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CONGRESSO

Congresso derruba veto de Bolsonaro e aumenta pena de crimes contra a honra na internet

TambĂ©m foi derrubado o veto do trecho que valida o uso, pela defesa, de gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prĂ©vio conhecimento da autoridade


Também foi derrubado o veto do trecho que valida o uso, pela defesa, de gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do MP. O Congresso Nacional derrubou nesta segunda-feira (19) vetos do presidente Jair Bolsonaro a trechos do chamado pacote anticrime aprovado pelo Congresso em 2019. Entre os senadores, o placar para a derrubada foi de 50 votos a 6. Os vetos jĂĄ haviam sido rejeitados pela Câmara no mĂȘs passado.

Entre os vetos derrubados estĂĄ o do dispositivo que triplica as penas de crimes contra a honra quando estes forem cometidos ou divulgados nas redes sociais. Também caiu o veto a trecho que valida o uso, pela defesa, de gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério PĂșblico. Para isso, os advogados terão que comprovar a integridade do material.

O chamado pacote anticrime é um conjunto de mudanças na legislação elaborado após sugestões do ex-ministro Sergio Moro e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e que entrou em vigor no inĂ­cio de 2020. Faltava ainda a anĂĄlise do Congresso sobre os trechos vetados por Bolsonaro.

Por causa da pandemia, as sessões do Congresso estão sendo divididas em duas partes: uma para deputados e outra para senadores. Com a decisão dos senadores nesta segunda, os trechos antes barrados por Bolsonaro vão à promulgação e entram em vigor.

Veja no vĂ­deo abaixo reportagem de março sobre a votação desses vetos pelos deputados:

Deputados derrubaram vetos de Bolsonaro ao pacote anticrime

Gravações ambientais

O governo havia vetado trecho que valida o uso, pela defesa, de gravação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério PĂșblico - para isso, os advogados terão que comprovar a integridade do material.

O argumento do governo para vetar é que liberar o uso da gravação apenas pela defesa contraria o interesse pĂșblico, "uma vez que uma prova não deve ser considerada lĂ­cita ou ilĂ­cita unicamente em razão da parte que beneficiarĂĄ, sob pena de ofensa ao princĂ­pio da lealdade, da boa-fé objetiva e da cooperação entre os sujeitos processuais, além de se representar um retrocesso legislativo no combate ao crime".

O governo também disse que a medida contraria jurisprudĂȘncia do STF, "que admite utilização como prova da infração criminal a captação ambiental feita por um dos interlocutores, sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério PĂșblico, quando demonstrada a integridade da gravação".

Crimes contra a honra

Os crimes contra a honra incluem:

calĂșnia (pena de detenção de seis meses a dois anos e multa)

difamação (pena de detenção de trĂȘs meses a um ano e multa)

injĂșria (pena de detenção de um a seis meses ou multa)

Com a derrubada do veto presidencial, essas penas serão triplicadas quando os crimes forem cometidos pela internet, nas redes sociais.

O governo vetou o aumento da punição alegando que triplicar a pena seria algo desproporcional. O Executivo também disse que a medida pode gerar superlotação de delegacias e consequente "redução do tempo e da força de trabalho para se dedicar ao combate de crimes graves, tais como homicĂ­dio e latrocĂ­nio".

O tema é caro ao governo, acusado de manter uma rede de assessores para promover ataques virtuais nas redes sociais contra desafetos da famĂ­lia e adversĂĄrios polĂ­ticos.

Arma de fogo de uso restrito

Ainda em relação ao pacote anticrime, os senadores derrubaram veto de Bolsonaro a um trecho que aumenta a punição do crime de homicĂ­dio qualificado quando este for cometido com o uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido.

A Câmara jĂĄ havia votado pela derrubada e, com a votação no Senado, a pena para esse crime serĂĄ de 12 a 30 anos de prisão. Atualmente, a punição varia de 6 a 20 anos de reclusão.

Ao vetar o trecho, o governo disse que a redação do dispositivo gera "insegurança jurĂ­dica", principalmente, para agentes de segurança pĂșblica.

"Tendo em vista que esses servidores poderão ser severamente processados ou condenados criminalmente por utilizarem suas armas, que são de uso restrito, no exercĂ­cio de suas funções para defesa pessoal ou de terceiros ou, ainda, em situações extremas para a garantia da ordem pĂșblica, a exemplo de conflito armado contra facções criminosas", disse o Executivo.

AudiĂȘncias de custódia

Foi rejeitado ainda o veto do presidente Jair Bolsonaro a dispositivo que prevĂȘ que o preso em flagrante serĂĄ encaminhado à presença de um juiz de garantias no prazo de 24 horas após a prisão, para audiĂȘncia de custódia. O texto também proĂ­be a realização da audiĂȘncia por videoconferĂȘncia.

O governo vetou esse artigo da proposta alegando que a proibição de audiĂȘncia por videoconferĂȘncia pode atrasar o processo e aumentar custos.

"O dispositivo pode acarretar em aumento de despesa, notadamente nos casos de juiz em vara Ășnica, com apenas um magistrado, seja pela necessidade de pagamento de diĂĄrias e passagens a outros magistrados para a realização de uma Ășnica audiĂȘncia, seja pela necessidade premente de realização de concurso para a contratação de novos magistrados", disse o Executivo ao vetar o item.

Senadores criticaram a proibição de videoconferĂȘncia, especialmente em um momento de pandemia. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) defendeu a votação de um novo projeto para permitir as audiĂȘncias virtuais.

Banco Central

Em outra votação nesta segunda-feira, os senadores mantiveram vetos do presidente Jair Bolsonaro a trechos da lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central.

Foram mantidos vetos que, na prĂĄtica, liberam os diretores do BC a exercer qualquer outro cargo, emprego ou função pĂșblicos ou privados.

A manutenção dos vetos também permite aos diretores do BC manter participação acionĂĄria em instituição do sistema financeiro que esteja sob supervisão ou fiscalização do Banco Central.

G1

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