PREFEITURA SANTANA

Ministra destaca Ă©tica como parte da formação mĂ©dica de qualidade

NĂ­sia Trindade esteve em encontro que discutiu formação na saĂșde

Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil - Brasília em 11/12/2023 às 17:26:32
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse, nesta segunda-feira (10), que os Ministérios da Saúde e da Educação se preocupam e contribuem para uma formação médica permanente e de qualidade, que vai além da parte técnico-científica.

"Formação médica de qualidade implica também a questão da ética médica, dos valores, do compromisso social. Não hĂĄ dissociação, a meu ver, entre qualidade técnico-científica e compromisso ético contribuir para uma formação médica de qualidade", frisou a ministra.

A ministra participou, em Brasília, da abertura do Projeto Formação Médica para o Brasil. Um olhar comprometido com a Responsabilidades Social no Século XXI, iniciativa da Associação Brasileira de Educação Médica.

Cursos

Para uma plateia formada, sobretudo, por médicos, a ministra Nisia disse que a recente expansão de novos cursos de medicina, da forma como foi realizada em instituições de ensino superior pelo país, descumpre parâmetros previstos desde 2014, por não atender regiões do país carentes destes profissionais de saúde e por ter baixa qualidade de ensino. "Esse é um grave problema porque não seguiu aqueles parâmetros que diziam respeito, não só aos vazios assistenciais tão importantes, mas a questão da qualidade."

A ministra reconhece que hĂĄ divergĂȘncias entre a classe médica e o poder público no que diz respeito ao Programa Mais Médicos, retomado em 2023, mas, Nísia diz ter convicção de que, em conjunto, os dois lados poderão avançar em ações estruturantes para formação médica que conjugue a parte técnica de qualidade, com formação ética, dos profissionais que atuarão no Sistema Único de Saúde e na saúde suplementar (planos de saúde) e privada.

Neste ponto, o representante do Conselho Federal de Medicina, Julio Vieira Braga, discordou. O conselheiro entende que hĂĄ limitações para interiorizar os cursos de medicina, no país.

"Por mais que se queira levar cursos de medicina para locais remotos, temos a dificuldade nos locais com baixa população, com baixa qualidade de serviços de saúde, com baixa quantidade de médicos. Então, é muito difícil, quando não impossível, levar o curso de medicina. Precisamos garantir o mínimo de qualidade para que esses cursos possam formar os médicos que vão atender a população pobre e carente, que acaba sendo atendida muitas vezes por profissionais de qualidade, no mínimo duvidosa, jĂĄ que não existe uma forma de avaliação."

Avaliação externa

O médico Julio Braga defende ainda que o Brasil adote um sistema de avaliação externa e independente, com reconhecimento internacional, dos formados em medicina. "Boa parte dos países do mundo fazem, todos os seus cursos são acreditados. No Brasil, não é obrigatória essa avaliação externa, porque o Ministério da Educação tem sua responsabilidade, o INEP [Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa Anisio Teixeira/MEC] faz sua forma de avaliação, mas entendemos que não é o mais correto".

EstĂĄgio

Os presentes no encontro também apontaram a fase do estĂĄgio do estudante de medicina como importante para melhorar a formação dos futuros profissionais. No entanto, o diretor científico da Associação Médica Brasileira, José Eduardo Lutaif Dolci, alertou para a falta de vagas de estĂĄgio e de professores com capacitação para tal. "Quando falamos em qualificar os médicos que vão se formar, os egressos, precisamos colocar isso nas nossas diretrizes curriculares como obrigatoriedade. É importante sempre discutir a qualidade do nosso egresso, porque sem dúvida, vai repercutir na qualidade do atendimento à nossa população, na qualidade do médico do SUS".

A representante do Conselho Nacional de SecretĂĄrios de Saúde (Conass), Francisca Valda da Silva, afirmou que o ensino superior na ĂĄrea da saúde não estĂĄ atendendo às diretrizes, anteriormente propostas. Ela ainda lamentou a falta atualizações de cursos de formação para outras profissões de saúde dentro do Ministério da Educação (MEC).

"Nossos desafios são muito grandes e nós temos que entender que a luta da qualidade nos reúne."

Atenção PrimĂĄria

Ainda nesta segunda-feira, Nísia trindade participou do início da 2ÂȘ ConferĂȘncia Nacional de Planificação da Atenção à Saúde (APS). O evento foi promovido pelo Conass.

Na sede da entidade, Nísia tratou dos desafios enfrentados pela sociedade brasileira. "Desafios demogrĂĄficos, com o envelhecimento da população; climĂĄticos; do mundo do trabalho, que se diversificou e que perdeu muito dos vínculos de proteção social; Desafios da ciĂȘncia e tecnologia, como um grande fator de desigualdade entre os países e dentro do nosso próprio país, essa que é uma das nossas marcas mais persistentes, mas também [desafios] da luta por equidade, que envolve não só a questão de classe social, mas questões de gĂȘnero, de etnia, ou seja, raça/cor. Lidamos com diversidades e desigualdades históricas."

Na abertura do evento, o secretĂĄrio executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, disse que é preciso fortalecer a atenção primĂĄria na saúde pública. "Precisamos colocar recursos e, com persistĂȘncia, fazer com que as ideias saiam do papel para que a APS se firme como uma política prioritĂĄria, no Brasil", pontuou.

A 2a ConferĂȘncia Nacional da Planificação da Atenção à Saúde ocorre em Brasília até quarta-feira (12) e reúne profissionais de saúde todo o país.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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