Na viagem da semana que vem a Buenos Aires, primeira visita oficial de seu terceiro mandato, o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva deve assinar um acordo com a Argentina para cooperação cientĂfica e logĂstica nas estações dos dois paĂses na AntĂĄrtida. Outro ponto que deve ser discutido pelas equipes dos dois paĂses é o impulso às negociações de um gasoduto entre Argentina e Brasil.
Lula embarca no domingo (22) para Buenos Aires. Além da agenda bilateral, ele participarĂĄ da reunião de cĂșpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), colegiado do qual o Brasil voltou a participar, após ter se retirado durante o governo de Jair Bolsonaro.
Até o momento, o Itamaraty confirma que "hĂĄ disposição" de encontros entre Lula e os mandatĂĄrios da Venezuela, NicolĂĄs Maduro, e de Cuba, Miguel DĂaz-Canel, além de reuniões com representantes dos demais paĂses que integram a Celac. O secretĂĄrio das Américas do Itamaraty, embaixador Michel Arslanian Neto, disse que ainda não pode confirmar as reuniões devido a questões de agenda ainda em discussão.
Questionado sobre o encontro entre Lula e Maduro, lĂder que encontra-se isolado no cenĂĄrio internacional, o embaixador disse que o objetivo do presidente Lula é enfatizar "o papel da América do Sul como força construtiva, o papel construtivo que a região pode desempenhar para a Venezuela".
Na cĂșpula, que ocorre entre 23 e 24 de janeiro, deverĂĄ ser acertada uma declaração final dos chefes de Estado sobre temas como segurança alimentar e integração energética da região. Outras 12 declarações temĂĄticas devem abordar temas como energia nuclear, sustentabilidade dos oceanos, combate ao trĂĄfico de drogas e armas, entre outros.
Em entrevista coletiva, Arslanian disse que Lula "não teve dĂșvidas" em privilegiar a cĂșpula da Celac no lugar de estrear sua agenda internacional no Fórum Econômico de Davos, que ocorre nesta semana na cidade suĂça. "O presidente nunca escondeu a prioridade da região [América Latina] nessa inserção do Brasil no mundo", afirmou o embaixador.
Arslanian disse ainda que a relação bilateral com a Argentina foi "subaproveitada" nos Ășltimos trĂȘs anos e que hĂĄ nova disposição em fazer avançar temas comuns. "É claramente uma relação que esteve subaproveitada, e agora hĂĄ um sentido de urgĂȘncia de colocĂĄ-la em marcha forçada, no sentido positivo, em direção aos vĂĄrios objetivos que nos unem", disse.
Após a visita a Buenos Aires, Lula seguirĂĄ para Montevidéu, também em visita oficial. A agenda do presidente no paĂs platino ainda não foi confirmada, mas, além de encontros bilaterais, planeja-se um novo encontro com o lĂder de esquerda e ex-presidente Uruguai José Pepe Mujica.
Arslanian afirmou nesta sexta-feira (20) que o tema da "integração gasĂfera" com a Argentina deve ser um dos principais eixos estratégicos na nova relação entre os paĂses.
"As conversas estão em curso, e coisas podem acontecer durante a visita", disse o embaixador Michel Arslanian Neto. "HĂĄ um propósito muito claro das equipes dos dois paĂses, com impulso no mais alto nĂvel para avançar em termos de integração elétrica e gasĂfera", acrescentou.
A Argentina tem sustentado a proposta da construção de um gasoduto entre as reservas de gĂĄs xisto (shale) da reserva de Vaca Muerta até o Brasil, confirmou o embaixador. "O setor privado argentino e o governo tĂȘm tido muito interesse em avançar no gasoduto Nestor Kirchner", disse ele, que frisou o desejo do Brasil de garantir segurança energética.
Edição: NĂĄdia Franco
Fonte: AgĂȘncia Brasil