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Fiocruz se posiciona contra a PEC do Plasma

Constituição proĂ­be comĂ©rcio de órgãos, tecidos e substâncias humanas

Por Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 04/10/2023 às 20:13:37
© Davidyson Damasceno/Agência Brasília

© Davidyson Damasceno/Agência Brasília

O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se posicionou contra a proposta de emenda à Constituição nÂș 10, de 2022, (PEC 10/2022), a chamada PEC do Plasma. Ela tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e tem por objetivo permitir que a iniciativa privada colete e processe o plasma humano.

A Constituição brasileira proĂ­be todo tipo de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas. Atualmente, a coleta e o processamento do sangue ficam a cargo da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (HemobrĂĄs), estatal criada em 2004. A PEC do Plasma altera o artigo 199 da Carta Magna, que dispõe sobre as condições e os requisitos para coleta e processamento de plasma para permitir que isso seja feito pela iniciativa privada.

Pela proposta seria acrescentado no artigo 199 o parĂĄgrafo: § 5Âș A lei disporĂĄ sobre as condições e os requisitos para coleta e processamento de plasma humano pela iniciativa pĂșblica e privada para fins de desenvolvimento de novas tecnologias e de produção de biofĂĄrmacos destinados a prover o Sistema Único de SaĂșde.

Riscos

A Fiocruz disse que "a aprovação da PEC pode causar sérios riscos à Rede de Serviços HemoterĂĄpicos do Brasil e ao Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados. A comercialização de plasma pode trazer impacto negativo nas doações voluntĂĄrias de sangue, pois hĂĄ estudos que sugerem que, quando as doações são remuneradas, as pessoas podem ser menos propensas a doar por motivos altruĂ­stas".

Além disso, segundo a Fiocruz, esta prĂĄtica traz riscos para a qualidade e segurança do plasma e pode aumentar as desigualdades sociais.

"Estudos sugerem, por exemplo, que a comercialização pode atrair pessoas em situações financeiras difĂ­ceis, dispostas a vender seu plasma, além de facilitar o acesso a pessoas que podem pagar, em detrimento daquelas que não tĂȘm condições", acrescentou a fundação.

PrejuĂ­zos

Atualmente, o plasma doado no paĂ­s atende exclusivamente às necessidades da população brasileira e traz retorno na forma de acesso a medicamentos. "A comercialização do plasma poderia suscitar ainda movimentos de exportação, o que prejudicaria os brasileiros, deixando o paĂ­s vulnerĂĄvel diante de emergĂȘncias sanitĂĄrias", informou a Fiocruz, que destaca que hoje o Sistema Único de SaĂșde (SUS) presta atendimento a 100% dos pacientes que necessitam de hemoderivados.

"Para o aprimoramento da polĂ­tica nacional de sangue, referĂȘncia mundial pela sua excelĂȘncia e capacidade de atender a todos os brasileiros, a HemobrĂĄs precisa ser fortalecida para que possa produzir no mĂĄximo da sua capacidade. É importante também fortalecer a Coordenação-Geral de Sangue e de Hemoderivados do Ministério da SaĂșde, encarregada da execução da polĂ­tica de atenção hemoterĂĄpica e hematológica que regula da coleta ao processamento e a distribuição de sangue e hemoderivados no Brasil", finalizou a Fiocruz.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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