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Moradoras do 'Minha Casa Minha Vida' em Salvador relatam invasões: 'Se você se afastar, eles já tomam seu apartamento'

Pelo contrato da Caixa, instituição é obrigada a conceder um novo apartamento, em caso de invasões. Relatos são de moradoras dos bairros de Nova Esperança

Por Redação em 22/06/2021 às 22:20:27
Reprodução / TV Bahia

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Pelo contrato da Caixa, instituição é obrigada a conceder um novo apartamento, em caso de invasões. Relatos são de moradoras dos bairros de Nova Esperança, Nova Brasília de Valéria e Periperi. Moradores do 'Minha Casa, Minha Vida' tem casas invadidas por traficantes em Salvador

Proprietárias de imóveis do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Salvador, relataram que tiveram as casas invadidas por criminosos.

As denúncias apontam para casos nos bairros de Nova Esperança, Nova Brasília de Valéria e Periperi. Na semana passada, o G1 mostrou denúncias em Cassange, também na capital baiana.

Pelo contrato da Caixa, a instituição é obrigada a conceder um novo apartamento, em caso de invasões. O G1 tenta contato para saber sobre as denúncias em Salvador.

Casos acontecem nos bairros de Nova Brasília de Valéria, Periperi e Nova Esperança, em Salvador

Um mulher, que preferiu não revelar a identidade por medo de represálias, afirma que recebeu ameaças e precisou deixar o apartamento após ele ser invadido. Ela está desempregada e sustenta a família sozinha.

"Se você se afastar durante 15 dias, uma semana, eles já tomam seu apartamento, sabe? Quer dizer, a gente não pode visitar um parente, a gente não pode ir para uma festa. Não pode fazer uma viagem por medo, porque vai ter o apartamento tomado por eles", disse a mulher.

A moradora afirmou que sente falta de policiamento no local e que ao procurar ajuda, os policiais afirmam que não pode fazer nada.

"Eu sinto falta da polícia atuando nesse caso, sabe? Ir lá para saber o que está acontecendo. Porque, quando a gente vai procurar ajuda, eles são os primeiros a dizer que não podem fazer nada".

A mulher recebeu o imóvel em 2016 e viveu por cinco anos. Ela conta que faltavam mais cinco anos para quitar o financiamento com valor mensal de pouco mais de R$ 40.

"Eu esperei durante 10 anos, o sonho da minha casa, sabe? Foi uma expectativa muito grande que eu criei, em cima de algo que eu estava sonhando há muitos anos", lembrou a denunciante.

"Quando eu recebi [as chaves], para mim foi uma felicidade, porque eu vou ter algo para mim. É a minha casa. Eu estou investindo aqui na minha casa. Eles tomaram minha casa, tomaram meu lar".

A mulher ainda relatou que já procurou a Caixa Econômica e que a empresa foi até o local, entregou um protocolo de atendimento, mas não tomou nenhuma medida.

"E não é desde agora não, é de muitos anos. Quando eu fui até a delegacia, o que eles me disseram foi o seguinte: que eu vá até lá, pegue as minhas coisas e vá embora, porque eu não vou ter direito a estar no meu apartamento. Ouvi isso na delegacia. Porque eu já vou ser uma pessoa marcada".

'Se eu não fosse embora, iam me matar'

Uma outra mulher, que também prefere não revelar a identidade, tem relatos semelhantes. Ela conta que também recebeu ameaças no apartamento onde ela mora.

"Como eu fiquei muito preocupada, por conta que eu fui ameaçada, eu procurei a Caixa Econômica para me dar instruções sobre a situação. Eles me mandaram procurar a Defensoria Pública, o Ministério Público", contou a mulher.

"Liguei para o Ministério Público, mandaram procurar a Defensoria Pública e ninguém resolveu nada. Um passando para o outro, e ninguém resolveu nada até hoje. Eu procurei a Delegacia Virtual para prestar queixa".

A mulher conta que voltou para casa depois de deixar o local para cuidar da saúde com ajuda de parentes e foi recebida por invasores.

"Simplesmente, eles disseram que era para eu ir embora dali, me xingaram e tudo. Disseram que, se eu não fosse embora, que eles iam me matar. E que, se eu voltasse lá com a polícia, que eles iam me matar", afirmou.

Após as ameaças, a mulher passou a morar de aluguel, o que gerou um gasto mensal de R$ 400. A Caixa Econômica respondeu duas vezes os chamados dela, mas não deixou claro se ela teria que continuar pagando as mensalidades do imóvel.

A dívida da mulher, de cerca de 45 mil, está acumulada há um ano. O contrato de imóvel garante a entrega de outro apartamento em casos como esse, mas desde que não haja inadimplência.

"Meu medo, além de estar morando de aluguel, é perder. Perder meu imóvel para pessoas que não lutaram, que não batalharam como eu batalhei para poder conseguir", lamentou.

"A gente paga as coisas direitinho, para vir pessoas e levarem uma coisa que é nossa. Que a gente luta para ter. E agora, eu estou pagando aluguel tendo um lugar onde morar".

Ameaça por telefone

"Tem várias pessoas lá que eles fazem vender ou sair a pulso. Você fica oprimido, a gente fica sem saber o que fazer, porque a nossa vida vale muito mais do que uma casa. Tudo isso acontece porque não temos segurança", contou uma outra mulher que passa pelo mesmo problema.

A mulher contou que as ameaças foram feitas quando ela foi colocar grades e o portão no apartamento dela.

"No dia que eu fui para colocar as grades, o portão da frente, da entrada principal do prédio, já estava trocado a chave e a fechadura. Trocaram a fechadura também da porta do apartamento. Eu recebi ameaça, pelo telefone, que eu perdi. "Perdeu, perdeu, perdeu. E nem venha aqui que não é mais seu". Então eu fiquei com muito medo", relatou.

Fonte: G1

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