Estudo feito em parceria por pesquisadores da Escola de Medicina da PontifĂcia Universidade Católica do ParanĂĄ (PUCPR), Fundação Getulio Vargas (FGV) e Instituto Laura Fressatto provou que atendimentos feitos com uso de inteligĂȘncia artificial, por meio do robô Laura Care, ajudaram a desafogar o sistema de saĂșde durante a pandemia de covid-19.
O médico Murilo Guedes, pesquisador pós-doutorando do?Programa de Pós-Graduação em CiĂȘncias da SaĂșde da PUCPR, disse à AgĂȘncia Brasil que foi desenvolvido um algorĂtimo de inteligĂȘncia artificial (IA) que tem a capacidade de fazer a triagem de pacientes com covid-19. "O paciente entra em contato com a plataforma do robô Laura e digita algumas informações que o robô identifica e interpreta. O paciente tanto pode receber informações, como prevenção, vacinas e orientações sobre covid-19, mas também pode descrever os sintomas [que estĂĄ sentindo] para o algorĂtimo".
A partir da descrição dos sintomas, o algorĂtimo detecta a gravidade da doença no paciente, disponibilizando as informações para um profissional de saĂșde. A ferramenta funciona como um pronto atendimento digital, fazendo triagens e encaminhamentos para o atendimento e acompanhamento de pacientes.
Se o paciente é classificado como leve, ele continua em interação com o robô, fazendo atualizações a cada trĂȘs dias para que sejam tomadas as medidas apropriadas. Se o paciente piora, o robô redireciona o paciente para um teleatendimento com enfermeiro ou médico, para consulta por mensagem ou vĂdeo.
Segundo Murilo Guedes, a ferramenta permite o atendimento por nĂveis de cuidado, otimizando o uso inteligente dos recursos e o atendimento imediato do usuĂĄrio.
O trabalho analisou atendimentos feitos por essa plataforma a 24,1 mil pessoas, entre julho e outubro de 2020, em trĂȘs municĂpios: Curitiba (PR), São Bernardo do Campo (SP) e Catanduva (SP). Desse total, 44,8% dos pacientes foram classificados com sintomas leves de covid-19, 33,6% dos casos foram considerados moderados e apenas 14,2% foram diagnosticados como casos graves da doença.
Segundo os pesquisadores, o atendimento feito com inteligĂȘncia artificial, ao mesmo tempo que se apresenta como solução para a triagem de pacientes e acompanhamento da evolução dos sintomas da covid-19, faz com que o acesso ao sistema de saĂșde ocorra de maneira coordenada, contribuindo para não sobrecarregar os hospitais e unidades de pronto atendimento.
Os resultados preliminares de viabilidade dessa tecnologia constam do estudo Covid-19 in Brazil - Preliminary Analysis of Response Supported by Artificial Intelligence in Municipalities, publicado no jornal Frontiers in Digital Health, considerado referĂȘncia internacional para trabalhos que abordam as intersecções entre saĂșde e tecnologia.
No momento, os pesquisadores estão executando novos estudos com o robô Laura Care para avaliar a segurança e eficĂĄcia desse algorĂtimo para implementação em mais ampla escala, em nĂvel nacional. "O que a gente ainda precisa fazer, daqui para a frente, é mostrar que a ferramenta tem eficĂĄcia na avaliação dela e que ela é segura". Essa fase nova tem prazo de conclusão prevista em torno de trĂȘs a seis meses.
Murilo Guedes afirmou que a tecnologia estĂĄ sendo aplicada em outros contextos, sejam pĂșblicos, como sistemas de saĂșde municipais, ou privados, como seguradoras de saĂșde. "Ou outras instituições que possam se beneficiar da triagem, usando inteligĂȘncia artificial para pacientes que procuram pronto atendimento". Isso se aplica não só para a covid-19, mas para outras doenças.
De acordo com o pesquisador, o objetivo é que a tecnologia seja aplicada em todos os contextos na medicina de urgĂȘncia e emergĂȘncia, para triagem de pacientes para pronto atendimento. "O grande objetivo aqui é otimização de recursos em saĂșde para desafogar as instituições de saĂșde", disse o pesquisador da universidade.
Fonte: AgĂȘncia Brasil