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Kit de baixo custo para diagnóstico de covid-19 busca aprovação

Um kit de diagnóstico que detecta o coronavĂ­rus em atĂ© cinco minutos pode se tornar realidade atĂ© o final deste ano

Por Redação em 06/09/2021 às 18:46:21

Um kit de diagnóstico que detecta o coronavĂ­rus em até cinco minutos pode se tornar realidade até o final deste ano. O dispositivo, desenvolvido a partir de anticorpos extraĂ­dos de animais, tem custo avaliado em R$ 5 para fabricação e distribuição para o Sistema Único de SaĂșde (SUS) pelo Instituto Vital Brazil (IVB).

Essa é a expectativa da professora Célia Ronconi Machado, do Instituto de QuĂ­mica da Universidade Federal Fluminense (UFF), que coordena o grupo de trabalho local dentro de uma rede nacional que inclui cientistas de outras nove instituições brasileiras. Participam também do grupo a PontifĂ­cia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), de GoiĂĄs (UFG), do Tocantins (UFT), de Minas Gerais (UFMG), a Universidade de BrasĂ­lia (UnB), a Universidade de São Paulo (USP-São Carlos), o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) e o Instituto Butantã.

Célia Ronconi foi convidada a participar do projeto em abril do ano passado, pela professora GlĂȘndara Aparecida de Souza Martins, da Universidade Federal do Tocantins, que jĂĄ conhecia o trabalho do Laboratório de QuĂ­mica Supramolecular e Nanotecnologia da UFF, coordenado por Célia, bem como sua experiĂȘncia em novos materiais e nanomĂĄquinas. "A fim de suprir a demanda de desenvolver bons métodos de detecção rĂĄpida do vĂ­rus SARS-CoV-2, utilizamos nosso conhecimento na ĂĄrea de nanotecnologia para colaborar com o estudo", disse a professora da UFF.

Experimentos

Célia informou hoje (6) que, no momento, estão sendo feitos experimentos com amostras de saliva e muco nasal de pacientes para validar o método, de modo a possibilitar sua aprovação pela AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa). O procedimento tem aprovação do ComitĂȘ de Ética da instituição.

Ela não pôde prever quanto tempo serĂĄ necessĂĄrio para a validação do método, porque os pesquisadores só podem ficar dentro do Laboratório de Biologia da UFF durante quatro horas, no mĂĄximo, por dia. No local, a preferĂȘncia é dada para a realização de PCR de graça para pacientes de Niterói, municĂ­pio da região metropolitana do Rio de Janeiro, onde a UFF estĂĄ localizada.

Ao mesmo tempo, os cientistas estão encerrando os trabalhos com vĂ­rus a partir da proteĂ­na S, feitos inicialmente para a publicação de artigo cientĂ­fico. A proteĂ­na S é o mecanismo usado pelo novo coronavĂ­rus para adentrar a estrutura das células e apropriar-se de estruturas que permitem que ele se replique e se espalhe pelo organismo.

A proteĂ­na S, também chamada de proteĂ­na Spike, é alvo dos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico depois da contaminação. Essa proteĂ­na foi doada pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"A gente fez primeiro com a proteĂ­na isolada do vĂ­rus e funcionou direitinho. Fizemos também com vĂ­rus inativado com radiação gama; também funcionou. Tem vĂĄrias amostras que deram certo, mas ainda falta fazer estudo de fatores interferentes, colocar outros vĂ­rus para ver se ele vai ser seletivo", informou Célia.

Anticorpos

Os pesquisadores usaram trĂȘs tipos de anticorpos de animais (camundongos, coelhos e cavalos) na criação do kit diagnóstico. "Os trĂȘs deram certo. Os trĂȘs funcionaram". Como os anticorpos são muito caros, Célia explicou que foi dada preferĂȘncia aos anticorpos de cavalos, que foram cedidos gratuitamente pelo Instituto Vital Brazil. Em paralelo, o grupo de pesquisadores de BrasĂ­lia acoplou anticorpos de coelhos e conseguiu detectar o vĂ­rus inativado isolado e também em amostras de saliva de 176 pacientes contaminados ou não com o novo coronavĂ­rus.

A professora Célia observou que os animais não desenvolvem a doença, mas produzem um soro rico em anticorpos que são capazes de reconhecer e se conectar a diferentes partes da proteĂ­na S. No seu método de trabalho, os anticorpos de animais são purificados e acoplados em nanopartĂ­culas de ouro de tamanho entre um e 100 nanômetros, visando gerar os biossensores, que são os dispositivos responsĂĄveis por analisar e quantificar um componente biológico.

Célia Ronconi disse que a tecnologia empregada vai reduzir os custos de produção dos kits. A ideia é que o exame seja feito através da saliva, que é mais rĂĄpido. Caso seja aprovado, cada teste custarĂĄ em torno de R$ 5 para ser fabricado. A intenção é distribuir pelo SUS através do Instituto Vital Brazil. A pesquisadora da UFF afirmou que, com a variante delta do coronavĂ­rus, a testagem em massa se torna mais necessĂĄria, mesmo que a população esteja vacinada, porque a rapidez do resultado e o acesso pelo SUS facilitam o isolamento de pessoas infectadas e, por consequĂȘncia, contém o avanço da pandemia.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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