Com investimento de R$ 80 milhões, divididos R$ 50 milhões de recursos federais, oriundo do Fundo Nacional de Desenvolvimento CientĂfico e Tecnológico, e R$ 30 milhões do governo de Minas Gerais, foram iniciadas nesta segunda-feira (19) as obras do Centro Nacional de Vacinas MCTI, no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). Fruto de parceria firmada em 2021 entre o Ministério da CiĂȘncia, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a unidade funcionarĂĄ como um hub (centro de distribuição) de inovação para produção de lotes-piloto de imunizantes no Brasil.
O Centro Nacional de Vacinas MCTI (CNVacinas MCTI) terĂĄ ĂĄrea construĂda de 6 mil metros quadrados, distribuĂdos em um prédio de cinco andares. O edifĂcio, em formato de L, abrangerĂĄ toda a parte cientĂfica e de desenvolvimento de vacinas, além de biotérios, setores de produção de proteĂna recombinante, de anĂĄlise de genoma, de bioinformĂĄtica e de anĂĄlises de respostas imunológicas.
A obra deve ficar pronta em 2025. Toda a infraestrutura serĂĄ voltada para a produção de lotes clĂnicos, ou seja, o CNVacinas MCTI farĂĄ todo o desenvolvimento do imunizante e entregarĂĄ a tecnologia para que a indĂșstria nacional fabrique os imunizantes em larga escala.
Segundo o secretĂĄrio de Pesquisa e Formação CientĂfica do MCTI, Marcelo Morales, o Centro Nacional de Vacinas faz parte de uma estratégia do ministério para trazer à tona a nova perspectiva de independĂȘncia do Brasil em insumos farmacĂȘuticos ativos. Morales disse que o projeto atende a uma demanda brasileira para estabelecer um ecossistema que contemple o regulatório sanitĂĄrio, com rastreabilidade.
Ao longo das ações de combate à pandemia de covid-19, o ministério considerou que a ausĂȘncia, no Brasil, de plantas capazes de produzir lotes-piloto de insumos farmacĂȘuticos ativos (IFAs) em condições de boas prĂĄticas de fabricação era um gargalo para a pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como para a realização do posterior envase de formulações vacinais experimentais. Tais aspectos precisam ser atendidos para cumprir exigĂȘncias da AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) em relação a ensaios clĂnicos em seres humanos.
Morales afirmou que essa lacuna serĂĄ fechada. "Vamos fazer a produção de lotes-piloto para todas as vacinas, como dengue e febre amarela, entre outras, como o que estamos fazendo para a vacina contra a varĂola dos macacos. E depois entregamos para as empresas, como Bio-Manguinhos/Fiocruz e Butantan, para efetuar o escalonamento", explicou o secretĂĄrio.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, disse que o Centro Nacional de Vacinas MCTI serĂĄ mais um polo de pesquisa no Brasil em produção de vacinas. "E isso nos ajuda no sentido de que precisamos nos tornar autossustentĂĄveis. É um momento importante, não apenas sobre as doenças que estão aĂ, mas também em relação ao que pode vir no futuro". Sandra acredita que os resultados serão garantia de melhor condição de vida para a população, contribuições positivas para a polĂtica de saĂșde pĂșblica, além de tornar o paĂs mais sustentĂĄvel e soberano na produção de vacinas.
A missão do CNVacinas MCTI serĂĄ acelerar o desenvolvimento de vacinas, imunobiológicos e testes de diagnóstico para doenças humanas e veterinĂĄrias dentro do conceito one health (saĂșde Ășnica), contribuindo para o Sistema Ănico de SaĂșde (SUS) e para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Pesquisadores que trabalham com o desenvolvimento de imunizantes em todo o território nacional poderão usar a estrutura. O espaço também serĂĄ um elo entre o ambiente acadĂȘmico e o mercado, servindo de catalisador do processo de inovação e transferĂȘncia de tecnologias para empresas e instituições. FuncionarĂĄ, ainda, como plataforma para o surgimento de spin-offs (empresas derivadas) que desejem comercializar os produtos desenvolvidos. O CNVacinas MCTI apoiarĂĄ também grupos de pesquisa, instituições e empresas por meio da capacitação de profissionais e prestação de serviços, garantindo sustentabilidade.
Para o coordenador do CTVacinas UFMG, Ricardo Gazzinelli, o Brasil dispõe de um ecossistema de vacina quase completo. "Tem as instituições que fazem a prova de conceito, tem grupos muito bons que fazem ensaios clĂnicos, temos as fĂĄbricas que produzem vacinas e o SUS, que distribui com muita capilaridade. Porém, nós não tĂnhamos a parte de inovação, que passa da prova de conceito para o ensaio clĂnico. É o nosso nicho, onde pretendemos atuar", disse Gazzinelli.
"Vamos deixar o legado de uma instituição que atue em nĂvel nacional em parceria com universidades, institutos de pesquisa e setor privado, facilitando essa ĂĄrea que é tão importante para a ĂĄrea de vacinas e de biotecnologia", acrescentou.
O CTVacinas é um centro de pesquisas em biotecnologia, resultado de parceria estabelecida entre a UFMG, o Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas) e o BH-TEC. O centro reĂșne pesquisadores vinculados à UFMG e à Fiocruz-Minas e é responsĂĄvel pelo desenvolvimento da SpiN-TEC MCTI UFMG, o primeiro imunizante 100% brasileiro contra a covid-19, cujos testes clĂnicos foram iniciados no mĂȘs passado, na Faculdade de Medicina da UFMG.
Edição: NĂĄdia Franco
Fonte: AgĂȘncia Brasil