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Violações sexuais contra crianças crescem quase 70% no Brasil

Dados são relativos aos quatro primeiros meses deste ano

Por Beatriz Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - Brasília em 17/05/2023 às 18:58:09
© Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil

© Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil

Sinais sutis como agressividade, falta de apetite e isolamento social podem denunciar que algo errado estĂĄ ocorrendo na vida de uma criança ou adolescente. É o que afirma a pedagoga e diretora de uma escola em BrasĂ­lia, Carol Cianni.

O abuso sexual é uma das causas de comportamentos assim e o crescimento desse tipo de crime no Brasil assusta. Só nos quatro primeiros meses deste ano, 17,5 mil violações sexuais contra crianças ou adolescentes foram registradas pelo Disque 100. Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e apontam um aumento de quase 70% em relação ao mesmo perĂ­odo de 2022.

Nos quatro primeiros meses de 2023, foram registradas, ao todo, 69,3 mil denĂșncias e 397 mil violações de direitos humanos de crianças e adolescentes, das quais 9,5 mil denĂșncias e 17,5 mil violações envolvem violĂȘncias sexuais fĂ­sicas – abuso, estupro e exploração sexual – e psĂ­quicas.

A casa da vĂ­tima, do suspeito ou de familiares estĂĄ entre os piores cenĂĄrios, com quase 14 mil violações. Ainda nos quatro primeiros meses do ano, foram registradas 763 denĂșncias e 1,4 mil violações sexuais ocorridas na internet. Em todo o ambiente virtual, houve registros de exploração sexual, com 316 denĂșncias e 319 violações; estupro, com 375 denĂșncias e 378 violações; abuso sexual fĂ­sico, com 73 denĂșncias e 74 violações; e violĂȘncia sexual psĂ­quica, com 480 denĂșncias e 631 violações.

Os dados foram consolidados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) por ocasião do Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, lembrado nesta quinta-feira (18).

Como identificar que uma criança ou adolescente estĂĄ sofrendo algum tipo de violĂȘncia sexual? Mais importante que isso é saber orientar os jovens sobre como se defender desse tipo de situação.

Prevenção

Carol Cianni destaca que a famĂ­lia e a escola tĂȘm papel fundamental na prevenção. Para ela, levar o tema para a sala de aula de forma leve e assertiva, explicando que o corpo é algo Ă­ntimo e sagrado, ajuda no entendimento dos alunos. Ela diz, também, que a escola precisa ficar atenta a qualquer mudança no comportamento dos alunos para intervir de forma rĂĄpida.

"Na escola, os professores observam tudo: como a criança brinca, como ela se alimenta, como ela deita para relaxar na hora do descanso e como se relaciona com os colegas. Então, temos uma observação atenta a todos os detalhes do comportamento da criança para que a gente possa ajudĂĄ-la. Isso porque os pedidos de socorro dos pequenos vĂȘm de forma muito sutil", explica.

Alerta

JĂĄ a psicóloga Caroline Brilhante afirma que a maior parte dos abusos contra crianças e adolescentes é praticada por pessoas próximas da vĂ­tima e em ambientes conhecidos da famĂ­lia. Por isso, é importante estar sempre alerta.

Ela frisa que monitorar e restringir o acesso à internet pode evitar que a criança se exponha a situações de risco.

"Uma das formas de prevenir é restringir o tempo de tela da criança [na internet] e até mesmo do adolescente. Implantar filtros no acesso a conteĂșdos que estejam fora da faixa etĂĄria. Ter atenção ao comportamento da criança ou jovem em relação a sexo porque o interesse sĂșbito sobre o assunto pode indicar algum problema", salienta.

As denĂșncias de qualquer abuso sexual ou outro crime contra os direitos humanos podem ser feitas - de forma anônima e gratuita - pelo Disque 100.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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