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Riscos dos pneumococos para crianças e adultos vão alĂ©m de pneumonias

Vacinação Ă© importante principalmente no inĂ­cio da infância

Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 13/09/2023 às 09:45:57
© Rovena Rosa/Agência Brasil

© Rovena Rosa/Agência Brasil

Meningite pneumocócica? Apesar do nome pneumococo, essa famĂ­lia de bactérias estĂĄ associada a doenças que vão além dos pulmões, podendo causar infecções graves nessas e em outras partes do corpo, incluindo quadros generalizados e letais. Além da pneumonia, a bactéria causa meningites, otites, sinusites, bronquites e laringites, e pode agravar para um quadro de sepse.

A Organização Mundial da SaĂșde (OMS) alerta que as doenças pneumocócicas são responsĂĄveis por 15% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo. Elas também são consideradas a maior causa de mortalidade infantil por uma doença prevenĂ­vel por vacinas e, somente na América Latina e Caribe, causam até 28 mil mortes infantis por ano. A Sociedade Brasileira de Imunizações também ressalta a importância de se proteger contra o pneumococo, que é mais comum no inverno e causa quadros agravados associados ao vĂ­rus da gripe.

A boa notĂ­cia é que a infecção por essas bactérias pode ser prevenida por vacinas gratuitas disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 18 de setembro de 2023. A imunização é importante principalmente no inĂ­cio da infância, jĂĄ que as doenças pneumocócicas são especialmente graves para menores de 5 anos, idosos e pessoas com comorbidades.

A transmissão dos pneumococos pode ser silenciosa. Essas bactérias são disseminadas por meio de gotĂ­culas de saliva ou muco, eliminadas pela tosse ou espirro, por exemplo. As pessoas infectadas podem transmiti-las mesmo sem apresentar sinais ou sintomas da doença, o que torna a vacinação ainda mais importante como estratégia de prevenção.

11/09/2023, FlĂĄvia Bravo é diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foto: SBIm/Divulgação
Não vacinados tĂȘm grandes chances de apresentar caso grave de doença pneumocócica, segundo FlĂĄvia Bravo - SBIm/Divulgação

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações FlĂĄvia Bravo explica que os não vacinados tĂȘm grandes chances de um caso grave de doença pneumocócica porque a bactéria causadora dessa infecção é protegida por uma cĂĄpsula de polissacarĂ­deos, uma espécie de armadura capaz de enganar os sistemas de defesa do corpo humano, que tĂȘm dificuldade de contĂȘ-la.

Essa capa é o que determina o sorotipo da bactéria, que é sempre a mesma, e também é essa a estrutura que determina se a virulĂȘncia de cada sorotipo serĂĄ maior ou menor.

A proteção dos recém-nascidos contra os pneumococos começa aos 2 meses, com a primeira dose da vacina pneumocócica 10-valente, que recebe esse nome por prevenir contra dez tipos de pneumococo. O esquema de vacinação continua aos 4 meses, com a segunda dose, e, aos 12 meses, hĂĄ uma dose de reforço.

Consideradas parte do grupo mais vulnerĂĄvel, as crianças de povos indĂ­genas devem receber, a partir dos 5 anos, a vacina pneumocócica 23-valente. Essa vacina também é indicada para pessoas com mais de 60 anos que estejam acamadas ou abrigadas em instituições de longa permanĂȘncia. Apesar de conter mais sorogrupos do pneumococo, a 23-valente tem uma tecnologia menos eficaz que a 10-valente e a 13-valente, o que faz com que sua indicação só traga benefĂ­cios para grupos especĂ­ficos que jĂĄ estejam vacinados com alguma dessas duas vacinas.

"Ela tem tipos que não estão na 13-valente que são importantes para o idoso e para o paciente especial. O paciente com pior resposta imune é mais suscetĂ­vel, e sorotipos que não são importantes para pessoas mais saudĂĄveis aparecem nessa população", explica FlĂĄvia Bravo. "Mas não faz sentido ela fazer parte da rotina infantil nem do adulto."

A doença pneumocócica também é considerada grave para idosos. Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglĂȘs), os pneumococos adoecem 1 milhão de adultos americanos por ano com pneumonia pneumocócica - de 5% a 7% morrem da doença.

11/09/2023, Infectologista Elaine Bicudo explica que hĂĄ grande variedade genética dos pneumococos. Foto: Arquivo Pessoal
Elaine Bicudo diz que hĂĄ grande variedade genética dos pneumococos - Arquivo pessoal

A infectologista Elaine Bicudo explica que a proteção contra diversos sorotipos é importante pela variedade genética da bactéria e os diferentes quadros clĂ­nicos que esses tipos causam. A Organização Mundial da SaĂșde contabiliza mais de 90 tipos de pneumococos, mas apenas uma pequena parte causa quadros graves em seres humanos.

"O Streptococcus pneumoniae é uma bactéria que tem uma série de variantes. Assim como aprendemos com a covid-19, hĂĄ uma grande variedade de sorotipos. HĂĄ os que podem evoluir mais gravemente, para pneumonias e meningites, hĂĄ sorotipos mais prevalentes em cada região, e também os que mais causam otites e sinusites, por exemplo."

A médica acrescenta que essa caracterĂ­stica, inclusive, deve levar gradativamente à substituição da vacina pneumo 10 pela pneumo 13, mais abrangente. Nas clĂ­nicas privadas, a previsão é de inclusão da pneumocócica 15-valente.

arte pneumocócica

Edição: Juliana Andrade

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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