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VACINAÇÃO

Veja a linha do tempo do Programa Nacional de Imunizações

PNI completa 50 anos nesta segunda-feira (18)


© Tomaz Silva/Agência Bras

A criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) partiu de estratégias bem-sucedidas que eliminaram a varĂ­ola do Brasil dois anos antes, em 1971. Seu fortalecimento com campanhas de grande porte, na década de 1980, também venceu a poliomielite, em 1989. Mas a robustez e a capilaridade conquistadas pelo programa, que hoje tem quase 40 mil salas de vacina, vieram principalmente com a criação do Sistema Único de SaĂșde (SUS), a redemocratização do Brasil e a Constituição de 1988.

O coordenador do PNI, Éder Gatti, conta que foi o direito universal à saĂșde estabelecido pelo SUS que levou a vacinação de rotina a todos os brasileiros, permitindo um controle ainda mais amplo de doenças infecciosas.

"O programa ganhou muita força com as campanhas contra a pólio, mas se consolidou mesmo na rotina ao longo dos anos 1990, quando teve um Ă­ndice de altas coberturas vacinais. Isso fez com que vĂĄrias doenças deixassem de existir no território nacional. Não temos casos de pólio desde 1989, não temos rubéola congĂȘnita. A meningite, a coqueluche e o sarampo estão controlados. Tudo isso graças ao PNI."

CalendĂĄrio atual garante 18 vacinas de rotina para crianças e adolescentes - Valter Campanato/AgĂȘncia Brasil

Gatti relembra que a criação do SUS resultou no aumento do acesso da população à saĂșde, com a abertura de novas unidades bĂĄsicas em todo o paĂ­s. Consequentemente, essas unidades vieram com novas salas de vacinas.

Essa estrutura fortaleceu a vacinação de rotina ao longo da década de 1990, impulsionou o complexo econômico e industrial da saĂșde no paĂ­s para atender à demanda do PNI e permitiu o acréscimo de novos imunizantes a partir dos anos 2000.

"Tivemos, a partir de 2006, um grande incremento de novas vacinas e hoje temos um calendĂĄrio que garante, na rotina, 18 vacinas para crianças e adolescentes, sem contar os calendĂĄrios da gestante, adulto e idoso, vacinação de covid-19, que fez grande diferença na pandemia de covid-19, e a vacinação anual contra o Influenza."

O historiador Carlos Fidelis Ponte, presidente do Centro Brasileiro de Estudos de SaĂșde (Cebes), conta que o SUS incorpora à saĂșde pĂșblica os trabalhadores informais, os trabalhadores do campo, as donas de casa e as empregadas domésticas. Essa população era descoberta pelos convĂȘnios do Instituto Nacional da PrevidĂȘncia Social (INPS) e do Instituto de AssistĂȘncia Médica da PrevidĂȘncia Social (Inamps) por não ter carteira assinada, e dependia de poucas unidades pĂșblicas ou das filantrópicas.

Tudo isso exigiu uma ampliação da rede de unidades de saĂșde, principalmente para locais distantes dos grandes centros e capitais. Nessa expansão, ele conta que o PNI ajudou na organização do SUS.

"É uma via de mão dupla. O PNI ajudou a organizar a estrutura do SUS. O Programa Nacional de Imunizações, por exemplo, começa a organizar as cadeias de frios, porque, para a vacina de rotina chegar a uma cidade no interior, é preciso garantir o transporte e o armazenamento. E o PNI jĂĄ tinha a vigilância epidemiológica como um de seus objetivos. A ideia de aperfeiçoar a vigilância jĂĄ estava colocada no PNI, assim como o controle de qualidade dos insumos."

A dimensão do Programa Nacional de Imunizações também foi um instrumento usado para fortalecer o complexo econômico e industrial da saĂșde, o que ganhou ainda mais expressão a partir do SUS. Com uma população enorme, o Brasil conseguiu, desde a epidemia de meningite, na década de 1970, negociar contratos de importação de vacinas que também incluĂ­am a transferĂȘncia da tecnologia para laboratórios pĂșblicos nacionais.

Produção de vacinas em Bio-Manguinhos - Bio-Manguinhos/Fiocruz

"Isso inaugurou uma estratégia polĂ­tica que alimentou Bio-Manguinhos durante anos e alimenta até hoje", define Fidelis Ponte, que cita também a transferĂȘncia de tecnologia da vacina AstraZeneca contra covid-19 para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Não existe de forma organizada no mundo um mercado como o SUS, que tenha esse poder de compra."

Especialista em imunizações e ex-coordenadora do PNI, Carla Domingues destaca que o programa se fortaleceu porque foi considerado uma polĂ­tica de Estado, tendo se estruturado desde a ditadura militar e passado por diferentes governos democrĂĄticos. Ela concorda que, apesar disso, ele só se torna o maior programa pĂșblico do mundo a partir da criação do SUS.

"O PNI foi um exemplo de sucesso porque todos os princĂ­pios do SUS foram efetivamente consolidados. Começando pela universalidade, que define que todas as vacinas cheguem a toda a população brasileira, seja ela dos grandes centros, cidades médias, população ribeirinha ou indĂ­gena", afirma Carla Domingues, que esteve à frente do programa brasileiro por 13 anos.

Edição: Juliana Andrade

AgĂȘncia Brasil

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