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Campanha Quanto Antes Melhor alerta para prevenção ao câncer de mama

Doença pode ser prevenida com estilo de vida saudĂĄvel

Por Redação em 03/10/2021 às 19:37:51

O prolongamento da pandemia de covid-19 e a redução da procura de serviços médicos por parte das mulheres tĂȘm preocupado especialistas da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Segundo a entidade, houve queda de 70% na presença de mulheres nas unidades hospitalares.

No Outubro Rosa, mĂȘs de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, a entidade reforça a importância da realização de exames preventivos e visitas regulares ao médico.

A campanha Quanto Antes Melhor chama a atenção para a necessidade de adoção de um estilo de vida que inclua a prĂĄtica de atividades fĂ­sicas e uma alimentação saudĂĄvel, minimizando riscos não só do câncer de mama, como de muitas outras doenças. Outra mensagem-chave da entidade diz respeito ao inĂ­cio imediato de tratamento, logo após o diagnóstico, aumentando a sobrevida e chances de cura da paciente.

O presidente da SBM, o médico mastologista Vilmar Marques, alerta que o atual contexto requer muita atenção devido ao quadro pandĂȘmico que reduziu a procura e a realização de exames preventivos.

De janeiro a julho de 2020, o nĂșmero de mamografias realizadas caiu 45% em relação ao mesmo perĂ­odo do ano anterior, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM.

"Mastologistas da SBM em todo o Brasil monitoraram essa movimentação que, certamente, variou de região para região, porém em todo o território nacional houve queda na procura por exames preventivos e tratamento", afirma Marques.

O especialista alerta que as consequĂȘncias da redução do rastreamento no Ășltimo ano não são boas. "O câncer não espera. As mulheres que deixaram de realizar os exames preventivos correram e correm o risco de, se diagnosticadas, terem avançado na doença, pois de um modo geral, o tumor demora cerca de 10 anos para atingir um centĂ­metro, porém, a partir daĂ­ a cada 6 meses tende a dobrar de tamanho, avançando muito rapidamente, claro, tendo suas especificações de tipo de câncer", alerta.

Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. "Insistimos na mensagem do diagnóstico precoce porque realmente ele é determinante para a paciente e suas chances de passar por tratamento e cirurgias menos invasivas, além da real chance de cura. No Brasil, cerca de 25% a 30% dos cânceres de mama são diagnosticado em estĂĄgio avançado", afirma o médico.

Para ele, a crise econômica causada pela pandemia, que levou muitas famĂ­lias a abandonarem seus planos de saĂșde, é um dos um dos motivos pela baixa procura nos exames, mas não o principal. "Este é um dos fatores, mas não o principal. O principal foi o isolamento social, sem dĂșvida alguma".

Ele lembra que, além do Sistema Único de SaĂșde (SUS), as mulheres podem fazer os exames de forma gratuita nas instituições filantrópicas como as Santas Casas e outras entidades assistenciais.

"Compreendemos a nossa impotĂȘncia diante da pandemia e do isolamento social que foi necessĂĄrio em certo perĂ­odo. Mas, agora, com o avanço da vacinação, é primordial que não só seja retomada a rotina de tratamento, como acelerada. Quanto antes retomar, melhor", alerta o mastologista.

Confiança na cura

A costureira Maria Gorete da Costa Majewski conta que sempre foi muito cuidadosa com a sua saĂșde. Por isso, apesar da pandemia, não deixou de fazer as consultas e os exames de rotina. Foi numa dessas consultas que ela descobriu o câncer de mama, aos 61 anos.

"Havia feito a mamografia em setembro de 2020 e meu médico me deu o pedido para fazĂȘ-la novamente no começo deste ano. Fiz na primeira semana de março. Quando levei para o meu ginecologista, notei que o semblante dele ficou diferente ao verificar as imagens. Ele é meu médico hĂĄ 34 anos e me encaminhou para uma mastologista de confiança. Na mesma semana consegui marcar a consulta e levei a mamografia para ela ver. A partir daĂ­ começou a minha luta, fiz diversos exames, até chegar na biópsia que constatou o linfoma muito invasivo."

Maria Gorete da Costa Majewski
Maria Gorete da Costa Majewski - Maria Gorete da Costa Majewski/Arquivo pessoal

Ela acredita que ter mantido os exames de rotina em dia, apesar da pandemia, a ajudou a descobrir logo a doença. "Mesmo estando numa pandemia não deixei de fazer meus exames de rotina, foi minha sorte. Quando soube do resultado da biópsia, a primeira reação é de questionar: por que eu que sempre faço meus exames em dia estou com esta doença? Mas, depois, mais calma, aceitei que não sou melhor que ninguém, vou enfrentar essa doença. Em nenhum momento tive medo de começar o tratamento por estarmos em uma pandemia, só pensei que precisava me livrar dessa doença."

