PREFEITURA SANTANA

Estratégias para vacinar adolescentes devem envolver ambiente escolar

Conscientizar professores, pedir a carteira de vacinação na matrĂ­cula escolar e atĂ© levar os vacinadores às escolas são iniciativas que podem ajudar a reverter o cenĂĄrio de baixas coberturas vacinais na adolescĂȘncia

Por Redação em 10/09/2021 às 23:17:38

Conscientizar professores, pedir a carteira de vacinação na matrĂ­cula escolar e até levar os vacinadores às escolas são iniciativas que podem ajudar a reverter o cenĂĄrio de baixas coberturas vacinais na adolescĂȘncia. Pediatra do Programa Nacional de Imunizações, Ana Goretti Kalume Maranhão participou hoje (10) da Jornada Nacional de Imunizações e defendeu que melhorar a articulação entre saĂșde e educação é um dos caminhos para elevar a proteção dos adolescentes.

"Vacinar adolescentes é um desafio em todo o mundo. Apesar de o adolescente se achar invencĂ­vel e não buscar unidades de saĂșde, ele continua vulnerĂĄvel a doenças imunoprevenĂ­veis", contextualiza a pediatra. "É nessa faixa etĂĄria em que começam as viagens, as festas em ambientes fechados, a experimentação tanto sexual, quanto drogas e ĂĄlcool. É a faixa etĂĄria que mais tem acesso às redes sociais e mais se influencia, e é também a faixa etĂĄria mais atingida pelas fake news".

Todos esses desafios só aumentaram com a pandemia de covid-19, que causou o fechamento das escolas e afastou a população das unidades de saĂșde. Correr atrĂĄs desse prejuĂ­zo, defende Ana Goretti, passa por um maior envolvimento da escola na vacinação. "A experiĂȘncia com outros paĂ­ses tem demonstrado que onde vocĂȘ tem as maiores coberturas vacinais é onde a gente tem a vacinação dentro do ambiente escolar", diz ela, que reconhece as dificuldades de realizar isso em um momento de esforços concentrados na vacinação contra a covid-19. "Se o adolescente não vai à unidade de saĂșde, a unidade de saĂșde precisa fazer uma estratégia para ir ao adolescente".

A pediatra acredita que materiais de divulgação direcionados aos professores são uma forma de levar o tema da prevenção para a sala de aula. "Um professor sensibilizado tem contato com as famĂ­lias e é ele que tem contato com os adolescentes. Não é que o professor vĂĄ abrir a caderneta de vacinação, até porque hoje ela é tão complexa que até o profissional de saĂșde fica um pouco confuso ao analisĂĄ-la. Mas que isso esteja na pauta dos nossos professores".

Outra forma de incentivar a imunização é incluir a apresentação da caderneta de vacinação no ato da matrĂ­cula escolar. Ana Goretti explica que essa medida não significa impedir a matrĂ­cula de quem não estĂĄ vacinado, mas, sim, criar uma oportunidade de conscientização diante da apresentação do documento. Dados mostrados por ela indicam que onde essa medida jĂĄ estĂĄ em vigor, como ParanĂĄ, Pernambuco e EspĂ­rito Santo, a cobertura da vacina para o HPV é maior que em outras unidades da federação que não adotaram a medida.

Considerada por Ana Goretti o maior alvo das fake news, a vacina contra o HPV estĂĄ longe de atingir as metas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e da Organização Mundial da SaĂșde (OMS). Entre os adolescentes de 11 a 14 anos, 66% das meninas e 36% dos meninos concluĂ­ram o esquema de duas doses, quando as metas são de 90%, no caso da OMS, e de 80%, no caso do Brasil.

Desde 2017, a vacina é recomendada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. O Brasil é um dos 112 paĂ­ses que aplicam essa vacina e distribuiu mais de 50 milhões das 400 milhões de doses contra o HPV disponibilizadas no mundo. Mesmo assim, menos da metade do pĂșblico alvo de meninas foi vacinada com duas doses no Acre (33,6%), no AmapĂĄ (46,2%), na Bahia (47,9%), no Maranhão (49,7%), ParĂĄ (43,9%), Rio de Janeiro (44,6%) e em Rondônia (43,1%). No caso dos meninos, a situação é bem mais grave, sendo o ParanĂĄ o Ășnico estado que aplicou as duas doses em mais da metade do pĂșblico alvo, com 57,7%.

Pesquisadores que participaram da Jornada Nacional de Imunizações explicam que quanto mais cedo a vacina é aplicada, maior é a proteção desenvolvida pela criança ao longo da vida. No caso das meninas, eles desmentem uma fake news frequente: não é preciso esperar a primeira menstruação para receber a vacina. A proteção conferida pela vacina contra o HPV é importante em um cenĂĄrio de alta circulação do vĂ­rus, que tem uma prevalĂȘncia de cerca de 53% entre a população de 16 a 25 no Brasil.

Prevenir-se contra esse vĂ­rus é importante porque, além das verrugas genitais, ele estĂĄ ligado a diversos tipos de câncer. Em todo o mundo, o vĂ­rus do HPV estĂĄ relacionado a 569 mil casos de câncer cervical, 61 mil casos de câncer vulgar vaginal, 92 mil casos de câncer orofarĂ­ngeo, 48 mil casos de câncer anal e 34 mil casos de câncer de pĂȘnis. A vacina é uma ferramenta cientificamente comprovada contra essas complicações. Uma pesquisa realizada durante 12 anos na Suécia, com 1,6 milhão de mulheres, mostrou que as vacinadas antes dos 17 anos tiveram risco 88% menor de desenvolver câncer de colo de Ăștero.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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