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Novo remédio para hepatite C poderå baixar custo do tratamento no SUS

Economia para os cofres pĂșblicos pode chegar a 20%

Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 22/07/2023 às 18:37:42
© Renato Araújo/Agência Brasília

© Renato Araújo/Agência Brasília

O novo medicamento ravidasvir, utilizado em combinação com sofosbuvir, que o Instituto de Tecnologia em FĂĄrmacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detém o registro, poderĂĄ reduzir em até 20% o custo do tratamento de hepatite C pelo Sistema Único de SaĂșde (SUS), hoje entre R$ 6,2 mil e R$ 6,5 mil por paciente. A estimativa é feita pelo diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça.

Por intermédio de Farmanguinhos, a Fiocruz assinou nessa semana acordo de parceria para registro do ravidasvir na AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa). A parceria técnica e cientĂ­fica foi firmada com a organização não governamental (ONG) Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e a farmacĂȘutica egĂ­pcia Pharco Pharmaceuticals.

À AgĂȘncia Brasil, Jorge Mendonça detalhou que a farmacĂȘutica egĂ­pcia Pharco fez testes, em conjunto com a DNDi, para mostrar a efetividade do ravidasvir, juntamente com o sofosbuvir, nas populações da Tailândia e da MalĂĄsia. Foi registrado percentual de cura, na média, de 97%. "Uma média bastante alta, comparada com padrões mais modernos utilizados para tratamento efetivo da hepatite C". A hepatite C é uma inflamação do fĂ­gado provocada pelo vĂ­rus HCV que, quando crônica, pode levar à cirrose, à insuficiĂȘncia hepĂĄtica e ao câncer.

Etapas

Após a assinatura do acordo, Mendonça explicou que a próxima etapa serĂĄ submeter o medicamento para aprovação na Anvisa. Em seguida, esperar o registro ser publicado pela AgĂȘncia para, posteriormente, fornecĂȘ-lo ao Ministério da SaĂșde para tratamento da hepatite C, em conjunto com o sofosbuvir. Jorge Mendonça estima que esse é um processo longo, que deverĂĄ levar entre um ano a um ano e meio.

"Contudo, a gente entende que quanto mais ofertas para o tratamento da hepatite C estiverem disponĂ­veis no SUS, a gente traz mais possibilidades para os médicos e mais possibilidades para os pacientes usarem medicamentos que são de primeira linha e que podem trazer mais conforto e mais adesão ao tratamento por parte desses pacientes", manifestou o diretor de Farmanguinhos.

Além do sofosbuvir, Farmanguinhos jĂĄ detém o registro do antiviral daclatasvir, o que reforça o papel do Instituto como apoiador do Complexo Econômico Industrial da SaĂșde (Ceis) e promotor da independĂȘncia nacional no tratamento da hepatite C. "Durante muito tempo, não havia muitas opções de tratamento eficazes para a hepatite C. Agora, porém, com os medicamentos desenvolvidos por Farmanguinhos, jĂĄ hĂĄ chances de cura", diz Mendonça.

"Hoje em dia, é um tratamento, em média, de 12 semanas, com taxa de cura efetiva acima de 95%". O diretor analisou que com o registro do Ravidasvir, não haverĂĄ aumento da taxa de cura. "Mas a gente pode, no futuro, que é um dos objetivos da transferĂȘncia do Ravidasvir também, reduzir o custo do tratamento para o SUS e, com isso, a chance de aumentar o acesso das populações atualmente não atendidas também se torna mais sustentĂĄvel pelo SUS".

O principal objetivo do registro do Favidasvir é que a Fiocruz consiga contribuir para a sustentabilidade orçamentĂĄria desse programa de tratamento das hepatites virais pelo SUS, que é bastante custoso para o Ministério da SaĂșde, argumentou Jorge Mendonça.

Busca ativa

Segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado pelo Ministério da SaĂșde em junho de 2022, foram confirmados 718.651 casos de hepatites virais no Brasil registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no perĂ­odo de 2000 a 2021. Desse total, 168.175 (23,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.

Como se desconhecem os casos ocorridos durante a pandemia da covid-19, Jorge Mendonça disse que o próximo passo que os programas de hepatites virais do mundo vão dar é chamado de "busca ativa". Ou seja, em vez de ficar esperando o paciente vir em busca de tratamento, serão feitas testagens em massa para tratar esses pacientes, jĂĄ que a hepatite C, nos primeiros momentos e até nos primeiros anos da doença, não traz sintomas. A ideia é buscar esses indivĂ­duos e tratar logo antes que a hepatite C fique crônica nele. "Isso é fundamental para efetividade do tratamento e para a saĂșde do paciente", conclui Mendonça.

Edição: Aline Leal

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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