Até hoje (29), o Brasil teve a morte de uma gestante associada à vacinação contra a covid-19. JĂĄ a doença causou até o momento 1.090 óbitos neste grupo de mulheres. Os dados foram apresentados em fórum promovido pelo Ministério da SaĂșde para discutir a imunização de gestantes e lactantes.
Atualmente, o Programa Nacional de Imunização (PNI) recomenda a imunização deste segmento em caso de comorbidades, porém, a vacina usada não deve ser a da Oxford/AstraZeneca. A orientação foi divulgada após a morte de uma gestante do Rio de Janeiro, em maio, depois de tomar a dose da vacina contra covid-19 da Oxford/AstraZeneca.
Para as mulheres que tomaram uma dose desta vacina, a orientação do Ministério é tomar a 2ÂȘ dose somente após o fim do puerpério. Porém, a orientação na capital Rio de Janeiro é que as grĂĄvidas imunizadas contra a covid-19 com a primeira dose da Oxford/AstraZeneca poderão receber a segunda dose com a vacina da Pfizer.
Conforme levantamento do Ministério, foram reportados 24 eventos adversos graves em gestantes ou lactantes, sendo 19 em pessoas que receberam imunizantes da Oxford/AstraZeneca e cinco da vacina da Pfizer/BioNTech.
O integrante do grupo de assessoramento do Ministério da SaĂșde e médico infectologista Renato Kfouri destacou que ainda não hĂĄ evidĂȘncias de correlação entre complicações em gestantes e lactantes por imunizantes contra a covid-19, mas que hĂĄ estudos em curso sobre o tema.
A recomendação de vacinação em gestantes é ancorada em uma avaliação entre os benefĂcios de evitar mortes por covid-19 e os riscos de complicações nessas mulheres. Como ainda não hĂĄ estudos conclusivos, os especialistas também consideram o comportamento em vacinas semelhantes, como a contra o vĂrus Influenza.
"É preciso chamar atenção para outros riscos. Covid-19 aumenta em pelo menos trĂȘs vezes o risco de admissão em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de gestantes. O risco de letalidade dificulta o manejo clĂnico da gestante. Outros desfechos são óbito e prematuridade dos bebĂȘs", ressaltou Kfouri.
O médico disse que ainda não hĂĄ estudos ou evidĂȘncias apontando riscos associados à vacinação de lactantes. "A eficĂĄcia da vacina é a mesma [entre lactantes e não lactantes]. Não hĂĄ nenhum dado de que nutrizes tenham risco maior de desenvolver formas graves da covid-19. E também não hĂĄ evidĂȘncia de que anticorpos tragam algum efeito protetor", comentou.
O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), Juarez Cunha, apresentou dados segundo os quais no Brasil 85% das pessoas vão definitivamente ou possivelmente se vacinar, mas é preciso dialogar com o contingente que ainda não se decidiu.
"Temos que ter cuidado das pessoas que estão em dĂșvida porque são suscetĂveis à desinformação e às fake news sobre este assunto. Nós, trabalhadores da saĂșde, temos que ter condições de passar essa informação adequada sobre covid-19 e vacinação em gestantes", defendeu.
Pelo Twitter, o ministro da SaĂșde destacou a preocupação com o pĂșblico formado pelas gestantes:
Em entrevista ao programa Brasil em Pauta do Ășltimo domingo (27) o ministro da SaĂșde disse que a pasta estava consultando especialistas e corpo técnico para decidir sobre a retomada da vacinação de gestantes sem comorbidades.
AgĂȘncia Brasil