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Dia do Orgasmo: mulheres devem se conhecer mais para chegar lĂĄ

Especialista diz que se tocar para eles, Ă© estĂ­mulo, para elas, tabu

Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 31/07/2023 às 10:29:02
© efes/Pixabay

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O ĂĄpice do prazer sexual tem nesta segunda-feira (31) uma data marcante, pois é quando se comemora o Dia Mundial do Orgasmo. A pedagoga com especialização em sexologia clĂ­nica Claudia Petry, integrante da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (Sbrash) e especialista em educação para a sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que, por uma questão social, o homem sempre foi muito mais estimulado a conhecer o próprio corpo, a se masturbar. Para a menina, isso sempre foi um tabu, uma coisa proibida, pecaminosa, por questões culturais e de educação.

"O menino, quando vai crescendo, consegue ter fĂĄcil acesso ao pĂȘnis, enquanto para nós, mulheres, é um órgão completamente interno. A gente consegue sentir, mas não consegue ver. Esta condição, tanto social como anatômica, deixa o homem com vantagens para o seu orgasmo", ressalta Claudia.

A sexóloga clĂ­nica garantiu, entretanto, que todas as mulheres são capazes de sentir orgasmo. Segundo Claudia Petry, o homem pode chegar ao orgasmo e ter um novo orgasmo. JĂĄ a mulher consegue ter mĂșltiplos orgasmos se continuar a ser estimulada pelo parceiro ou continuar se estimulando. A especialista chamou a atenção que, nessa data em que se comemora o Dia Mundial do Orgasmo, é necessĂĄrio também abordar a questão da "ditadura" do orgasmo, segundo a qual a mulher que não alcança a sensação do orgasmo não é considerada normal. O mais importante é ter uma satisfação fĂ­sica e emocional na relação Ă­ntima, seja consigo mesmo ou com uma parceria.

BenefĂ­cios

Entre os benefĂ­cios que o orgasmo traz para o corpo das pessoas, Claudia elencou a liberação do hormônio da felicidade, tonificação do assoalho pélvico porque acontecem contrações involuntĂĄrias, melhora do humor, diminuição da ansiedade, melhoria da intimidade e da parceria, sensação de prazer em vĂĄrios aspectos na vida.

Apesar dos benefĂ­cios, algumas mulheres podem relatar dor de cabeça após o orgasmo. Quando isso ocorre, a orientação é procurar um médico que tenha um olhar para a sexualidade, para tentar entender o que estĂĄ acontecendo. "É a ĂĄrea médica que vai ter esse olhar para tentar entender o porquĂȘ desse desconforto pós orgasmo".

Ferramentas

Como o orgasmo é a resposta do Ă­ndice de excitação sexual do ser humano, a mulher, principalmente, não deve ficar preocupada se vai ter ou não orgasmo, mas trocar pensamentos limitantes e ampliar a sensação corporal, o conhecimento sobre como seu corpo responde a estĂ­mulos externos. Claudia afirmou que uma boa ferramenta para a percepção do orgasmo são os vibradores, ou brinquedos eróticos. "Porque eles vĂȘm para, justamente, colaborar com as mulheres. Porque nós temos muitas distrações cognitivas também. Por exemplo, vocĂȘ estĂĄ no meio da relação sexual e se lembra do boleto que esqueceu de pagar. Nós, mulheres, temos muita dificuldade de nos concentrar na nossa sensação fĂ­sica. E o vibrador é um excelente recurso para que a gente se mantenha atenta ao corpo".

Para a mulher, O Dia Mundial do Orgasmo, segundo a especialista, serve para que ela possa ter esse olhar sobre si própria e entender que pode gostar de sexo, que pode ter prazer e merece isso, ao mesmo tempo que faz a descoberta sobre o próprio corpo. Isso, contudo, é algo muito recente, em função do peso cultural e do machismo.

