O presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar o caso envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, alvo de uma operação da PolĂcia Federal que investiga crimes de trĂĄfico de influĂȘncia e corrupção na destinação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Durante sua live semanal, nesta quinta-feira (23), Bolsonaro reafirmou ter confiança no ex-ministro. "Continuo acreditando no Milton. Se aparecer alguma coisa, [que] responda pelos seus atos".
Numa referĂȘncia à declaração de que colocaria a "cara no fogo" pelo ex-ministro, quando as denĂșncias vieram à tona, em março, o presidente reconheceu que exagerou. "Eu exagerei, mas eu boto a mão no fogo pelo Milton".
Um dia após ser preso com outras quatro pessoas, o ex-ministro teve o habeas corpus concedido nesta quinta-feira, por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ÂȘ Região, em BrasĂlia. A decisão também é vĂĄlida aos outros envolvidos presos no mesmo caso: Gilmar Santos, Arilton Moura, Helder Diego da Silva Bartolomeu e Luciano de Freitas Musse. Para o magistrado, pelo fato de jĂĄ não ser mais ministro e haver uma lapso temporal entre os fatos investigados e a prisão, a detenção seria desnecessĂĄria no momento.
A operação da PF foi deflagrada após identificação, pela Controladoria Geral da União (CGU), de indĂcios de prĂĄtica criminosa para a liberação de verbas pĂșblicas. As ordens judiciais foram emitidas pela 15ÂȘ Vara Criminal do Distrito Federal e a investigação corre em sigilo. A investigação corre sob sigilo.
As suspeitas de desvios em recursos do FNDE, que teriam sido praticados quando o MEC tinha à frente o ministro Milton Ribeiro, foram também alvo de inspeção do Tribunal de Contas da União (TCU) em abril, após a divulgação de um ĂĄudio em que ele disse favorecer prefeituras de municĂpios ligados aos pastores Arilton Moura e Gilmar Silva, que teriam atuado como intermediĂĄrios junto aos municĂpios na liberação de recursos, em troca de pagamento de propina. No mesmo ĂĄudio, Ribeiro diz que o presidente Jair Bolsonaro teria feito um "pedido especial" para que ele atendesse o pastor Gilmar. O caso culminou com a exoneração de Milton Ribeiro e também levou à abertura de inquérito no STF e na PF, além de uma fiscalização extraordinĂĄria do próprio TCU.
Sobre o ĂĄudio, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, o presidente afirmou que não hĂĄ irregularidade. "Apareceu uma conversa, conversa que ele falou publicamente. Falou pra vĂĄrias pessoas. 'Olha, nós atendemos para todos os prefeitos, independente de partidos, agora preferencialmente os indicados pelo pastor tal'. Era pra dar um moral pra ele, nada demais. Em função desse vĂdeo, foi pra imprensa, o Milton pediu demissão", apontou.
Fonte: AgĂȘncia Brasil