Thallysson Alves/Ascom HGE
A escaldadura por líquido superaquecido continua sendo o tipo de queimadura mais frequente entre as crianças atendidas no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. A curiosidade delas e a desatenção dos responsĂĄveis tĂȘm causado esse tipo de acidente, que representa mais de 40% das causas de queimaduras atendidas na maior unidade hospitalar alagoana.
A manicure Layla Vitória Ricarte Nascimento, de 15 anos, levou a pequena Ayla, a filha de apenas um ano, para receber atendimento no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE. Ela relata que o acidente ocorreu quando a criança puxou um pacote de biscoito que estava na mesa da cozinha, e virou sobre ela um copo cheio de café quente.
"Foi muito rĂĄpido, pois quando ia gritar, o líquido caiu no corpinho dela e eu fiquei desesperada. Era a minha filha chorando e eu me tremendo toda, sem saber o que fazer. Por sorte, minha mãe conseguiu pegĂĄ-la e colocar na pia. Ela pegou o soro fisiológico que estava na geladeira e ficou passando na pele dela. Nisso chamamos um motorista por aplicativo e fomos ao Ambulatório Denilma Bulhões, no Benedito Bentes", relatou Layla.
Segundo a mãe, os plantonistas do Ambulatório Denilma Bulhões realizaram o primeiro atendimento de emergĂȘncia e medicaram a bebĂȘ para aliviar a dor. Eles também solicitaram à Central Estadual de Regulação de Leitos a transferĂȘncia para uma unidade referĂȘncia no tratamento de queimaduras, uma vez que as lesões na pelve e genitĂĄlia aparentavam uma maior complexidade. A criança teve 4% do corpo queimado.
"Quando cheguei ao HGE, ainda não tinha caído a ficha sobre tudo o que estava acontecendo. Mas, as pessoas foram me explicando e o médico explicou a necessidade do internamento. Então viemos para o CTQ, que tem feito um bom atendimento, mas não elimina toda a dor que sinto quando vejo a minha filha chorando na hora do banho e dos curativos", lamentou a mãe.
Este ano, de janeiro a setembro, dos 345 casos de queimaduras assistidos pela equipe multidisciplinar do CTQ do HGE, 138 foram motivados por contato com líquidos superaquecidos. Em 2023, dos 433 casos notificados, 245 tiveram o mesmo motivo; e considerando apenas os nove primeiros meses do ano passado, dos 270 casos, 149 foram escaldaduras. Os números expressivos podem ser eliminados com mais atenção e prudĂȘncia dos adultos.
"Cozinha não é lugar para criança, então é importante que elas não tenham acesso. Mas, caso precise entrar, é importante que as panelas fiquem com os cabos virados para dentro. Jamais cozinhe com a criança no colo, o risco de acidente é alto. E se a bebida superaquecida for levada à mesa, é necessĂĄrio que a criança se mantenha afastada da mesma para evitar que o conteúdo escorra pela superfície e alcance a pele do menor", aconselhou a cirurgiã plĂĄstica do HGE, Anna Lima.
A recomendação para quem sofre queimadura é resfriar o local da pele lesionada com ĂĄgua fria corrente por alguns minutos. Jamais aplicar pó de café, manteiga, pasta de dente, gelo, ervas ou qualquer alternativa caseira.
As unidades de pronto atendimento (UPAs) e demais unidades de saúde, que realizam o atendimento de urgĂȘncia e emergĂȘncia em Alagoas, estão qualificadas para realizar os cuidados com a vítima, bem como solicitar a transferĂȘncia dela quando identificarem a necessidade do tratamento mais especializado.
O acidente com queimadura é uma situação que pode ocorrer em questão de segundos e resultar em susto, dor e cicatrizes que podem permanecer ao longo de toda vida.
Fonte: AgĂȘncia Alagoas