Em sexologia clĂ­nica, existe a anorgasmia, que é uma disfunção sexual feminina. São mulheres que não conseguem chegar ao orgasmo. A especialista explica que dentro do protocolo, o primeiro passo para o tratamento da anorgasmia é que a mulher consiga ter um orgasmo sozinha porque, quando se estĂĄ em uma interação com outra pessoa, as mulheres tendem a se preocupar mais em dar prazer para o outro do que em buscar ter prazer. A descoberta individual, a partir da erotização da mente, leva essa mulher a chegar ao orgasmo.

Beijo

De acordo com Dani Fontinele, terapeuta sexual e sexóloga clĂ­nica e membro da Associação Brasileira dos Profissionais de SaĂșde, Educação e Terapia Sexual (Abrasex), o beijo tem grande importância para que a mulher atinja o clĂ­max. Estudo realizado pela Universidade de Barcelona aponta que o beijo estimula a liberação de quatro neurotransmissores que geram diversas reações na mulher: a dopamina e serotonina, que aumentam o prazer; a epinefrina, que aumenta a frequĂȘncia cardĂ­aca, o tônus muscular e o suor; e a ocitocina, que gera bem-estar, afeto e confiança. Também hĂĄ liberação de outras substâncias, como a feniletilamina, que eleva o desejo sexual na mulher, principalmente quando se trata do primeiro beijo, mesmo em relações diferentes. JĂĄ o óxido nĂ­trico, que relaxa os vasos sanguĂ­neos, provoca aumento do fluxo de sangue e, em consequĂȘncia, maior excitação e sensibilidade na região genital.

"O beijo não é apenas troca de saliva, mas envolve os cinco sentidos", disse Dani à AgĂȘncia Brasil. "Quando vocĂȘ beija alguém, estĂĄ sentindo o gosto, o cheiro, tocando a pessoa, estĂĄ vendo de perto. E a mulher fica muito mais envolvida nesse momento. Então, existe uma propensão maior dela estar aberta para o ato sexual, para esse orgasmo".

A especialista diz que o beijo é uma coisa Ă­ntima, devido à troca de salivas, e importante para a preservação de uniões. "Casais que tĂȘm relacionamentos longevos, com uma vida sexual satisfatória, mesmo com a idade mantĂȘm o toque fĂ­sico, Ă­ntimo, e também o beijo".

PrĂĄtica

O orgasmo mĂșltiplo se conquista com alguma prĂĄtica. Ele é possĂ­vel para todas as mulheres. Para que isso aconteça, a dica da sexóloga Dani Fontinele é mudar o estĂ­mulo. Por exemplo, se a mulher teve orgasmo com estĂ­mulo manual, deve começar a praticar com um vibrador. "Toda mulher é orgĂĄstica, ou seja, pode atingir o orgasmo". A exceção são mulheres que tenham algum problema biológico, fisiológico ou hormonal. Para ter um orgasmo, Dani acentuou a necessidade de a mulher se conhecer, se tocar, sem esperar que "algum homem salvador venha e faça por ela". O ideal é que a mulher se conheça, veja onde gosta de ser tocada e como gosta, para mostrar isso para o parceiro, detalha.

Dani insistiu que as mulheres procurem se conhecer. "Peguem um espelho e se olhem. Coloquem a mão, vejam como funciona, onde é sensĂ­vel, onde não é". Se a mulher não conseguir se olhar ou se tocar, deve procurar ajuda de um ginecologista ou terapeuta sexual.

Compartilhamento

A sexóloga Natali Gutierrez destaca que quando uma mulher conhece seu próprio corpo e entende o que faz ou não faz sentido quando o assunto é prazer, ela não se permite passar por encontros ruins ou sair com alguém que não faça aquilo que a satisfaz e que permite a ela ter orgasmos que a enchem de prazer.

O também sexólogo Renan de Paula comenta que, embora seja uma parte vital da experiĂȘncia sexual humana, a importância do orgasmo ultrapassa o prazer fĂ­sico, porque desempenha papel essencial na conexão emocional entre os parceiros e, também, na promoção do bem-estar geral e até na saĂșde fĂ­sica. Para Renan de Paula, o orgasmo não deve ser o Ășnico foco do encontro sexual, mas a ĂȘnfase deve estar na jornada de prazer compartilhado, e não apenas no destino.

Edição: Aline Leal

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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