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Banco de Multitecidos do MS teve aumento de 44% nas captações em 2023

Nesta quarta se celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos

Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 28/09/2023 às 09:39:08
© Divulgação/Ministério da Saúde

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No Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado nesta quarta-feira (27), o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério da SaĂșde, superou 1,5 mil doadores de tecidos musculoesqueléticos, que incluem ossos, tendões, meniscos e cartilagens. "É uma virada importante, que abrange todos os tecidos que a gente trabalha para captar para transplante", disse à AgĂȘncia Brasil o chefe do Banco de Multitecidos do Instituto, Rafael Prinz.

A marca considera o perĂ­odo desde a inauguração da unidade, em setembro de 2002, quando o foco era o trabalho somente com ossos e tendões. Em setembro de 2013, surgiu o Banco de Olhos e, em abril de 2017, o Banco de Pele. "A gente foi agregando os tecidos que poderia captar e disponibilizar para transplante". Atualmente, o Banco do Into é Multitecidos e envolve não só os tecidos musculoesqueléticos, mas também globos oculares e pele.

De janeiro a agosto deste ano, o Into registrou 215 captações de tecidos, entre córneas, pele e tecidos musculoesqueléticos, com aumento de 44% em comparação a igual perĂ­odo do ano passado. Desse total, foram 173 captações de tecido ocular, 29 de tecido musculoesquelético, 30 peças englobando osso, tendão, cartilagem, e 13 captações de pele. Em 2022, o banco foi o maior distribuidor de tecidos para a realização de cirurgias ortopédicas no Brasil: mais de 43% dos transplantes de tecido musculoesquelético do paĂ­s foram feitos com ossos, tendões e outros tecidos disponibilizados pelo Into.

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Prinz diz esperar conseguir "mais do que dobrar" o nĂșmero de córneas captadas este ano. "Seria muito bom chegar a 900 córneas transplantadas, provenientes do nosso banco. Para isso, a gente precisa da ajuda da população". A fila atual de transplante no estado do Rio de Janeiro alcança cerca de 4 mil pessoas esperando uma córnea. "É uma situação que a gente quer muito ajudar a mudar. Se conseguĂ­ssemos, este ano, fazer perto de mil transplantes, isso jĂĄ ajuda muito, diminui bastante o tempo de espera nessa fila, apesar de nós não sermos o Ășnico banco que atende essa fila estadual". O médico destacou a necessidade de sensibilização da população para a doação para, com isso, aumentar o nĂșmero de transplantes e fazer mais pessoas voltarem a enxergar.

Ele previu ainda um recorde na captação de globos oculares. Ele estima que, até o fim deste ano, o nĂșmero de globos oculares captados, no total de 332 até agora, seja o maior desde a inauguração do Banco de Olhos, em 2013. "Do ponto de vista de tecido ocular, estĂĄ sendo um ano muito bom para a gente. Nos Ășltimos dez anos, este é o melhor ano em captação de tecido ocular. Isso é muito bom para a gente poder fazer um nĂșmero maior de pessoas podendo voltar a enxergar", reiterou.

Captações

O chefe do Banco de Multitecidos explicou que uma doação pode gerar uma captação de tecidos de dois globos oculares, de pele, ossos, tendões e até cartilagem articular para transplantes. "Eu ter a magnitude de quanto isso gera lĂĄ na ponta é muito amplificado. Um Ășnico doador, se conseguir ser apto e tiver até uma idade mais jovem, a gente consegue enquadrar nas faixas de captação de todos esses tecidos e ele potencializa muito o nĂșmero de receptores. A gente costuma dizer que pode chegar a mais de 50 pessoas sendo beneficiadas com uma Ășnica doação, dependendo da faixa etĂĄria do doador e das indicações que a gente for fazer de preparação desses tecidos para transplante. A gente consegue o nosso banco magnificar muito uma doação".

Para se ter uma ideia, Prinz informou que dois globos oculares doados geram quatro produtos: duas córneas e duas escleras (tecido fibroso externo que reveste o globo ocular, também conhecido como "branco do olho"). JĂĄ cada captação de tecido musculoesquelético fornece, em média, 30 peças, como osso, tendão, cartilagem, entre outras. Depois de processadas, essas peças podem beneficiar pelo menos 50 pessoas. Em relação à pele, são captados, em média, mil centĂ­metros quadrados (cmÂČ) por doador.

Conscientização

Na avaliação de Prinz, a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos continua sendo fundamental, porque o Ă­ndice de recusa familiar ainda é grande. Dados do Registro Brasileiro de Transplantes mostram que, no primeiro semestre de 2023, 33% das famĂ­lias de potenciais doadores notificados no estado do Rio de Janeiro não autorizaram a doação. No Brasil, o nĂșmero chegou a 49%. "É a famĂ­lia que vai autorizar a doação. Por isso, é muito importante que a pessoa comunique ainda em vida aos familiares o seu desejo de ser um doador", disse o especialista.

Graças ao tecido musculoesquelético disponibilizado pelo Banco de Multitecidos do Into, Isaac Bertolino, de 18 anos, jĂĄ consegue voltar a jogar bola com os amigos. O estudante, apaixonado por futebol, foi submetido a um transplante que evitou a amputação da perna. Em 2019, Isaac foi diagnosticado com osteossarcoma, tipo mais comum de tumor ósseo maligno primĂĄrio, que atinge com mais frequĂȘncia crianças, adolescentes e jovens adultos.

Foi através de um transplante ósseo (parte inferior de uma tĂ­bia), que substitui os ossos doentes por ossos saudĂĄveis de doadores, que o estudante, além de passar pela ressecção do tumor, ganhou a chance de continuar com a mobilidade dos membros inferiores.

Distribuição

Pioneiro no Brasil, o Banco de Multitecidos do Into é responsĂĄvel pela captação, processamento e distribuição de córnea, pele e tecidos musculoesqueléticos para utilização em cirurgias de transplantes nas ĂĄreas de ortopedia e odontologia.

O Instituto mantém equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia, durante os 365 dias do ano. Todo o procedimento, desde a captação até a distribuição do tecido a ser transplantado, é gratuito. No banco de tecidos, todo o material coletado é analisado até que seja liberado para a distribuição. A partir daĂ­, ele serĂĄ disponibilizado, sob demanda, para qualquer equipe e instituição cadastrada no Sistema Nacional de Transplantes.

Edição: Aline Leal

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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