Doenças infecciosas são capazes de causar malformações e deixar sequelas nos bebĂȘs, se acometerem as mães durante a gestação. Essas infecções também podem ocorrer logo após o parto, antes de ser possĂvel imunizar os recém-nascidos. O Programa Nacional de Imunização (PNI) responde a esses riscos com um calendĂĄrio especĂfico da gestante, um dos responsĂĄveis pela eliminação do tétano neonatal do paĂs em 2012. Em 2023, o PNI completa 50 anos.
JĂĄ presentes no calendĂĄrio do adulto, as vacinas contra a hepatite B e difteria e tétano (dT) precisam ter os cumprimentos de seus esquemas vacinais checados durante a gestação. Quando a mãe estĂĄ imunizada contra essas doenças, ela transmite os anticorpos ao bebĂȘ, protegendo-o até que chegue o momento de ele ser imunizado, segundo seu próprio calendĂĄrio vacinal.
A lista de imunizantes recomendados traz ainda a vacina contra a difteria, tétano e coqueluche (dTpa), especĂfica do calendĂĄrio da gestante. Esse imunizante é administrado em uma dose para grĂĄvidas a partir da 20ÂȘ semana e deve ser repetido a cada gestação.
Gestantes que perderam a oportunidade de serem vacinadas durante a gravidez devem receber uma dose de dTpa até 45 dias após o parto, o mais precocemente possĂvel, recomenda o calendĂĄrio.
JĂĄ vacinas de vĂrus vivo atenuado, como a de febre amarela, trĂplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ou varicela, não são recomendadas durante a gestação. É importante que a vacinação contra a rubéola esteja em dia em mulheres que planejam engravidar, porque a sĂndrome da rubéola congĂȘnita é uma doença de alto risco para os bebĂȘs, e as gestantes não podem ser vacinadas contra ela durante a gravidez.
A coordenadora da Assessoria ClĂnica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Lurdinha Maia, destaca que o controle da rubéola congĂȘnita e do tétano neonatal é uma grande conquista para a saĂșde pĂșblica, porque essas doenças causavam sequelas importantes e mortalidade infantil no paĂs.
"As gestantes tĂȘm que olhar o seu calendĂĄrio de vacinação. Mesmo que elas tenham sido vacinadas na infância, hĂĄ necessidade de cumprir um calendĂĄrio. É a gestante que, vacinada contra o tétano e a rubéola, vai impedir que a criança, ao nascer, tenha a doença. Ela passa a imunidade para essa criança", afirma. "Vacinação é desde a gestante até o idoso, e precisamos ter um calendĂĄrio atualizado para que a gente possa realmente interromper o ciclo dessas doenças."
Integrante da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, Guido Levi lembra que o tétano neonatal era conhecido como "mal de sete dias", porque surgia poucos dias após o nascimento e podia evoluir de forma letal rapidamente.
"Temos que manter a vacinação antitetânica em dia, temos que manter a dTpa nas mulheres gestantes para que protejam seus filhos até a época em que tomarão a vacina e se protegerão. Com o tétano, as crianças sofriam com uma contratura muscular generalizada, que paralisava inclusive os mĂșsculos respiratórios, e morriam rapidamente. No mĂĄximo em uma semana ou duas. E, hoje, a gente não tem mais essa doença."
O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento CientĂfico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que as vacinas são organizadas nos calendĂĄrios em função dos riscos que elas oferecem, e, por isso, as recomendações devem ser atendidas no tempo certo, o que inclui a gestação.
A imunização das gestantes contra a hepatite B e também dos bebĂȘs logo ao nascer cumpre um papel de impedir a transmissão vertical da doença, da mãe para o bebĂȘ.
"A infecção por hepatite B ao nascer torna esse bebĂȘ com enorme chance de ter uma hepatite crônica, câncer de fĂgado e ser um transmissor dessa doença para outras pessoas da comunidade. Por isso a necessidade de vacinar logo ao nascer."
Edição: Juliana Andrade
Fonte: AgĂȘncia Brasil