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InteligĂȘncia militar não alertou sobre tentativa de golpe, diz Lula

Presidente deu entrevista exclusiva a canal de TV

Por Agência Brasil - Brasília em 19/01/2023 às 14:34:04
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao canal de notĂ­cias Globonews, que houve uma falha dos serviços de inteligĂȘncia do governo que não alertaram sobre os atos golpistas em BrasĂ­lia no dia 8 de janeiro.

"Aqui nós temos inteligĂȘncia do Exército, nós temos inteligĂȘncia do GSI [Gabinete de Seguraça Institucional], nós temos inteligĂȘncia da Marinha, nós temos inteligĂȘncia da AeronĂĄutica, ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligĂȘncias serviu para avisar ao presidente da RepĂșblica que poderia ter acontecido isso", afirmou. A entrevista exclusiva, primeira do tipo desde que Lula assumiu seu terceiro mandato, foi veiculada nesta quarta-feira (18).

"Se eu soubesse, na sexta-feira (6), que viriam 8 mil pessoas aqui, eu não teria saĂ­do de BrasĂ­lia. Eu não teria. Eu saĂ­ porque estava tudo muito tranquilo, até porque a gente estava vivendo ainda a alegria da posse", acrescentou.

Tentativa de golpe

O presidente também relembrou os momentos de tensão com a invasão do PalĂĄcio do Planalto, das sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que tinha a impressão de estar havendo uma tentativa efetiva de golpe de Estado no paĂ­s. No dia, ele estava em Araraquara (SP) e assistiu aos desdobramentos dos fatos da cidade paulista. Para o presidente, houve conivĂȘncia de gente das Forças Armadas na ação dos vândalos.

"Eu fui ficando irritado porque não era possĂ­vel a facilidade com que as pessoas invadiram o PalĂĄcio do Presidente da RepĂșblica, e, na verdade, eles não quebraram para entrar, eles entraram porque a porta estava aberta, alguém de dentro do PalĂĄcio abriu a porta para eles, só pode ter sido, houve conivĂȘncia de alguém que estava aqui dentro", afirmou.

União democrĂĄtica

O fracasso do intento golpista, para Lula, ocorreu porque houve reação democrata forte. "Eles perceberam que houve uma reação, imediatamente eu sou agradecido aos governadores que vieram a BrasĂ­lia prestar solidariedade, imediatamente a gente se juntou e a gente percebeu que tĂ­nhamos que trabalhar juntos, Legislativo, Executivo e JudiciĂĄrio. E nós, então, nos juntamos para garantir a democracia brasileira".

Lula disse que todas as pessoas que estiverem envolvidas nos atos golpistas serão investigadas. Ele pediu punição a quem tiver participação nas ações criminosas. "Essa gente tem que ser condenada, senão a gente não garante a existĂȘncia e a sobrevivĂȘncia da democracia", assegurou.

O presidente também acusou a Segurança PĂșblica de BrasĂ­lia, especialmente a PolĂ­cia Militar do Distrito Federal, pelo que chamou de "negligĂȘncia" na garantia de proteção aos prédios da RepĂșblica.

Comandantes militares

Durante a entrevista, Lula confirmou que terĂĄ um encontro na sexta-feira (20) com os comandantes das trĂȘs forças: Exército, Força Aérea e Marinha, no PalĂĄcio do Planalto. O principal ponto de pauta é a modernização e compra de equipamentos para os militares. O presidente também falou que vai conversar com os comandantes para despolitizar o ambiente nas Forças Armadas.

"É preciso que os comandantes assumam a responsabilidade de dizer: o soldado, o coronel, o sargento, o tenente, o general, ele tem direito de voto, ele tem direito de escolher quem ele quiser para votar. Agora, como ele é um cargo de carreira, ele defende o Estado brasileiro, ele não é exército do Lula, não é do Bolsonaro, não foi do Collor, não foi do Fernando Henrique Cardoso, a Suprema Corte não é do Lula, sabe? Essas instituições que dão garantia a esse paĂ­s não precisam ter partido e não precisam ter candidato. Eles tĂȘm que defender o estado brasileiro e defender a Constituição", disse.

Viagens

Lula confirmou que viajarĂĄ aos Estados Unidos, a convite do presidente Joe Biden, no dia 18 de fevereiro. Antes disso, ele irĂĄ a Argentina e ao Uruguai na próxima semana. Em março, ele embarca para a China. Além disso, o chanceler alemão Olaf Scholz visitarĂĄ o Brasil no dia 30 de janeiro.

"Eu vou tirar o Brasil do isolamento e vou fazer com que esse paĂ­s volte a ser respeitado no mundo e seja protagonista internacional".

Reformas

Na ĂĄrea econômica, o presidente voltou a defender uma regulação que garanta seguridade social a trabalhadores de aplicativo e aqueles empreendedores não formalizados. Segundo Lula, não é uma volta ao passado, mas uma nova relação capital e trabalho.

"Para isso, nós vamos criar uma comissão com sindicalistas, com empresĂĄrios e com o governo para ver se a gente cria uma estrutura sindical em que as pessoas se sintam representadas e a gente possa garantir que as pessoas tenham direito. Ou seja, porque esse trabalhador que trabalha em aplicativo, ele pensa que ele é microempreendedor, ele não é microempreendedor, porque ele não tem nenhum programa de seguridade social. Quem tem que garantir isso é o Estado brasileiro"

Sobre reforma tributĂĄria, Lula defendeu mudança na regra do Imposto de Renda para desonerar pessoas de renda mais baixa e média do pagamento desse tributo, que deve ser mais progressivo do que o modelo atual. "Não sei se vocĂȘ sabe que 60% das pessoas que pagam Imposto de Renda ganham R$ 6 mil por mĂȘs. Essas pessoas são consideradas ricas", disse. "Vamos tentar colocar em prĂĄtica na proposta de reforma tributĂĄria, que até R$ 5 mil a pessoa não pague Imposto de Renda. Sabe? Não é possĂ­vel que a gente não faça".

Edição: FĂĄbio Massalli

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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