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Câmara: especialistas defendem metas mais ambiciosas para COP26

ConferĂȘncia sobre clima vai de 31 de outubro a 12 de novembro

Por Redação em 26/10/2021 às 20:08:30

Especialistas defenderam nesta terça-feira (26) uma atuação mais efetiva do governo do presidente Jair Bolsonaro na defesa do meio ambiente e a definição de metas mais claras para a ConferĂȘncia das Nações Unidas sobre Mudança ClimĂĄtica (COP-26), que serĂĄ realizada em Glasgow, na Escócia. Durante a comissão geral realizada hoje na Câmara dos Deputados para debater o tema, especialistas apontaram que o paĂ­s tem retroagido no combate ao desmatamento e que o paĂ­s precisa ter metas mais ambiciosas para conter os gases do efeito estufa.

A COP26 ocorrerĂĄ 1Âș a 12 de novembro de 2021 e tem entre seus objetivos discutir a implementação do Acordo de Paris, que é considerado um dos mais importantes compromissos multilaterais para a redução de emissão de gases de efeito estufa.

Durante o debate, o representante do Instituto de Democracia e Sustentabilidade, André Lima, destacou que uma das ĂĄreas que o paĂ­s poderia contribuir com a agenda climĂĄtica mundial seria acabar com o desmatamento ilegal. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse, após reunião preparatória para a conferĂȘncia, no inĂ­cio do mĂȘs, que o Brasil apresentarĂĄ a meta de zerar o desmatamento ilegal antes de 2030.

Lima disse que, no perĂ­odo entre 2005 e 2013, o Brasil reduziu o desmatamento na Amazônia, em cerca de 85%, e em outras partes do paĂ­s. Mas que a atual polĂ­tica ambiental tem agido em sentido contrĂĄrio, inclusive com o corte de orçamento de órgãos de controle e fiscalização como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenovĂĄveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

"O resultado disso são trĂȘs anos seguidos de aumento nas taxas de desmatamento em todos os biomas. Na Amazônia, retomamos patamares de desmatamento de dez anos atrĂĄs", criticou.

Para o integrante do Fórum Brasileiro de Mudanças ClimĂĄticas MĂĄrcio Astrini, o paĂ­s poderia recuperar seu protagonismo no debate ambiental antecipando a realização das metas pactuadas no Acordo de Paris. "Sob o governo Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia explodiu, aumentou mais de 40% em relação ao mesmo perĂ­odo anterior do seu mandato", disse.

No Ășltimo trimestre, o Brasil registrou queda de 14% no desmatamento ilegal em relação ao ano passado. O resultado foi alcançado com o trabalho integrado dos ministérios da Justiça, da Defesa e do Meio Ambiente, informou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, após a reunião preparatória para a COP26.

Na avaliação do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuĂĄria (Embrapa) Eufran do Amaral, o Brasil deveria protagonizar uma ação global para reverter o aquecimento global e apresentar metas mais ambiciosas, como a de zerar o desmatamento, além de assinar tratados para a preservação de floresta e de redução de gases, como o metano.

"O Brasil tem que ter metas claras, ambiciosas, para que a gente possa restaurar ecossistemas, ter conservação da biodiversidade, garantir uma estratégia de monitoramento do desmatamento e da degradação, ter um sistema de alerta precoce para incĂȘndios florestais, de forma que façamos parte de uma ação global para interromper essas emissões de gases do efeito estufa", defendeu.

Representante dos povos indĂ­genas e integrante do Observatório dos Povos Isolados, Beto Marubo disse que os povos originĂĄrios estão sendo esquecidos no debate. Marubo lembrou que as terras indĂ­genas ao lado das unidades de conservação são os locais com maior proteção contra ações como o desmatamento.

"Os nossos territórios são importantes, inclusive, para o enfrentamento de qualquer mudança climĂĄtica hoje. Isso jĂĄ estĂĄ comprovado, mas nós não queremos ficar nos bastidores , queremos ser protagonistas", disse.

Marubo reclamou da ausĂȘncia da Ășnica representante indĂ­gena no parlamento, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) da comitiva de parlamentares que vai acompanhar a CP-26.

"Infelizmente os povos indĂ­genas vĂȘm sendo excluĂ­dos de todos esses processos. Fui informado de que a deputada Joenia Wapichana não foi aprovada para participar da COP26 e esse é um exemplo claro de como os povos indĂ­genas vĂȘm sendo atropelados, sobretudo nos Ășltimos anos", protestou.

O presidente do Fórum Nacional de Sucroenergético, MĂĄrio Campos, disse reconhecer que o Brasil precisa avançar no tema da proteção ambiental, com o planejamento de como vai atingir as metas pactuadas no Acordo de Paris. Mas disse acreditar que o paĂ­s também tem ações positivas para mostrar ao restante do mundo, a exemplo da produção de biodiesel.

"Acredito que o Brasil tenha na COP26 excelentes projetos e proposições para apresentar segmentos econômicos pujantes no Brasil que tem na sustentabilidade o seu grande objetivo", disse.

O representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) Muni Lourenço Jr. disse que a entidade procurou integrantes do governo para apresentar um documento com posicionamentos e expectativas do setor para as negociações do paĂ­s na COP26 – entre elas o combate ao desmatamento ilegal e a regulamentação do mercado de carbono.

"Por entendermos que o Brasil é o seu grande ativo florestal, ele pode ser uma forma de captação de recursos importâncias e de reconhecimento, sobretudo, na grande importância do nosso paĂ­s na prestação de serviços ambientais para toda a humanidade, inclusive serviços ambientais prestados pelos produtores rurais brasileiros", disse.

Crescimento Verde

O governo federal lançou na segunda-feira (25) o Programa Nacional de Crescimento Verde. A iniciativa tem como objetivo aliar a redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso racional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico. O programa contarĂĄ com recursos nacionais e internacionais, pĂșblicos ou privados, reembolsĂĄveis e não reembolsĂĄveis, fundos de impacto e investimentos de risco na aceleração de projetos e iniciativas sustentĂĄveis.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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