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Versão final do relatório da CPI tem 81 pedidos de indiciamentos

Renan indicia membro da CPI por disseminar notĂ­cias falsas

Por Redação em 26/10/2021 às 20:33:40

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu nesta terça-feira (26) o senador LuĂ­s Carlos Heinze (PP-RS) na lista de sugestão de indiciamentos feita pelo colegiado. A decisão atendeu a um pedido de outro senador, o oposicionista Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que acusou o colega de comissão de disseminação de notĂ­cias falsas.

"Essa CPI teve a coragem de pedir o indiciamento do presidente da RepĂșblica e do lĂ­der do governo. Não pode fechar os olhos com relação ao comportamento do seu colega parlamentar", argumentou Alessandro sob protestos de governistas.

"Uma medida radical como essa passa um claro recibo de revanchismo, de perseguição. Quem tem moral aqui para falar, se no dia que vieram médicos fazer o contraponto se retiraram, não compareceram. Isso é uma covardia", criticou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

A solicitação foi feita durante a apresentação do voto alternativo de Heinze ao parecer de Renan Calheiros. Ao longo dos trabalhos da comissão, por vĂĄrias vezes, o senador gaĂșcho defendeu drogas comprovadamente sem eficĂĄcia contra o coronavĂ­rus. No documento lido hoje, entre outros pontos, Heinze manifestou apoio ao Conselho Federal de Medicina (CFM) pela defesa da autonomia médica durante a pandemia e afirmou que seu relatório inclui centenas de estudos sobre o uso de substâncias no tratamento da covid-19 feitas por "cientistas, não charlatões". "São pesquisas que o Ministério PĂșblico e a Procuradoria-Geral da RepĂșblica vão se debruçar. Não são factoides, não são narrativas", argumentou.

Novos indiciamentos

Durante a apresentação dos novos pontos acatados após a leitura da primeira versão do texto, na semana passada, além de Heize, Renan incluiu mais 12 nomes. A relação, que foi fechada com 81 pedidos de indiciamento, tem entre os nomes o do presidente Jair Bolsonaro.

Entre as polĂȘmicas discutidas exaustivamente e acatadas pelo relator apenas minutos antes do inĂ­cio da reunião de hoje estĂĄ a inclusão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do ex-secretĂĄrio de SaĂșde Marcellus CampĂȘlo, pela crise da falta de oxigĂȘnio em Manaus no inĂ­cio deste ano.

Colega de partido de Renan, o lĂ­der do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), que protocolou na CPI um adendo ao relatório com essas sugestões, chegou a ameaçar votar contra o texto caso esses nomes não constassem na lista. Com a questão pacificada, Braga desistiu do adendo. O governador amazonense é acusado pelos crimes de prevaricac?a?o; responsabilidade; contra a humanidade e de improbidade administrativa. No caso do ex-secretĂĄrio de SaĂșde, os crimes imputados a ele pelo emedebista são de falso testemunho, crime contra a humanidade e prevaricação.

Pelo Twitter, Wilson Lima reagiu. "Seu interesse [de Eduardo Braga] visa exclusivamente às eleições de 2022 e a razão da vida dele é tentar sabotar o meu governo, que vem fazendo mais em dois anos do que ele em 8. Deixa o trabalho falar, senador, e pare de picuinha", postou Lima.

Ainda na lista apresentada hoje estão Heitor Freire de Abreu, ex-coordenador do Centro de Coordenação de Operações do Ministério da SaĂșde; – Marcelo Bento Pires, assessor do Ministério da SaĂșde; Alex Lial Marinho, ex-coordenador de LogĂ­stica do Ministério da SaĂșde; Thiago Fernandes da Costa, assessor técnico do Ministério da SaĂșde; Hélcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil; Regina Célia Oliveira, fiscal de contratos do Ministério da SaĂșde; Amilton Gomes de Paula, reverendo presidente da Secretaria Nacional de Assuntos HumanitĂĄrios (Senah); José Alves Filho, sócio da Vitamedic IndĂșstria FarmacĂȘutica Ltda.; Hélio Angotti Netto, secretĂĄrio de CiĂȘncia, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em SaĂșde, do Ministério da SaĂșde, e Antônio Jordão, presidente da Associação Médicos pela Vida.

Conforme jĂĄ havia sido apresentado, a lista traz ainda seis ministros ou ex-ministros do atual governo: Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga, Onyx Lorenzoni, Ernesto AraĂșjo, Wagner RosĂĄrio e Walter Braga Netto.

O relator também recomenda o indiciamento de trĂȘs filhos do presidente: o senador FlĂĄvio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Entre os deputados federais, aparecem Bia Kicis (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Carlos Jordy (PSL-RJ), Osmar Terra (MDB-RS) e o lĂ­der do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

HĂĄ ainda integrantes do suposto gabinete paralelo, como a oncologista Nise Yamaguchi, e pessoas suspeitas de disseminar fake news. Entre elas, os empresĂĄrios Luciano Hang e Carlos Wizard.

Renan Calheiros também incluiu um novo capĂ­tulo sobre polĂ­tica externa do governo federal em pandemias, aprofundou os capĂ­tulos sobre a crise do Amazonas e sobre a população negra e sugeriu medidas para aumentar a transparĂȘncia.

No rol de propostas legislativas destacadas no parecer foi acrescentada a que regulamenta o crime de genocĂ­dio na legislação brasileira, além de dispor sobre a cooperação com o Tribunal Penal Internacional, de Haia.

Entre os acréscimos feitos na Ășltima semana no relatório final estĂĄ o registro da live do presidente Jair Bolsonaro do Ășltimo dia 21, retirada do ar pelo Instagram, Facebook e YouTube, em que ele relaciona a vacinação à aids e a proposta de banimento dele das redes sociais. A ação serĂĄ proposta pela Advocacia do Senado.

Para Renan Calheiros, a atuação da CPI deixou um legado antes mesmo de seu fim. O relator citou a abertura de investigações, sobre casos apontados pelo colegiado, no Ministério PĂșblico, no Tribunal de Contas da União (TCU), na Controladoria-Geral da União (CGU) e na AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa), entre outros órgãos.

Edição: Bruna Saniele/ Juliana Andrade

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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