PREFEITURA SANTANA

Doença venosa crônica Ă© fator de risco para problemas cardiovasculares

Os indivĂ­duos com DVC tĂȘm, ainda, risco trĂȘs vezes maior de morte por todas as causas, em comparação com aqueles que não apresentam sinais clĂ­nicos da doença

Por Redação em 23/08/2022 às 19:16:39

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo, principalmente as doenças cardiovasculares arteriais, como derrame, infarto, insuficiĂȘncia da circulação decorrente do diabetes. Estudos recentes, como a pesquisa publicada no European Heart Journal, da European Society of Cardiology, levantam a tese de que indivĂ­duos com doença venosa crônica (DVC) frequentemente tĂȘm fatores de risco para doença cardiovascular e que essa relação aumenta proporcionalmente com a gravidade da DVC. Os indivĂ­duos com DVC tĂȘm, ainda, risco trĂȘs vezes maior de morte por todas as causas, em comparação com aqueles que não apresentam sinais clĂ­nicos da doença.

O angiologista e cirurgião vascular Rodrigo Kikuchi, membro da Comissão CientĂ­fica da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), explicou hoje (23) à AgĂȘncia Brasil que a doença vascular mais prevalente, ou seja, a que mais existe na população, é a doença venosa, que são as varizes ou dilatações de veia.

Kikuchi disse que, ao contrĂĄrio do que se pensava anteriormente, que as doenças cardiovasculares e venosas não tinham relação, o que se tem descoberto, cada vez mais, é que "ambas as doenças tĂȘm um componente inflamatório, tanto da parte da circulação arterial, aquela que leva oxigĂȘnio, como a doença venosa, que traz o sangue de volta ao coração".

Recentemente, estudos chegaram à conclusão que existe uma relação entre as pessoas que tĂȘm a DVC com uma maior ocorrĂȘncia da doença cardiovascular. "Como se a DVC também fosse um preditor de ter a doença cardiovascular arterial". Segundo Kikuchi, isso é interessante porque "se a doença venosa é muito mais prevalente e a gente evita a progressão para uma doença venosa mais severa, hoje acredita-se que também estamos prevenindo a doença cardiovascular e, consequentemente, as mortes por doença cardiovascular".

De acordo com a SBACV, a DVC atinge em torno de 38% da população brasileira, sendo mais comum em mulheres (45%) do que em homens (30%), de todas as faixas etĂĄrias, e mais recorrente acima dos 70 anos de idade (70%).

Manifestações

A doença venosa se manifesta de diferentes formas, mas os sinais visuais mais comuns são vasinhos e varizes acompanhados de sintomas como dor, inchaço, sensação de peso nas pernas, coceira, pele ressecada, câimbras noturnas com frequĂȘncia e formigamento. "Tudo isso jĂĄ pode ser um indicativo de ter uma DVC. Não necessariamente ter aquelas veias enormes. Mas só o fato de a pessoa ter algum sintoma desses jĂĄ vale uma avaliação médica mais precisa, com um angiologista ou cirurgião vascular", recomenda.

Rodrigo Kikuchi disse que 60% das pessoas que tĂȘm DVC acabam demonstrando progressão ao longo de 10 anos. "Ou seja, mais da metade demonstram progressão da doença para uma doença mais avançada ao longo de 10 anos. Por isso, o cuidado tem que ser contĂ­nuo", recomenda. Caso não seja tratada, a DVC pode evoluir para alterações da pele, causando Ășlceras, alerta o médico.

"Essa é a parte da doença venosa crônica mais avançada e a gente tem que evitar que chegue nesse ponto. Quanto mais evolui na doença crônica, mais a pessoa tem correspondĂȘncia na doença cardiovascular. É isso que tem sido avaliado, justamente pelos componentes inflamatórios que a DVC tem em comum com a doença arterial. É uma inflamação do corpo que acaba levando a uma possibilidade de ter a trombose arterial, que é o risco de infarto, derrame e tudo o mais".

Prevenção

Para evitar ter a DVC e, em consequĂȘncia, uma doença cardiovascular, Rodrigo Kikuchi disse que a prevenção é a mesma, fazer exercĂ­cios, ter boa alimentação, controlar o peso, fazer atividades fĂ­sicas de fortalecimento e não ficar só caminhando.

"Isso tem a ver com mudança de estilo de vida, que é a principal medida, tanto para doença venosa, como para doença cardiovascular". Em relação à doença venosa inicial, destacou a terapia compressiva, que se refere ao uso de meias elĂĄsticas para aliviar sintomas. Existem também alguns medicamentos indicados para a fase inicial ou sintomĂĄtica da doença venosa.

O médico alertou que o retorno venoso ineficiente não ocorre apenas por causa das veias. A obesidade é outro motivo, porque o paciente acima do peso tem uma pressão maior no abdômen, o que complica o retorno do sangue. Da mesma forma, a inatividade fĂ­sica é outro fator prejudicial, porque a falta de musculatura faz com que o indivĂ­duo tenha menos potĂȘncia e capacidade de contração muscular da perna. "Esse movimento é que melhora o retorno venoso", ressaltou.

Embora não haja uma relação direta do tabagismo com o surgimento de veias ou varizes, acredita-se atualmente, pelo processo inflamatório que o tabagismo causa, que esse hĂĄbito também machuca a parede venosa, da mesma forma que acontece com a parede arterial. "O tabagismo ligado a infarto e derrame é o principal fator de risco evitĂĄvel das doenças cardiovasculares que a gente tem. É não fumar".

Campanha

Neste mĂȘs de agosto, a SBACV promove a campanha #Agosto Azul Vermelho de conscientização da população sobre a saĂșde vascular, estimulando uma mudança de hĂĄbito de vida, que é saudĂĄvel para a saĂșde venosa e arterial.

A SBACV quer que os pacientes tenham consciĂȘncia da saĂșde vascular, tanto na parte venosa como na parte arterial. Kikuchi lembrou que o diagnóstico deve ser feito pelo angiologista ou cirurgião vascular, "para que possa tomar medidas preventivas e para que a população cresça melhor".

Em parceria com o laboratório francĂȘs Servier, a SBACV coordena uma chamada para que as pessoas olhem suas pernas e saibam o que estĂĄ por trĂĄs dos vasinhos, varizes e das pernas pesadas, além de falar sobre prevenção e a importância de acompanhamento médico. "Que olhe suas pernas e saiba que são elas que o levam para todo lugar, para que vocĂȘ tome essa consciĂȘncia e ame e cuide das suas pernas. Essa é a ideia da campanha", disse o angiologista.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro

ComentĂĄrios

DETRAN AL