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Desde 2002, Brasil sofreu 23 ataques em escolas, diz estudo da Unicamp

Especialistas defendem que ação recente segue padrão das anteriores

Por Nelson Lin - Repórter da Rádio Nacional - São Paulo em 28/03/2023 às 20:02:21
© Fernando Frazão/Agência Brasil

© Fernando Frazão/Agência Brasil

Desde 2002. o Brasil registra 23 ataques em escolas, de acordo com levantamento de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Após ataque mais recente ocorrido nesta segunda na escola da Vila Sonia, na capital paulista, o governador de São Paulo anunciou a presença mais ostensiva de policiais militares dentro das instituições de ensino. No entanto, para o secretĂĄrio Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente, Ariel de Castro Alves, medidas como essas não ajudam a resolver o problema

"Nós prcisamos ver com certa cautela esse tipo de medida, assim como ter detectores de metais em todas as escolas. A educação não pode estar vinculada à repressão. Entao é necessĂĄrio tratar com certa cautela essas situações para que a gente não tenha também abusos e maiores violencias, inclusive casos que possam ser de violĂȘncia policial. O que precisamos é de medidas para investigar esssas situações logo que elas acontecem", disse o secretĂĄrio.

O ataque ocorrido segue um mesmo padrão dos anteriores levantados pelo estudo da Unicamp, de meninos ou homens, quase sempre brancos, atraídos por discursos de ódio e racismo dentro de grupos da internet, conforme explicou Cleo Garcia, mestranda em educação na Unicamp e especialista em justiça restaurativa.

"Discurso de ódio, misoginia principalmente, talvez baseada em baixa auto estima, em ter sido rejeitados por meninas, mas todos eles tem um discurso muito forte contra meninas. Outra coisa é essa questão de frequentarem esses chats que a gente considera que fazem especificamente discursos de ódio voltados para esse público, e fazem uma cooptação e engajamento desse adolescentes", defende a mestranda.

Dessa forma, Ariel de Castro Alves falou da necessidade de haver nos currículos escolares conteúdo a respeito de cultura de paz e direitos humanos para prevenir as situações de violĂȘncia dentro das escolas. Cleo Garcia por sua vez, trouxe reflexão a partir do caso de violĂȘncia ocorrido nessa segunda-feira, de qual deve ser o caminho trilhado pela sociedade.

"Eu sei que as pessoas olham muito para essas questões sobre se parece que vai haver uma impunidade, o adolescente vai sair em trĂȘs anos, mas precisamos pensar o que a gente quer para o adolescente que foi internado, ou ou sabemos que ele vai sair e a gente vai ter que ressocializar. A gente quer vingança ou uma justiça que traga uma transformação dessa pessoa?", questionou.

Um dos caminhos propostos para a resolução de conflitos dentro das escolas é a Justiça Restaurativa, a de resolução dos conflitos sem necessariamente envolver punição e com o foco voltado a reparar danos às vítimas.

Desde 2010, o estado de São Paulo regulou a figura do professor mediador nas escolas estaduais, no entanto, Cleo Garcia avalia que não é o suficiente, sendo necessĂĄrio o envolvimento de todos da comunidade escolar, alunos, professores e pais para que os conflitos sejam resolvidos dentro da lógica da justiça restaurativa.

Com produção de Lucineia Marques.

Edição: Aline Leal

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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