissões globais de partĂ­culas liberadas pelas queimadas, incluindo aqueles que ficam na Bacia do Rio Amazonas. Outro fator importante é que as florestas de folhas largas da Amazônia tĂȘm mais probabilidade do que as florestas de outros biomas de liberar aerossóis carbonĂĄceos negros e orgânicos, os principais componentes das partĂ­culas finas que aumentam a incidĂȘncia de doenças respiratórias e cardiovasculares na região.

Para Paula Prist, o principal objetivo do estudo é provocar uma reação no poder pĂșblico, para que busque ações efetivas de preservação de ĂĄreas de floresta. Em entrevista, Paula disse que foram confirmadas as hipóteses sobre a contribuição das terras indĂ­genas para a saĂșde humana. Porém, a equipe não dimensionou tão bem o benefĂ­cio que as zonas de floresta densa trazem ao coletivo, afirmou.

A pesquisadora disse que houve duas grandes novidades: não se imaginava que a distância importasse tanto, e os resultados mostraram que sim, que mesmo terras indĂ­genas distantes conseguem fornecer esse serviço e resguardar a saĂșde das populações. Imaginava-se que fosse um efeito mais local, ressaltou Paula. "A outra novidade é que a gente não esperava encontrar dados tão altos, nĂșmeros tão altos. A gente esperava que isso teria um custo, sim, e que ia ter um monte de casos evitados, mas que [os nĂșmeros] não seriam tão grandes quanto os que a gente encontrou."

Edição: NĂĄdia Franco

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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