PREFEITURA SANTANA

SĂ­filis congĂȘnita matou mais de 2,4 mil bebĂȘs em sete anos

Transmissão na gestação pode ser evitada com tratamento

Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 18/04/2023 às 19:13:49
© Rovena Rosa/Agência Brasil

© Rovena Rosa/Agência Brasil

A sĂ­filis congĂȘnita, transmitida para os bebĂȘs durante a gestação, pode dobrar o risco de mortalidade até os 2 anos de idade. Entre 2011 e 2017, causou 2.476 mortes de bebĂȘs e crianças. Os dados, divulgados nesta terça-feira (18) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram levantados por pesquisadores de diversas instituições e resultaram em um estudo publicado na revista cientĂ­fica PLOS Medicine.

A transmissão da mãe para o bebĂȘ durante a gestação pode ser evitada com tratamento, e um alto Ă­ndice de sĂ­filis congĂȘnita é indicador de deficiĂȘncias na rede da assistĂȘncia. O rastreamento da sĂ­filis durante a gestação é considerado simples, com realização de teste durante o pré-natal, assim como o tratamento, que precisa se estender ao parceiro ou parceira sexual da mãe para evitar que ocorra reinfecção.

Segundo o estudo, foram registrados 93.525 casos de sĂ­filis congĂȘnita no paĂ­s entre 2011 e 2017, que causaram 2,4 mil mortes, sendo a maior parte no primeiro ano de vida. Entre as crianças diagnosticadas, 17,3% nasceram prematuras, 17,2% com baixo peso ao nascer e 13,1% eram pequenas para a idade gestacional.

Os pesquisadores alertam que o nĂșmero de casos aumentou depois do perĂ­odo estudado, chegando a 27.019 apenas em 2021, segundo boletim epidemiológico do Ministério da SaĂșde. Além disso, eles suspeitam que pode haver subnotificação, porque o levantamento encontrou óbitos por sĂ­filis congĂȘnita que não tinham sido notificados.

Desigualdade

O estudo mostra que, entre os mais de 93 mil casos de sĂ­filis congĂȘnita diagnosticados no perĂ­odo estudado, 65,59% receberam tratamento incompleto durante a gravidez, e quase 30% das mães não teve acesso a nenhum tratamento.

A incidĂȘncia da doença afeta sobretudo a população mais vulnerĂĄvel, com taxas mais altas entre filhos de mulheres jovens, pretas e pardas e com poucos anos de escolaridade. Entre as mães que não receberam tratamento adequado, 44,84% frequentaram a escola por menos de 7 anos e 76% eram pretas ou pardas.

Doença silenciosa

A pesquisadora Enny Paixão, associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia e à London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), liderou o estudo. Ela explicou que a maioria dos bebĂȘs é assintomĂĄtica ao nascer ou apresenta sinais e sintomas inespecĂ­ficos. No grupo pesquisado, aproximadamente 10% das crianças tinham sintomas registrados, sendo os mais comuns a icterĂ­cia (coloração amarelada da pele, olhos e mucosa), o aumento do tamanho do fĂ­gado e a anemia.

Outra dificuldade para o diagnóstico do bebĂȘ é que não existe teste laboratorial confiĂĄvel que identifica bebĂȘs assintomĂĄticos no nascimento. Com isso, os bebĂȘs podem ficar sem acesso ao tratamento necessĂĄrio para mitigar as consequĂȘncias da infecção em sua saĂșde, até que algum sintoma apareça.

A pesquisa acompanhou dados de 20 milhões de crianças nascidas no paĂ­s, por meio do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-SĂ­filis). Participaram do trabalho o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para SaĂșde (Cidacs/Fiocruz Bahia), o Instituto de SaĂșde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Isc/Ufba), o Instituto de MatemĂĄtica e EstatĂ­stica da Ufba, aa London School of Hygiene and Tropical Medicine, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e a Escola Nacional de SaĂșde PĂșblica (Ensp/Fiocruz).

Edição: Fernando Fraga

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro

ComentĂĄrios

DETRAN AL