O Ministério da Igualdade Racial (MIR) anunciou, nesta quinta-feira (13), a oferta de bolsas de doutorado e pós-doutorado sanduĂche no exterior para mulheres negras, quilombolas, indĂgenas e ciganas, pelo Programa Atlânticas - Beatriz Nascimento de Mulheres na CiĂȘncia. A iniciativa homenageia a pesquisadora negra sergipana Beatriz Nascimento. A ativista do movimento negro criticava a postura considerada por ela como despreocupada e negligente tanto da academia, quanto das pesquisas por não haver aprofundamento sobre a história do povo negro no Brasil, bem como de suas origens africanas.
Ao todo, o governo federal vai investir aproximadamente R$ 7 milhões, resultado da parceria entre os ministérios da Igualdade Racial; da CiĂȘncia, Tecnologia e Inovações (MCTI); das Mulheres; dos Povos IndĂgenas; e do Conselho Nacional de Desenvolvimento CientĂfico e Tecnológico (CNPq), ligado ao MCTI.
O anĂșncio foi feito pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante um café da manhã com parlamentares, nesta quinta-feira, na sede da pasta, em BrasĂlia. Participaram do encontro as deputadas TalĂria Petrone (PSOL-RJ), Reginete Bispo (PT-RS), Dandara Tonantzin (PT-MG), Carol Dartora (PT-PR) e Gisela Simona (União-MT), além do ministro da Secretaria de Relações Institucionais da PresidĂȘncia da RepĂșblica, Alexandre Padilha, e outras mulheres negras convidadas.
O Programa Atlânticas - Beatriz Nascimento de Mulheres na CiĂȘncia 2023 serĂĄ anunciado em 20 de julho, em Belém (ParĂĄ). Mulheres negras, quilombolas, indĂgenas e ciganas -- regularmente matriculadas em curso de Doutorado reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NĂvel Superior (CAPES), ou que tenham concluĂdo programa de pós graduação igualmente reconhecido pela CAPES em qualquer ĂĄrea de conhecimento – poderão concorrer a, pelo menos, 45 bolsas de doutorado sanduĂche e de pós-doutorado oferecidas no exterior.
Ainda na ĂĄrea de educação, o MIR assinarĂĄ um protocolo de intenções com a Universidade de BrasĂlia (UnB), para oferecer bolsas de mestrado para sete estudantes no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais da UnB. A secretĂĄria-executiva Roberta EugĂȘnio do Ministério da Igualdade Racial (MIR) destacou o pioneirismo da iniciativa. "É o primeiro programa de pós-graduação voltado para populações quilombolas".
No próximo dia 31, no Maranhão, serĂĄ lançado o Caminhos Amefricanos - Programa de Intercâmbio Sul-Sul, que pretende estimular a socialização de conhecimentos, experiĂȘncias e polĂticas pĂșblicas que contribuam para o combate e superação do racismo no Brasil. O programa, voltado a estudantes de licenciatura, homenageia a filósofa e antropóloga brasileira Lélia Gonzales. O objetivo do Caminhos Amefricanos é permitir experiĂȘncias de curta duração no exterior em paĂses africanos, latino-americanos e caribenhos.?
O programa é resultado da parceria entre os ministérios MIR, da Educação, das Relações Exteriores e, também, da Capes.
A assessora especial de Assuntos Estratégicos do MIR, Marcelle Decothé, adiantou que neste mĂȘs, o Julho das Pretas, serĂĄ assinado um memorando de entendimento com a Colômbia, com eixos de cooperação na ĂĄrea de educação, fortalecimento do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e a proteção de populações quilombolas.
O Julho das Pretas é um movimento para abrir um espaço de luta por direitos e debate para as mulheres pretas na sociedade brasileira e tem seu ĂĄpice no dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Marcelle Decothé fala sobre os primeiros passos do Caminhos Amefricanos "A gente pretende mobilizar no seu primeiro eixo, os professores, estudantes de licenciatura. Vamos fazer essa articulação junto com a Colômbia em um memorando de entendimento, um acordo com operação para um intercâmbio de professores quilombolas, aqui no Brasil.
De acordo com a assessora especial de Assuntos Estratégicos do MIR, o programa tem o objetivo de fortalecer a Lei 10.639 de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currĂculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temĂĄtica História e Cultura Afro-Brasileira, como forma de ressaltar a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira, desde a diĂĄspora negra, com o deslocamento forçado de africanos ao Brasil.
Por isso, Marcelle Decothé revelou que este programa de intercâmbio Sul-Sul vai cruzar o Atlântico. "Nosso próximo passo é promover esse intercâmbio em outros paĂses da África: em Moçambique, Cabo Verde e na África do Sul, com outras universidades do Brasil".
Edição: Valéria Aguiar
Fonte: AgĂȘncia Brasil