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Advogado da Precisa se cala sobre irregularidades na compra de vacina

TĂșlio Silveira passou a condição de investigado pela CPI

Por Redação em 18/08/2021 às 21:10:17

Amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado da Precisa Medicamentos, TĂșlio Silveira preferiu ficar calado nesta quarta-feira (18), na maior parte do tempo, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado.

A CPI investiga se Silveira pressionou o Ministério da SaĂșde a fechar um acordo para a compra de 20 milhões de doses do imunizante indiano Covaxin por R$ 1,6 bilhão. O advogado se negou a prestar o compromisso de dizer a verdade à CPI. Ao responder às primeiras perguntas do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a natureza de sua relação com a Precisa, disse que participou de, pelo menos, duas reuniões com a Bharat Biotech, fabricante da vacina contra a covid-19.

Detalhes

Os senadores quiseram então saber detalhes do contrato com a farmacĂȘutica, assinado em fevereiro deste ano. Diante de suspeitas de irregularidades, a transação foi cancelada pelo governo antes que o pagamento fosse feito. Para não responder às perguntas, TĂșlio Silveira passou a utilizar a prerrogativa dada pelo Supremo, sob a justificativa de não se autoincriminar. "Exercerei o meu direito inalienĂĄvel ao silĂȘncio, pois estou aqui na condição de investigado, haja vista as medidas cautelares que foram imputadas contra mim. Meu sigilo telemĂĄtico e meu sigilo telefônico foram quebrados por esta CPI; vĂĄrios ofĂ­cios foram encaminhados às entidades correspondentes. Por essa razão, me encontro de fato como investigado", disse o advogado.

Silveira acrescentou ainda que foi contratado como advogado da Precisa Medicamentos e permaneceria "em silĂȘncio em homenagem ao direito inalienĂĄvel ao sigilo cliente-advogado".

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do advogado da Precisa Medicamentos. Ele é o representante legal da empresa na negociação da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech, com o Ministério da SaĂșde. Em
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do advogado da Precisa Medicamentos. - Pedro França/AgĂȘncia Senado

Investigados

Diante do silĂȘncio do advogado, após um intervalo da reunião da comissão no inĂ­cio da tarde, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), o vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator decidiram que jĂĄ hĂĄ indĂ­cios e documentos suficientes para que Silveira passe a integrar a lista de investigados pela comissão.

"Considerando que o silĂȘncio da testemunha ecoa indĂ­cios de participação em provĂĄveis negociações, suas óbvias ligações com outros investigados, inclusive com ocupante cargo de cargo em comissão no Ministério da SaĂșde; considerando não ter apresentado instrumento de procuração ou qualquer outro documento que demonstre efetivamente a sua prestação de serviço como advogado contratado pela Precisa; considerando que o depoente não possuĂ­a escritório de advocacia até dois dias antes do contrato firmado, decido – e queria comunicar a todos – atribuir ao senhor TĂșlio a condição de investigado, passando a ser tratado nessas condições", disse Calheiros.

Para a CPI, ele é suspeito de ter contribuĂ­do para irregularidades no contrato entre a Precisa e o Ministério da SaĂșde para compra da vacina Covaxin. Na prĂĄtica, a mudança da condição do depoente permite que o colegiado possa adotar medidas como ações de busca e apreensão.

A mesma medida também foi anunciada hoje para o lĂ­der do governo, Ricardo Barros (PP-PR).

Em um raro momento na CPI, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) concordou com uma decisão do relator, no caso, sobre TĂșlio Silveira. Na avaliação do senador democrata, "não se pode cogitar do uso das prerrogativas da advocacia para eventualmente se afastar da imputação de responsabilidades". "Se isso é fato, o depoente usa a OAB para obstruir investigação legĂ­tima. E obstrução à investigação é crime. Não quero prejulgar, mas é preciso que se observe o conjunto das falas e dos documentos", acrescentou Marcos Rogério.

O parlamentar também comentou um vĂ­deo exibido durante a reunião pelo vice-presidente da CPI. Na gravação, TĂșlio Silveira, identificado como gerente de Contratos da Precisa, não como advogado, participa de uma sessão temĂĄtica do Senado - em 23 de março de 2021 - sobre o fornecimento de oxigĂȘnio e vacinas ao Brasil. Para Marcos Rogério, o vĂ­deo deixa claro que Silveira não atuava apenas como representante jurĂ­dico da empresa que intermediou a compra dos imunizantes da Covaxin.

Edição: Bruna Saniele

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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