O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsĂĄvel pela articulação polĂtica do governo federal, minimizou as crĂticas do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC). Em uma série de postagens no Twitter, nesta quinta-feira (19), Padilha enfatizou que "não hĂĄ nenhuma prédisposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central".
"Como disse o presidente Lula, na sua experiĂȘncia de governo, deu plena autonomia ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido", reforçou.
Ontem (18), em entrevista ao canal de notĂcias Globonews, Lula disse que a autonomia do BC prevista em lei é "uma bobagem". Ele também criticou a polĂtica de juros e controle da inflação.
"A minha divergĂȘncia é o seguinte, nesse paĂs se brigou muito para ter um Banco Central independente achando que ia melhorar o quĂȘ? Sabe, eu posso te dizer com a minha experiĂȘncia, é uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente [da RepĂșblica] é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles. Duvido. Por que, com o banco independente, a inflação estĂĄ do jeito que estĂĄ? O juros estĂĄ do jeito que estĂĄ?", questionou.
Lula defendeu que a meta de inflação deveria ser superior à atual, que, segundo ele, acaba forçando um arrocho maior na economia. "Veja, vocĂȘ estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando vocĂȘ faz isso, vocĂȘ é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%?. Por que não fazer 4,5, como nós fizemos? O que nós precisamos nesse instante é o seguinte, a economia brasileira precisa voltar a crescer, e nós precisamos fazer distribuição de renda, nós precisamos fazer mais polĂtica social".
A autonomia do Banco Central entrou em vigor em fevereiro de 2021, após ser aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo governo. A lei de independĂȘncia do Banco Central tem como principal mudança a adoção de mandatos de 4 anos para o presidente e diretores da autarquia federal. Esses mandatos ocorrerão em ciclos não coincidentes com a gestão do presidente da RepĂșblica.
Edição: Fernando Fraga
Fonte: AgĂȘncia Brasil