PREFEITURA SANTANA

Ministro diz que foi responsĂĄvel por decisão de não nomear mĂ©dica

Queiroga informou que deve definir novo nome para o cargo até sexta

Por Redação em 08/06/2021 às 22:33:13

O ministro da SaĂșde, Marcelo Queiroga, disse hoje (8) que foi dele a decisão de não nomear a infectologista Luana AraĂșjo para a Secretaria ExtraordinĂĄria de Enfrentamento à Covid-19. Queiroga presta nesta terça-feira o seu segundo depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Na semana passada, em depoimento ao colegiado, Luana disse não saber o motivo de não ter assumido o cargo.

"Entendi que, naquele momento, a despeito da qualificação que a doutora Luana tem, não seria importante a presença dela para contribuir para harmonização desse contexto. Então, no ato discricionĂĄrio do ministro, decidi não efetivar a sua nomeação", afirmou Queiroga.

Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com residĂȘncia em infectologia pela mesma instituição, Luana AraĂșjo também é mestre pela Universidade de SaĂșde PĂșblica Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Durante seu depoimento à CPI, Luana disse não ter recebido uma justificativa detalhada do motivo da desistĂȘncia do seu nome para integrar a equipe do ministério. A infectologista afirmou ainda que foi procurada pelo ministro Marcelo Queiroga que a comunicou sobre a decisão.

"O ministro, com toda a hombridade que ele teve ao me chamar, ao fazer o convite, me chamou ao final e disse que lamentava, mas que a minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado", relatou. "Não sei se foi uma instĂąncia superior, o que eu posso dizer é que não me parece ter sido dele, não teria lógica. Isso ficou claro para mim", acrescentou.

Queiroga classificou ainda Luana como uma colaboradora "eventual" do ministério e disse ter vetado o nome da infectologista porque ela não "harmonizava" com a classe médica.

"É uma questão polĂ­tica da própria classe médica, não é um nome que harmoniza", afirmou o ministro que disse ainda que qualquer indicação para cargos no governo depende de aprovação polĂ­tica.

A afirmação do ministro gerou crĂ­ticas de senadores. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou um vĂ­deo de um depoimento de Queiroga a uma comissão da CĂąmara dos Deputados, em que o ministro disse que o veto partiu de uma instĂąncia superior ao ministério e que não houve "validação polĂ­tica" para a nomeação da infectologista.

O ministro da SaĂșde, Marcelo Queiroga, é ouvido novamente durante sessão da CPI da Pandemia, no Senado.
Ministro da SaĂșde é ouvido novamente pela CPI da Pandemia - Marcelo Camargo/AgĂȘncia Brasil

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) também questionou Queiroga a respeito da afirmação. "Naquele momento Vossa ExcelĂȘncia deixou muito claro que quem não nomeou a doutora Luana não foi o ministério da SaĂșde, mas o PalĂĄcio do Planalto", disse.

O ministro rebateu o senador e reafirmou que a definição de nomes para cargos na administração federal depende de aprovação polĂ­tica. "Vivemos em um regime presidencialista", disse.

Queiroga disse ainda que deve definir um novo nome para o cargo até a próxima sexta-feira (11). "Na hora que tivermos um nome que preencha os critérios esse nome serĂĄ colocado", disse. "Alguém que tenha espĂ­rito pĂșblico, qualificação técnica, que conheça o Ministério da SaĂșde e que seja capaz de me auxiliar no combate à pandemia", acrescentou.

Tratamento precoce

O ministro também voltou a ser questionado a respeito dos protocolos do chamado tratamento precoce de pacientes com covid-19, com o uso de cloroquina, ivermectina ou hidroxicloroquina. "Meu entendimento é que não hĂĄ evidĂȘncia comprovada da eficĂĄcia desses medicamentos", afirmou Queiroga.

Ainda de acordo com o ministro, caberĂĄ à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) definir sobre a adoção ou não de remédios sem eficĂĄcia comprovada no tratamento hospitalar de pacientes com o novo coronavĂ­rus.

"Essa questão, que espreita o enfrentamento à pandemia desde o inĂ­cio, tem gerado uma forte divisão na classe médica. De um lado, hĂĄ aqueles como eu, que sou mais vinculado às sociedades cientĂ­ficas, e hĂĄ o pensamento, do outro lado, dos médicos assistenciais que estão na linha de frente, que relatam casos de sucesso com esses tratamentos", disse. "A mim, como ministro da SaĂșde, cabe procurar harmonizar esse contexto, para que tenhamos uma condição mais pacĂ­fica na classe médica e possamos avançar", acrescentou.

Edição: Juliana Andrade

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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