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Vacina brasileira contra covid-19 tem bons resultados em testes

SpiN-Tec deve ser aplicada em grupo maior de voluntĂĄrios em junho

Por Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro em 12/05/2023 às 10:26:03
© Arquivo pessoal/UFMG

© Arquivo pessoal/UFMG

A primeira fase de testes clĂ­nicos da vacina SpiN-Tec contra a covid-19 tem apresentado resultados positivos. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é a primeira vacina 100% nacional, por não depender de transferĂȘncia de tecnologia ou de importação. Dados preliminares indicam que ela não apresentou problemas de segurança com os voluntĂĄrios e tem potencial para gerar uma resposta imunológica ao vĂ­rus causador da doença.

Depois de passar pela fase pré-clĂ­nica, quando os testes realizados em animais de laboratório não apresentaram efeitos colaterais, a fase clĂ­nica 1 começou em novembro do ano passado. Até março deste ano, a vacina foi aplicada em 36 pessoas, com idade entre 18 e 54 anos. Os dados estão em anĂĄlise pelos pesquisadores e devem ser apresentados ainda neste mĂȘs para a AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa).

A expectativa é que a fase clĂ­nica 2 comece no inĂ­cio de junho com 372 voluntĂĄrios entre 18 e 85 anos. Eles precisam ter sido vacinados com duas doses iniciais da vacina CoronaVac ou da AstraZeneca, e uma ou duas doses de reforço da Pfizer ou AstraZeneca. Quem tomou a vacina bivalente não pode participar dessa fase. Ter tido covid-19 não é um impeditivo, desde que tenha ocorrido hĂĄ mais de seis meses. Na fase 2, o foco dos testes é na imunogenicidade, ou seja, verificar o nĂ­vel de anticorpos gerados e a resposta dos linfócitos na proteção do organismo.

A informações são de Helton Santiago, coordenador dos testes clĂ­nicos da vacina e professor do Departamento de BioquĂ­mica e Imunologia do Instituto de CiĂȘncias Biológicas (ICB) da UFMG. Ele explica que, ao contrĂĄrio do que ocorreu nos testes das primeiras vacinas contra a covid-19, desta vez o objetivo é testar a eficĂĄcia da SpiN-Tec como dose de reforço.

"Seria muito difĂ­cil, neste momento, ir atrĂĄs dos poucos no Brasil que não foram vacinados com nenhuma dose. A estratégia do CT Vacinas da UFMG foi mesmo desenvolver um imunizante que sirva como reforço. O nosso tem o diferencial de focar na imunidade celular. Quando os anticorpos neutralizantes falham, é a imunidade celular que segura a infecção e a deixa leve. Então, a gente acredita que essa vacina vai ser ideal para proteger contra novas variantes. Enquanto outras vão perder a eficĂĄcia, a nossa não deixa as variantes escaparem da imunidade".

Etapas seguintes

O cronograma prevĂȘ o inĂ­cio da fase 3 em dezembro deste ano ou em janeiro de 2024. Até o inĂ­cio de 2025 a vacina pode estar disponĂ­vel para a população. Os testes contam com investimentos de diferentes fontes: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Rede VĂ­rus do Ministério da CiĂȘncia, Tecnologia e Inovações (MCTI), da prefeitura de Belo Horizonte e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Helton Santiago reforça que é preciso ter paciĂȘncia com possĂ­veis ajustes de datas. Por ser a primeira vez que se produz uma vacina do tipo no Brasil, os testes estão mais sujeitos aos imprevistos e empecilhos da falta de experiĂȘncia prévia.

"Nós estamos aprendendo sobre o que é necessĂĄrio para tirar uma vacina da pesquisa bĂĄsica e levar para a pesquisa clĂ­nica. E estamos enfrentando vĂĄrios gargalos da ciĂȘncia brasileira e resolvendo da melhor forma possĂ­vel. Então, muitas vezes, a gente faz um planejamento de cronograma e enfrenta situações que às vezes nem sabia que existiam", explica Helton. "Não estão faltando recursos para a caminhada. Os entraves são realmente técnicos. Precisamos criar estruturas, criar ensaios, criar know-how para vencer vĂĄrias etapas que o Brasil não tinha a expertise necessĂĄria".

Edição: Graça Adjuto

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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