Em pronunciamento ao lado do ministro da Economia Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro argumentou que o agravamento da inflação, em decorrĂȘncia da pandemia, piorou a condição de vida das pessoas mais pobres e, por isso, o governo decidiu aumentar o valor do programa AuxĂlio Brasil, sucessor do Bolsa FamĂlia.
"Agravou-se a questão da inflação chegando aos dois dĂgitos. Isso não é exclusivo do Brasil, o mundo todo vive esse problema, como o Reino Unido, por exemplo, a Europa quase como um todo. Acompanhamos o aumento de preço nos Estados Unidos. E o Brasil é um dos paĂses que, na economia, é um dos que menos estĂĄ sofrendo", destacou o presidente em discurso na sede do Ministério da Economia, na tarde de hoje (22).
"Agora, contudo, tem uma massa de pessoas que são os mais necessitados. Hoje em dia, em torno de 16 milhões de pessoas, que estão no Bolsa FamĂlia, cujo ticket médio estĂĄ na casa dos R$ 192. E a gente vĂȘ esse valor completamente insuficiente para o mĂnimo. Assim sendo, com responsabilidade, vĂnhamos estudando hĂĄ meses essa questão, onde chegou-se a um valor. Deixo muito claro a todos os senhores: esse valor, decidido por nós, tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura. Não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", acrescentou.
Guedes e Bolsonaro fizeram um pronunciamento à imprensa, após a repercussão negativa do reajuste no programa, que vai demandar recursos extras além do que permite a regra do teto de gastos. De acordo com o governo federal, o AuxĂlio Brasil começarĂĄ a ser pago em novembro com um valor mĂnimo médio de R$ 400 por famĂlia, até o final do ano que vem. Desse valor, R$ 100 correspondem ao aporte extra fora do teto.
Desde que foi anunciado, o reajuste do programa, que exigirĂĄ R$ 30 bilhões em recursos extras que excedem o limite fiscal, causou atritos dentro da ĂĄrea econômica do governo e gerou crĂticas de setores econômicos como o mercado financeiro.
Ontem (21), o secretĂĄrio especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretĂĄrio do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos. Recentemente, Funchal e Bittencourt haviam se manifestado contrĂĄrios a quaisquer medidas que flexibilizem o teto federal de gastos, seja para renovar o auxĂlio emergencial, seja para ampliar o Bolsa FamĂlia e criar o AuxĂlio Brasil.
A crise polĂtica repercutiu negativamente nos negócios da Bolsa de Valores (B3), que chegaram a registrar queda de 4% pela manhã, mas melhorou durante a tarde. JĂĄ o dólar comercial chegou a bater em R$ 5,73, caindo depois para R$ 5,65 ao longo da tarde.
Fonte: AgĂȘncia Brasil