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Dino exige de redes sociais retirada de mensagens de ameaça a escolas

Plataformas serão notificadas sobre perfis e conteĂșdos suspeitos

Por Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília em 11/04/2023 às 10:14:08
© Lula Marques/ Agência Brasil

© Lula Marques/ Agência Brasil

O governo federal vai exigir que plataformas criem canais abertos e ĂĄgeis para atender solicitações das autoridades policiais sobre conteúdos com apologia à violĂȘncia e ameaças a escolas nas redes sociais, como a retirada desses perfis, informou nesta segunda-feira (10) o ministro da Justiça e Segurança Pública, FlĂĄvio Dino.

O ministro cobrou ainda monitoramento ativo das plataformas em relação a ameaças. As plataformas serão notificadas formalmente nesta semana sobre os perfis e conteúdos suspeitos identificados pela pasta da Justiça em conjunto com as polícias dos estados.

Quem descumprir a notificação poderĂĄ sofrer sanções, como ser alvo de investigação da Polícia Federal e de medidas determinadas pelos ministérios públicos.

"Estamos vendo pânico sendo instalado no seio das escolas e das famílias e não identificamos ainda a proporcionalidade de reação das plataformas com essa epidemia de violĂȘncia que ameaçam nossas escolas nesse momento", disse em entrevista à imprensa. "Deixei claro na reunião que, se a notificação não for atendida, vamos tomar as providĂȘncias policiais e judiciais contra as plataformas. Obviamente, não desejamos isso. Desejamos que as plataformas nos ajudem."

O ministro reuniu-se hoje com representantes das empresas Meta, Kwai, Tik tok, Twitter, YouTube, Google e WhatsApp para debater ações de prevenção à violĂȘncia nas escolas e evitar ataques como o ocorrido em uma creche em Blumenau, Santa Catarina, na semana passada, que levou à morte de quatro crianças e deixou vĂĄrias feridas.

Até o momento, o ministério identificou mais de 511 perfis com divulgação de conteúdo violento contra escolas, identificados nos dias 8 e 9 de abril, somente no Twitter.

De acordo com o ministro, para não retirar o conteúdo e os perfis, as empresas argumentam respeito aos termos de uso e liberdade de expressão. Dino citou um caso em que foi solicitada a retirada de perfis com nome e fotos de homicidas. A plataforma alegou que somente pode derrubar se o perfil postar alguma mensagem de apologia à violĂȘncia.

O ministro ressaltou que os termos de uso "não se sobrepõem à Constituição, à lei, não são maiores que a vida das crianças e adolescentes brasileiros".

"Estamos em uma fronteira em que oportunistas vão ensaiar o argumento falso de que nós estamos tentando, de algum modo, limitar a chamada liberdade de expressão. Liberdade de expressão não existe para veicular imagens de adolescentes mutilados. Não existe liberdade de expressão para quem estĂĄ espalhando pânico e ameaças contra escolas. Não existe liberdade de expressão para quem quer matar crianças nas escolas. Não hĂĄ termo de uso que consiga, juridicamente, servir de escudo para quem quer se comportar de maneira irresponsĂĄvel", afirmou.

Sobre o funcionamento do algoritmo das redes e o fato de recomendarem a visualização de conteúdos violentos, o ministro ressaltou que as plataformas devem ser responsabilizadas por esse tipo de recomendação. "Não estamos dizendo que as plataformas de tecnologia são as únicas responsĂĄveis pelo discurso de ódio nas escolas. Sabemos que hĂĄ múltiplas determinações. Porém, não hĂĄ dúvida de que, no modo como a sociedade contemporânea se estrutura, um nó fundamental, um elo fundamental na cadeia da violĂȘncia nas escolas estĂĄ exatamente na propagação desse discurso por intermédio dessas postagens", disse.

O Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça, registrou grande circulação, no Brasil e no exterior, de mensagens com conteúdo de violĂȘncia referente ao dia 20 de abril. Na entrevista, FlĂĄvio Dino descartou risco de ataques na data e ressaltou que a pasta faz monitoramento diĂĄrio.

"Não hĂĄ nenhuma razão, neste momento, para pânico. O que hĂĄ é necessidade de fortalecimentos dos mecanismos institucionais e é decisivo o comportamento das plataformas de tecnologia para que possamos ter uma prevenção geral", disse. No dia 20 de abril de 1999, ocorreu o massacre na escola Columbine, nos Estados Unidos.

Outro lado

A AgĂȘncia Brasil entrou em contato com as assessorias da Meta (Instagram e o Facebook) e do Google (que controla o YouTube), mas ainda não recebeu manifestação.

A reportagem busca também contato com representantes do Tik Tok e do Twitter. O último não tem mais assessoria de comunicação no Brasil.

Edição: NĂĄdia Franco

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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