Maria Gorete fez uma cirurgia e segue com o tratamento. "A mesma mastologista que me acolheu desde o inĂ­cio fez a minha cirurgia. O linfoma tinha seis milĂ­metros. Estou fazendo quimioterapia branca, são 12 sessões e jĂĄ fiz dez, faço toda sexta-feira e a cada 21 dias tomo uma vacina. Quando acabar as quimioterapias, iniciarei as sessões de radioterapia que serão 15, de segunda a sexta. O tratamento é longo, não é fĂĄcil, acho que o pior, para mim, foi quando tive que raspar minha cabeça, estou careca, usando touca o dia todo, não consigo me ver sem cabelo o dia todo, consegui uma peruca numa ONG, mas não é a mesma coisa que ter o nosso cabelo."

A costureira, que mora em Belo Horizonte, aconselha a todas que estão começando ou jĂĄ fazem tratamento a não pensar no lado negativo. "É uma fase ruim que iremos vencer, não descuide da saĂșde, se alimente direito, viva um dia de cada vez, sem pensar no pior, somos fortes."

Ela ainda faz um alerta para quem deixou de ser cuidar durante a pandemia. "O câncer parece que veio com força total na pandemia, muitas pessoas não estão se cuidando, fazendo os exames de rotina. Não foi o meu caso porque sou muito taxativa quando se trata de saĂșde e, mesmo assim, estou enfrentando a doença. Espero poder ajudar a alertar as pessoas que não estão se cuidando."

Rastreamento seguro

Para quem ainda não fez exames de rotina desde o inĂ­cio da pandemia e continua com receio de se expor aos ambientes clĂ­nicos e hospitalares, o presidente da SBM reforça que os locais estão aptos a atender as pacientes de forma segura.

"Todo o atendimento, seja no consultório, seja nas unidades hospitalares e centros cirĂșrgicos, estĂĄ sendo realizado seguindo todos os protocolos sanitĂĄrios e de segurança, respeitando rigorosamente as medidas de higienização que garantam a integridade de pacientes e equipe médica".

Para quem acha que o autoexame é suficiente, o especialista afirma que ele é importante, mas deve ser associado ao exame clĂ­nico. "Conhecer o corpo é de extrema importância para qualquer indivĂ­duo, principalmente, a mulher. O autoexame possibilita vocĂȘ se conhecer, porém ele não basta. O exame clĂ­nico realizado pelo mastologista somado aos exames de imagem, dentre eles, a mamografia, que é o mais eficaz para detectar o câncer de forma precoce, são insubstituĂ­veis".

Fatores de risco

A SBM informa que diversos estudos revelam que o sobrepeso e a obesidade, além da falta de atividades fĂ­sicas no dia a dia, aumentam os riscos para câncer de mama e ainda proporcionam uma mĂĄ qualidade de vida para quem estĂĄ em tratamento.

Um alto Ă­ndice de massa corporal (IMC) no momento do diagnóstico pode reduzir a eficĂĄcia da quimioterapia à base de taxano, piorando os resultados de sobrevida. O taxano é uma droga lipofĂ­lica, assim a gordura presente no corpo da paciente pode absorver parte da droga antes que ela atinja o tumor. De acordo com esses estudos, pacientes com sobrepeso e obesidade tratadas com um regime de quimioterapia baseado no taxano tiveram sobrevida livre de doença e sobrevida global significativamente pior em comparação com pacientes magras tratados com o mesmo regime.

"O estilo de vida é determinante nesse sentido. Por isso, estamos pelo segundo ano consecutivo com o nosso mote Quanto Antes Melhor, visando a chamar a atenção da população para algumas medidas que amenizam esses riscos. Como a rotina de saĂșde preventiva, visitando regularmente o mastologista e, as mulheres a partir dos 40 anos, realizando anualmente a mamografia, pois o diagnóstico precoce é fundamental para evitar cirurgias radicais, além de aumentar consideravelmente as chances de cura", reforça o Marques.

Dicas de hĂĄbitos para uma rotina saudĂĄvel:

• Alimente-se bem e não fique muito tempo sem comer, ou seja, prefira comer em intervalos menores, em pequenas quantidades. Priorize os alimentos naturais e evite os alimentos industrializados.

• Evite o excesso de gorduras e carboidratos simples, como açĂșcar adicionado aos alimentos, doces, sucos de caixinha ou saquinho, refrigerantes, pão branco, macarrão, sempre preferindo as opções integrais.

• Procure ingerir proteínas de boa qualidade, principalmente frutas, legumes e verduras por serem fontes de vitaminas e minerais essenciais e ricas em fibras que ajudam na saciedade e no funcionamento adequado do intestino.

• Faça exercĂ­cios fĂ­sicos durante a semana. O ideal são 150 minutos de exercĂ­cios fĂ­sicos moderados divididos entre os cinco dias ou 75 minutos de exercĂ­cios vigorosos divididos pelos dias da semana.

• Planeje o seu dia alimentar e tente segui-lo.

Edição: LĂ­lian Beraldo

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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