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Salada pronta pode ter bactĂ©rias causadoras de infecções alimentares

Pesquisa investigou microrganismos indicadores de falta de higiene

Por Ludmilla Souza - Repórter da Agência Brasil - São Paulo em 11/08/2023 às 18:59:24
© Agência Brasil/Arquivo

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Os vegetais minimamente processados (VMPs), também conhecidos como vegetais frescos higienizados, podem conter bactérias. É o que mostra artigo publicado na revista Foods que investigou a presença de microrganismos indicadores de falta de higiene ou causadores de doenças. Os estudos avaliaram a detecção das bactérias Escherichia coli, principal indicador de contaminação fecal, Salmonella spp. e Listeria monocytogenes, com taxas de prevalĂȘncia variando de 0,7% a 100%, 0,6% a 26,7% e 0,2% a 33,3%, respectivamente.

Cortados, higienizados e vendidos em embalagens fechadas, os VMPs são comercializados prontos para consumo, possibilitando o preparo mais rĂĄpido das refeições e a redução de desperdĂ­cio. O processamento torna o produto mais caro: costuma custar pelo menos o dobro quando comparado ao produto in natura. Como geralmente são ingeridos crus, a forma de assegurar a eliminação de microrganismos causadores de doenças inclui o uso de sanitizantes como o cloro na ĂĄgua de lavagem.

"As indĂșstrias produtoras tĂȘm a responsabilidade de disponibilizar no mercado produtos com qualidade e segurança microbiológica, implementando medidas de controle ao longo do processamento. Embora lavar novamente o produto em casa possa ser considerado desnecessĂĄrio, alguns consumidores podem optar por fazĂȘ-lo para reforçar a segurança", observa Daniele Maffei, professora do Departamento de AgroindĂșstria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coautora do artigo Minimally Processed Vegetables in Brazil: An Overview of Marketing, Processing, and Microbiological Aspects.

Os dados evidenciam a necessidade de medidas de controle para garantir produtos com qualidade e segurança aos consumidores, apontam os autores. "Até o presente momento, não existe uma legislação especĂ­fica de abrangĂȘncia nacional direcionada ao setor em questão. Segundo meu conhecimento, apenas os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul possuem disposições documentadas referentes aos VMP", explica Daniele.

É importante ressaltar que todas as indĂșstrias produtoras devem adotar boas prĂĄticas ao longo de seu processo de produção, explica a pesquisadora. "Essas prĂĄticas devem estar embasadas nas legislações gerais de boas prĂĄticas para indĂșstrias alimentĂ­cias em âmbito nacional e também nas esferas estadual e municipal, quando aplicĂĄveis, as quais englobam importantes orientações relacionadas à manutenção de padrões de higiene ambiental e pessoal, bem como no tocante ao processamento de alimentos. Tais medidas desempenham um papel crucial na garantia da produção de alimentos seguros".

Infecção

"Os VMPs passam pela etapa de desinfecção na indĂșstria, mas estudos demonstram a possibilidade de falhas que podem colocar em risco a saĂșde dos consumidores. É preciso um controle rigoroso para evitar falhas no processo e a ocorrĂȘncia de contaminação cruzada", acrescenta Maffei, que integra a equipe do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.

Os VMPs podem ter uma vida Ăștil que varia de alguns dias a duas semanas, dependendo de vĂĄrios fatores, como tipo e qualidade dos vegetais frescos, método de processamento, tipo de embalagem, condições de armazenamento e presença de microrganismos deteriorantes.

Quando realizado de acordo com as boas prĂĄticas de fabricação, o processamento mĂ­nimo retarda a perda de nutrientes e alterações indesejĂĄveis na textura, cor, sabor e aroma dos vegetais, além da deterioração microbiana. Uma grande variedade de vegetais pode ser processada, incluindo folhas verdes (por exemplo, rĂșcula, alface e espinafre), vegetais crucĂ­feros (como brócolis e couve-flor), tubérculos (cenoura, beterraba etc.) e pepinos.

Alternativas

A pesquisadora completa que os consumidores tĂȘm a possibilidade de adquirir vegetais in natura, higienizĂĄ-los e armazenĂĄ-los para consumir ao longo da semana. "Para isso, é importante a escolha de produtos de qualidade (sem injĂșrias, como manchas e partes amolecidas). Em casa, estes devem ser lavados em ĂĄgua corrente e colocados de molho por 15 min em recipiente contendo solução clorada. Depois, devem ser enxaguados novamente em ĂĄgua corrente, para remover os resĂ­duos do sanitizantes".

Na sequĂȘncia, é importante retirar o excesso de ĂĄgua, o que ajuda a prolongar a vida Ăștil do vegetal. "Isso pode ser feito utilizando centrĂ­fugas/seca salada (para as folhosas) ou papel toalha (para os legumes). E devem ser mantidos em recipientes limpos e fechados na geladeira", ensina.

A solução clorada pode ser preparada utilizando produtos à base de cloro, disponĂ­veis no mercado, geralmente expostos no setor de hortifruti. Nesses casos, é só seguir a recomendação do fabricante, que consta no rótulo. Ou então, pode-se preparar utilizando ĂĄgua sanitĂĄria (hipoclorito de sódio). A receita é 1 colher de sopa (aproximadamente 8 ml) de ĂĄgua sanitĂĄria a 2,0, 2,5% para cada 1 litro de ĂĄgua. "Porém, é importante verificar se no rótulo da ĂĄgua sanitĂĄria consta a informação de que essa pode ser utilizada para higienização de vegetais", finaliza a pesquisadora, formada em Nutrição e doutora em CiĂȘncias dos Alimentos.

Edição: Valéria Aguiar

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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