PREFEITURA SANTANA

Pesquisa mostra desigualdade no acesso a internet entre alunos

A "ineficiĂȘncia histórica" das polĂ­ticas de telecomunicações no Brasil geraram uma "elite estudantil" na pandemia

Por Redação em 15/06/2021 às 20:59:49

A "ineficiĂȘncia histórica" das polĂ­ticas de telecomunicações no Brasil geraram uma "elite estudantil" na pandemia, acentuando desigualdades no acesso e na qualidade da Educação. A anĂĄlise estĂĄ no relatório Acesso à Internet Residencial dos Estudantes, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), lançado hoje (15).

"O modesto avanço alcançado pelas polĂ­ticas de acesso à internet focado exclusivamente nas escolas foi de pouca utilidade quando estas foram fechadas e alunos e professores tiveram que ficar em casa", diz o texto da pesquisa desenvolvida por Jardiel Nogueira. Os dados mostram que conexão estĂĄvel, sem restrições, e equipamentos adequados seguem restritos.

Nogueira aponta que "o Brasil não estĂĄ nessa situação por falta de polĂ­ticas de conectividade, mas pela falta de efetividade das polĂ­ticas que jĂĄ foram lançadas". Desde 1997, com o Programa de Tecnologia Educacional, que levou os laboratórios de informĂĄtica para as escolas, e atualmente o Programa de Inovação Educação Conectada (Piec), com foco na conexão da internet para as escolas, aquisição de equipamentos e formação de professores.

Realidade

Entre os dados compilados, o relatório destaca que, apesar do avanço no nĂșmero de usuĂĄrios de internet nos Ășltimos anos, 47 milhões de brasileiros permanecem desconectados, sendo que 45 milhões (95%) estão na classe C e D/E, conforme nĂșmeros da TIC DomicĂ­lios 2019.

Sobre a realidade dos estudantes, levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 6 milhões de alunos vivem completamente sem acesso à internet fixa ou móvel em casa. Além disso, na classe A apenas 11% dizem fazer uso da rede exclusivamente no celular. Nas classes D e E, o percentual salta para 85%.

Para o Idec, "apesar de serem Ășteis em casos extremos, celulares limitam as possibilidades pedagógicas de produção de conteĂșdo, pesquisas acadĂȘmicas e uso autônomo para aprendizado, tanto do professor quanto do aluno".

Outro dado destacado no estudo é de uma pesquisa Datafolha de 2020 a qual mostra que o nĂșmero de lares que possuem celulares chega a 89% dos estudantes, mas 38% deles precisam dividir o aparelho com outras pessoas da casa.

A maioria das soluções emergenciais adotadas por secretarias municipais e estaduais passou pelo acesso à internet: aplicativo com aulas e materiais para download; portal que centraliza as ofertas pedagógicas e orientações oficiais; dados patrocinados para acesso a serviços pedagógicos sem descontar do pacote de dados; empréstimo, subsĂ­dio ou doação de equipamentos para uso dos alunos e/ou professores; doação de chips; transmissão de aulas via TV ou rĂĄdio; e disponibilização de material impresso.

"Desde o começo da pandemia a gente alertou que não eram aconselhĂĄveis polĂ­ticas pĂșblicas emergenciais que não considerassem a realidade de infraestrutura dos domicĂ­lios, acesso a insumos por parte dos estudantes e de suas famĂ­lias e foi o que aconteceu. Foram construĂ­das polĂ­ticas pĂșblicas emergenciais de base excludente", avaliou Andressa Pellanda, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que participou do lançamento.

SaĂ­das

O Idec destaca como uma medida importante a derrubada do veto ao Projeto de Lei 3477, que garante R$ 3,5 bilhões para conectar alunos e professores em suas residĂȘncias. "É o maior aporte de recursos da história", aponta o pesquisador. Além disso, a aprovação do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) para destravar os recursos necessĂĄrios para expandir a conectividade nas escolas.

"Apontamos para a necessidade de se garantir a equidade no acesso à internet para além da pandemia. Educação na internet não é só plataforma, acesso à aula, é equidade no acesso ao conhecimento. É um horizonte a ser buscado", defendeu Diogo Moyses, coordenador da ĂĄrea de telecomunicações e direitos digitais do Idec.

A AgĂȘncia Brasil procurou o Ministério da Educação e aguarda retorno.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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