PREFEITURA SANTANA

Câmara aprova texto-base do projeto de privatização dos Correios

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (5), o texto-base do Projeto de Lei (PL) 521/21 que trata da privatização dos Correios

Por Redação em 05/08/2021 às 19:55:50

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (5), o texto-base do Projeto de Lei (PL) 521/21 que trata da privatização dos Correios. A proposta, encaminhada pelo governo em fevereiro, autoriza a exploração de todos os serviços postais pela iniciativa privada. Foram 286 votos a favor, 173 contra e duas abstenções. Os deputados analisam agora destaques ao projeto.

O relator do projeto, Gil Cutrim (Republicanos-MA), apresentou parecer favorĂĄvel à privatização da empresa. Entre os pontos, o parecer diz que a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) serĂĄ transformada em uma empresa de economia mista, chamada de Correios do Brasil, e modifica a função da AgĂȘncia Nacional de Telecomunicações (Anatel), que também serĂĄ responsĂĄvel por regular os serviços postais.

De acordo com o projeto, as tarifas terão reajustes anuais e poderão ser diferenciadas geograficamente com base no custo do serviço, na renda dos usuĂĄrios e nos indicadores sociais. Para os serviços de cartas, o projeto prevĂȘ uma tarifa social para atendimento dos usuĂĄrios que não tenham condições econômicas de pagar pelo serviço.

O relatório determina ainda exclusividade da nova empresa na operação dos serviços postais pelo prazo de cinco anos e proĂ­be o fechamento de agĂȘncias que garantem serviço postal universal em ĂĄreas remotas. Esse prazo, segundo o projeto, poderĂĄ ser prorrogado.

A exclusividade inclui serviços postais como atendimento, coleta, triagem, transporte e distribuição no território nacional e expedição para o exterior de cartas e cartões postais; serviço pĂșblico de telegrama; e atendimento, coleta, triagem, transporte e distribuição no território nacional e expedição para o exterior de correspondĂȘncia agrupada.

O parecer também determina que os trabalhadores da ECT não sejam demitidos pelo perĂ­odo de 18 meses após a privatização. Eles poderão, entretanto, pedir demissão voluntĂĄria até 180 dias após a desestatização. O funcionĂĄrio que decidir pelo desligamento terĂĄ direito a indenização de um ano de remuneração, com manutenção do plano de saĂșde por 12 meses a partir do desligamento e ingresso em um programa de requalificação profissional.

Votação

A votação da proposta gerou polĂȘmica no plenĂĄrio, com discursos contra e a favor da privatização.

Na opinião do relator, a privatização darĂĄ mais agilidade aos Correios e atrairĂĄ mais investimentos. "Na verdade, a empresa carece de agilidade, de eficiĂȘncia, de investimentos e de um planejamento de futuro. Os nĂșmeros contĂĄbeis, financeiros e de efetividade na prestação de serviço demonstram que os Correios brasileiros perderam o viço e não conseguiram se modernizar diante dos desafios da revolução tecnológica que estamos vivendo", afirmou.

O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) destacou que os Correios atingem 100% dos municĂ­pios brasileiros, levando encomendas mesmo em lugares que não dão lucro para a empresa. Para Freixo, com a privatização, a maioria das cidades vai ter problemas para receber os serviços dos Correios, uma vez que, dos 5.570 municĂ­pios do paĂ­s, apenas 324 dão lucro à empresa.

"Quero ver se a iniciativa privada, ao assumir, vai chegar aos municĂ­pios mais pobres, que não dão lucro", disse o parlamentar. "Essa votação é para criar um monopólio, afastar os Correios na concorrĂȘncia nas compras eletrônicas. O correio é uma empresa lucrativa. Para modernizar os Correios basta ter vontade polĂ­tica. Pegar o valor do próprio lucro que a empresa fornece e capacitar melhor, fornecer mais. São mais de 90 mil funcionĂĄrios capacitados, basta capacitar mais", enfatizou.

Alex Manente (Cidadania-SP) ressaltou que o Estado abrirĂĄ mão da empresa, mas manterĂĄ o controle do setor por meio de uma agĂȘncia reguladora. "Estamos nesse projeto privatizando, mas dando ao Estado o poder de controle através da agĂȘncia reguladora, dando condições de ter de concorrĂȘncia em um setor fundamental."

JĂĄ o deputado Orlando Silva (PcdoB-SP) lembrou que, na maioria dos paĂ­ses desenvolvidos, o serviço postal é prestado pelo Estado e citou o exemplo dos Estados Unidos, onde uma empresa pĂșblica presta o serviço.

Silva disse que, lĂĄ, o Estado tem atuado diretamente para induzir o desenvolvimento econômico. "Aqui no Brasil estamos abrindo mão de instrumentos que poderiam servir de suporte para a retomada do crescimento, sem falar na qualidade dos serviços que a empresa oferece", lamentou.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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